Campo dos Alemães

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notas iniciais

Aviso de conteúdo: assédio, transfobia, lesbofobia.

Atenção: o capítulo de hoje se passa cerca de 5 anos no passado de Crista. 

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Cinco anos atrás.

Scarlet havia passado o final da semana na casa de Ágata, mas a segunda-feira finalmente chegou. Como de costume, Crista acorda mais cedo que seus irmãos e corre para a cozinha para ajudar sua mãe a preparar o café-da-manhã e lavar a louça.

Dona Simone, como ela é conhecida na comunidade, é uma mulher de meia-idade, pouco mais baixa que a filha adolescente, gordinha e que sempre usa os cabelos enrolados presos num apertado rabo-de-cavalo que parece puxar toda a pele do seu rosto para cima.

– Bom dia, mãe – cumprimenta, morrendo de sono. Havia ficado até tarde conversando e contando piadas com Scarlet.

– Bom dia, pitica.

Enquanto sua mãe frita alguns ovos, Crista passa manteiga em vários pães, distribui apresuntado entre eles e depois corre para encher várias canecas de leite com chocolate e misturá-las, enquanto sua mãe distribui os ovos mexidos pelos pães. Logo, Caio aparece na cozinha carregando a pequena Luana no colo. Ele se senta fechando os olhos, como se fosse dormir ali mesmo: como de costume, a mais nova acordara e fora correndo cutucá-lo em sua cama para levá-la para a cozinha. Crista começa a distribuir os copos de leite na mesinha apertada, enquanto sua mãe traz os pratos com os sanduíches.

– Bom dia – Crista cumprimenta seu irmão mais velho. Quase dormindo sobre a cadeira, ele sequer responde, distraído demais com o próprio cansaço. Crista sinaliza à irmãzinha que dê uma cutucada nele, despertando-o mais uma vez e Crista torna a cumprimentá-lo – bom dia, flor do dia! Não vai dormir aí não, viu?

Caio assente lentamente e solta um longo bocejo.

– Não vou. Só me dá cinco minutos – ele grunhe em resposta.

– Bom dia, filho. Quer café?

– Ah, com certeza...

– Crista, vai acordar os outros – manda a mãe, despejando café da leiteira em duas xícaras e dando uma ao primogênito. A segunda mais velha vai até o próprio quarto e acorda Scarlet com um beijinho no rosto e balançando seus ombros de leve.

– Ei, psiu. Amor, acorda – chama. Scarlet grunhe, sonolenta.

A garota a havia pedido em namoro há uma semana, mas ainda não contaram para ninguém.

– Eu não quero ir pra escola hoje...

– Vamos logo amor, tem café-da-manhã!

– Ai... tá bom.

– Eu vou acordar os outros, tá?

Crista deixa o próprio quarto e caminha até o dos garotos. Por ter sido a única filha mulher por muito tempo, ela ganhara o privilégio de um quarto próprio, enquanto seus irmãos se amontoam num quartinho compartilhado entre eles. Quando Luana nasceu, a princípio dormia com sua mãe, mas conforme cresce, começa a grudar em Caio e querer dormir com ele, em vez de no "quarto das meninas" com Crista.

Ela não é nem de longe tão delicada quanto com Scarlet para acordá-los. Já entra acendendo a luz e batendo na porta.

– DE PÉ CAMBADA! É HORA DE IR PRA ESCOLA!

Gringa GrudentaOnde histórias criam vida. Descubra agora