Meredith quase não dormiu aquela noite, toda vez que cochilava, acordava em seguida em pânico com medo de ter sido tudo um sonho, e todas as vezes suspirava aliviada em ver ele ali, que dormia tranquilamente. Fazia tempo que Andrew não dormia tão bem, apesar de ter dormido pouco, porque as 06hrs, o despertador de Meredith tocou, era tão alto que poderia acordar a rua inteira, ele diria que sentiu saudades até disso, mas seria mentira, era insuportavelmente alto.
— Desliga isso. — A Zola resmungou.
— Meu Deus, é o despertador. — Mer levantou num pulo e desativou o alarme. — Acordem, vocês três. Eu tenho que passar em casa ainda, eles vão se atrasar pra aula.
— Hoje não tem aula, é feriado. — Bailey afirmou colocando o cobertor no rosto.
— Feriado de que Derek Bailey? — Meredith disse puxando a coberta.
— Dia que o Andrew voltou!
— Acho justo. — Zozo sussurrou sonolenta.
— Eu não quero sair daqui. — Ellis falou afundando o rosto na curva do pescoço do Andrew e colocando as perninhas em cima do tronco dele.
Ela obviamente ia ceder, era impossível resistir aos três deitados juntinhos, olhou pra ele procurando uma aprovação, e só de ver o sorriso dele fazendo carinho no cabelo da Ellis, sabia que era obrigação deles ficarem ali com o Deluca.
— Certo... Só hoje! Vocês já tem datas comemorativas inventadas o suficiente.
— Culpado. — Andrew falou em redenção e eles riram, tudo parecia estar no lugar.
As crianças se aconchegaram para voltar a dormir, mas Meredith e Andrew já haviam perdido o sono. Eles levantaram e foram pra cozinha, ele passou um café e ela bebeu enquanto ele fazia panquecas, waffles, bolinhos e outras coisas para as crianças.
Ela assistia atentamente cada movimento dele, que cozinhava com amor, estava com saudades de fazer isso, principalmente de fazer para suas pessoas favoritas no mundo.
— Eles são exigentes agora, não comem mais qualquer coisa, você deixou o paladar deles crítico. — Ela comentou tentando puxar assunto.
— E como vocês estão vivendo agora sem a Maggie? Porque você e a Amelia são bem ruins. O Link se esforça.
— Ei. — Ela fingiu ficar ofendida e ele riu. — Eu sei algumas coisas que você me ensinou, mas, as vezes ele faz o jantar...
— Ele? — Ele quase queimou o dedo ao ouvir o pronome masculino e seu peito apertou só de imaginar o Cormac em seu lugar.
— O Link, ue.
— Ah, claro, o Link... Soube que ele e a Amelia estão numa fase difícil.
— Quatro pedidos de casamento recusados, é a cara dela, né? — Eles riram.
— Eu estou com saudades dela, estou com saudades de tudo. As noites de jogos, trapacear com ela no truco, as vezes que ela e a Maggie invadiam nossa cama, o karaokê no Joe.
— Muitas coisas mudaram agora...
— É, eu sei... E você tá feliz agora?
— Eu odeio essa pergunta. Por que que a gente tem essa obsessão com ser feliz?
— Porque no fim das contas o objetivo é esse, né?
— Será que é? Melhor que ser feliz, é viver.
— Tá, deixa eu reformular minha pergunta então: Você tá vivendo, pelo menos?
— Não. — Ela riu frustrada. — E você?
— Todo dia eu acordo desesperado achando que tô atrasado pro trabalho... Ouvi esse tempo todo que eu deveria seguir em frente, que era minha vida agora, mas eu ficava tentando resgatar alguma coisa que ficou lá atrás... Bom, eu consegui, tô aqui, né?
— De qualquer modo, essa aqui não é mais sua vida de lá atrás.
— Eu tô tentando me acostumar com isso, ainda é estranho saber que a Carina é casada e a Maggie também, a Jo é obstetra, você cozinha, Teddy e o Owen estão noivos, eu achei que ela fugiria com o Tom e, meu Deus, Jackson e April. Tudo tá diferente. Ainda tem você e o Cormac...
— Eu não estou surpresa que você já saiba disso tudo, mas, eu e o Cormac, não é sério...
— Você não tem que se explicar pra mim, Mer, a vida seguiu pra todo mundo... Menos pra mim. — Ele riu mórbido.
Ela queria dizer que bastava ele estalar os dedos que ela voltava pra ele, simples assim, seu coração era dele, e vice versa, não tinha disputa, não tinha indecisão, ela o amava e ele estava ali diante de seus olhos, vivo, pronto para ser dela e sempre dela, mas algo a impediu, talvez medo de que cometesse os mesmos erros, era cedo demais pra tanto sentimentalismo, aliás, deveria conversar com o Hayes antes de qualquer coisa, ela devia sim satisfações à ele, que aliás, já havia mandando umas trinta mensagens desde a noite anterior, qual ela se comprometeu a avisar quando chegasse em casa, mas, bem, ela não chegou em casa, então não tinha o que avisar.
Antes deles retomarem a conversa sentimental, Carina e Maya entraram na cozinha, a loira correu para abraçar Andrew apertado.
— Quando eu cheguei você estava em um soninho tão bom ali, não podia te acordar, mas, ah como é bom ver você, cunhadinho. — Ela se afastou, olhou para o rosto dele e o abraçou de novo.
— É ótimo ver você, Maya Deluca. — Ele riu. — Desculpa ter deixado a Carina por sua conta.
— Foi muito difícil. — Ela riu também.
— Eu tô aqui, me respeitem, por favor!
— Claro, desculpa aí. — Maya riu e depois voltou a postura. — E bom dia, doutora Grey, bom ter você e as crianças aqui.
— Meredith, por favor, eu invadi sua casa e deixei a maior bagunça, podemos nos tratar pelo primeiro nome. E bom dia, Carina.
Carina sorriu forçado, Maya sentiu o clima e apesar de conhecer toda a história, era livre de julgamentos, então, pelo resto do café da manhã, ela e Andrew tentaram amenizar a situação, até as crianças acordarem e conduzirem todas as atividades matinais, os três brincando e rindo faziam a Carina querer ter filhos, e ela ficava toda sentimental esquecendo da birra com a Grey, logo as duas estavam conversando sobre maternidade.
Eles passaram o dia inteiro juntos, como uma família, e por volta das cinco, Meredith foi pra casa, para deixar as crianças com a babá e se arrumar para a comemoração pelo comeback do Andrew, ainda sem responder as varias mensagens de Cormac, que só teve notícias dela no hospital, quando acidentalmente ouviu a Amelia e a Maggie comentarem sobre ela ter passado a noite com o Deluca e as crianças.
Enfim, Mer tomou banho, lavou o cabelo, escovou e fez ondas no mesmo, fez uma maquiagem leve, apesar de ser uma festa casual, queria estar bonita, jamais admitiria, mas sim, queria que Andrew lhe achasse bonita, mal sabia ela, que ficava encantadora até com cara de sono e cabelo amassado. Ela colocou um vestido verde-água justo e curto, de alcinha com uma fenda pequena na lateral da coxa, e para ficar mais esportiva, colocou um all star branco plataforma da Amelia, que era um número menor que o seu, mas ficou tão lindo que ela não se importou que apertasse seus dedinhos.
Ele, levou o casual em consideração, com um jeans preto e uma camisa branca de botão, e um puma preto no pé, tênis qual Carina apelidou de "lancha", porque segundo ela, ele deixava o pé do Andrew maior ainda. Mas, ficaria lindo até de bermuda e chinelo. Arrumou o cabelo, fez a barba e passou um perfume que estava no banheiro, provavelmente era feminino, torceu pra que ninguém percebesse, mas óbvio que não passaria batido das piadinhas da Carina.
Eles chegaram na festa mais cedo, recebidos por Richard, Catherine, Maggie, Jackson e April, foi realmente muito emocionante para todos ter o Andrew ali, e conforme os convidados foram chegando, o choro foi aumentando e a emoção preencheu a sala. Então, a porta se abriu de novo e Meredith entrou fabulosa junto com Amelia, que correu para abraçar sua dupla de truco, já chorando, enquanto a Grey olhava ainda chocada por aquilo ser real.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Favorite Crime - Reescrevendo
FanfictionA vida após a morte continua? Para Andrew Deluca, sim, já que na verdade nunca conheceu a temida morte, passou perto dela, mas não a conheceu. Depois de ser cruelmente esfaqueado por um criminoso, sua vida corria mais perigo do que poderia imaginar...