18. E eles sempre estiveram aqui.

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2009

Esse era o último ano da universidade.

Parece que foi ontem que eu estava entediada com os primeiros seis meses do curso e obriguei meus amigos a sairem comigo. Muitas coisas decorreram dessa decisão, o que me faz parar para pensar no efeito borboleta e coisas mais complexas, mas evito isso já que eu não entenderia nenhuma delas.

Três anos se passaram e eu poderia dizer que muitas coisas acontecerem como acontece com todos em certo período de tempo, mas nada aconteceu.

Em 2007, depois de um ano que minha irmã esteve fora, Jisoo finalmente voltou do intercâmbio. Ela ficava falando coisas em inglês alegando que havia esquecido como falava aquilo na nossa língua, e ela recebeu meus bons tapas por se amostrar tanto assim.

Naquela época lembrei que gostaria de ter comprado um buquê para presenteá-la em sua partida, mas não fiz, então comprei quando ela voltou. Achei que estava correndo algum tipo de maratona contra Jimin para ganhar a atenção da minha irmã, mas Jimin ao menos se deu o trabalho de correr contra mim. Ele disse que para tudo tinha seu tempo, e esse tempo dele está durando até hoje, aparentemente.

Ainda em 2006, mamãe havia comentado algo sobre casamentos comigo, mas isso pareceu tão absurdo que deixei passar despercebido, ela não deixou. Desde então ela fica enchendo meu saco para arrumar um namorado ou o que quer que fosse. Acho que, para ela, eu passar a fase de jovem-adulta-universitária solteira, era algo alarmante que significava que, ou eu era muito ruim flertando ou que eu não estava a fim de namorar — a segunda opção era o que mais assustava mamãe.

Ela costumava dizer que o amor era uma ilusão, que o amor deveria ser racional e que deveríamos fazer a escolha do pretendente pensando em nossos benefícios a longo prazo.

Mamãe não gostava que eu estivesse solteira aos 24 anos, e eu também não. Ninguém gostava de ficar solteiro a não ser que estivesse bem com isso, e eu até estava, mas, por algum motivo, sempre na hora de dormir eu imaginava que meu travesseiro era o peito de um namorado imaginário, e escutava musicas românticas pensando em momentos românticos entre eu e esse homem invisível, intocável e inexistente.

Me perguntava se eu estava carente ou ficando louca.

Sim, passei três anos sem beijar na boca, que coisa absurda!

Devo ter beijado só uns cinco caras diferentes em todo esse tempo, e em todas as ocasiões eu estava em festas, o que significa que eu não sei nem quem eles são, onde vivem ou do que se alimentam.

Talvez não exista homens para mim onde eu moro, talvez eu esteja sendo muito seletiva. Eu não pensava muito sobre esse assunto, mas quando pensava, parecia algo tão complexo quanto o efeito borboleta ou coisas piores.

Acho que não senti vontade de namorar nenhuma pessoa nesse meio tempo — a não ser aquele ator gatinho da tv, claro. Talvez eu tenha essas coisas de bloqueio amoroso que todos tanto falam. As pessoas simplesmente usam isso como justificativa para questões amorosas e seguem suas vidas como se estivessem bem com isso, talvez eu possa fazer isso também.

Ainda está de noite — quase meia noite —, e estou andando em direção a porta do meu dormitório na universidade, estive tão perdida pensando sobre todas essas coisas que só percebi que havia chegado quando passei a chave na fechadura errando o buraco cinco vezes antes de acertar, eu estava meio sonolenta.

Adentrei o cômodo e a primeira coisa que avistei foram as três camas, eram as maiores mobílias do lugar. Graças a avó rica da nossa nova colega de quarto, eu e Lisa não dormíamos mais em beliches. Essa avó rica fez questão de falar com o nosso coordenador para nos colocar em um quarto maior onde essas camas dignas caberiam. O dinheiro não trás felicidade, mas me trouxe muitas noites bem dormidas que, na verdade, dá no mesmo. Talvez dinheiro compre felicidade, sim!

𝐌𝐢𝐧𝐡𝐚𝐬 4 𝐚𝐥𝐦𝐚𝐬 𝐠𝐞̂𝐦𝐞𝐚𝐬 || 🄱🅃🅂Onde histórias criam vida. Descubra agora