Elliot Lupin

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Elliot Lupin não era a criança mais fácil de se lidar. Sempre mal humorada, expressão neutra ou fechada. Além do fato que a criança sempre estava sozinho, nunca tinha visto o garoto acompanhado de ninguém, além do pai, já tinha completado uma semana  que os Lupin's estavam morando na casa ao lado, e em nenhum momento o garoto trouxe algum coleguinha para brincar em sua casa. Adolescentes gostavam de jogar videogame quando os pais não estavam, Black reparou que Remus trabalhava até tarde, e que Elliot não tinha a figura materna muito presente, era a condição perfeita para fazer pequenas reuniões idiotas com adolescentes idiotas. A única coisa que o garoto fazia era atormentar sua vida.

Sirius diria que aquela criança tinha o demônio no corpo ou algum transtorno grave. Sentado em sua cadeira de balanço na varanda, ele observava o garoto andar em círculo com um taco de beisebol e uma mochila nas costas. Ele balançava, parava, e voltava. Era como se ele estivesse batendo em alguma coisa invisível. Black até chegou a pensar que fosse uma ameaça. Talvez aquela criança só estava esperando ele se virar para bater com o taco em sua cabeça, arrastar seu corpo até o porão e picar em vários pedacinhos, talvez ele jogasse os restos no mar ou ele daria para o cachorro de Sirius comer os restos do próprio dono. Aquela criança tinha cara de ser um psicopata em potencial.

– Vou te denunciar – ouviu o garoto gritar – está me olhando como se fosse um pedofilo. Vou contar ao meu pai, então ele vai te denunciar. Você vai preso e eu fico com seu cachorro.

– Não estou te observando criança do demônio – gritou de volta. Sirius se perguntava como um homem tão bonito e gentil como Remus Lupin tinha um filho tão estranho. 

– Não é o que parece…

– Veja bem, estou tentando entender qual entidade se apossou  do seu corpo. Ou se você é um menino demoníaco assim mesmo.

– Aa… com certeza a segunda opção.

– Hum… bem que eu pensei. O que está fazendo com esse taco aí? Tentando espantar seus seguidores?

– Não é da sua conta… você não trabalha?

– Não é da sua conta.

– Touché. 

– Touché… foi uma ótima conversa criança, mas eu tenho o que fazer. Ver se não é sequestrado ou sei lá o que. Esse bairro é tranquilo, mas a gente nunca sabe.

– Eu tenho um taco.

– Grande arma, em?! Certo, Negan!

Black voltou para sua casa. Era preciso voltar a sua vida aos trilhos. Enquanto testava novas receitas para a padaria, olhava pela janela de dez em dez minutos para confirmar que o garoto ainda estava lá e se estava bem.

Três horas depois, ele ainda estava lá, sentado na calçada com as mãos no rosto. Parecia chorar. Se perguntou se aquela criança com a expressão fechada poderia chorar. Suspirou. Pegou uma travessa e encheu com biscoitos caseiros. Não gostava daquele garoto, mas também não era um homem ruim o suficiente para deixar aquele menino sentado na rua sem comer nada esperando sabe algo que parecia que não viria.

Ao se aproximar do garoto, pode ver que ele não estava chorando, mas parecia extremamente chateado com algo.

– Sabe, criança tinha que ser fofas. Você não é nada fofo – diz enquanto se senta ao lado de Elliot – já almoçou, pirralho?

– Não. Vou almoçar com meu pai.

– Bem, já são quase seis. Quando ele chegar, vocês vão jantar. Não é melhor entrar? 

– Você não trabalha?

– Eu trabalho sim, mas hoje é domingo, dia sagrado. Tenho uma padaria. Ei, não me olha assim, sou muito bom no que faço. 

Um amor de vizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora