Novo país

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NOTAS INICIAIS

Explicações sobre a história:

A República de Alter é um país fictício. É uma ilha ao oeste da Flórida, dentro daquela parte da "baía" do Golfo do México, possui mais ou menos a mesma área de Cuba (110 mil km²), duas ilhas (uma principal e uma bem menor ao oeste da principal), sendo a ilha principal com um formato mais circular que Cuba, e pouco mais que o dobro da população (28 milhões de habitantes, dos quais 9 milhões se concentram na capital, Calisto). Nesse mundo, eles eram parte das colônias britânicas nos EUA, mas se recusaram a se revoltar contra a coroa britânica junto ao resto do país. Por causa disso, durante boa parte da sua história os EUA estiveram exercendo pressão política sobre eles, o que faz com que haja uma certa hostilidade e rivalidade entre as populações dos dois países, embora seus governos tenham relações amigáveis e sejam historicamente aliados. Eles falam inglês e são um país bastante rico.

Eu vou revelar mais sobre a República de Alter com o tempo.

Os créditos da história:

AUTORA: Brias Ribeiro | Twitter e Instagram: @briasribeiro

ILUSTRADORA: Gabriele Caldas | Twitter e Instagram: @byegayb

CAPISTA: Bea Corchiero | Twitter: @moisopolosoikos | Instagram: @bea.corchiero

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Ágata Cristina Oliveira nunca imaginou que um dia teria a chance de sair do país, menos ainda de morar fora, mas ainda assim ali está ela, no Aeroporto Internacional de Calisto, Alter.

19 anos, nascida na periferia de São José dos Campos em São Paulo, ela nunca fora uma boa estudante. Nunca tivera esperança de um dia, ir para a faculdade, se formar em alguma área de prestígio, ter um bom emprego. Já estava conformada há muito tempo com a ideia de que seu destino seria vender hambúrguer no McDonald's ou limpar chão de rico até morrer. Seu único talento não era muito útil para mais do que conseguir algum respeito no bairro onde nasceu, ganhar troféus de plástico em campeonatos de embaixadinha ou torneios do colégio, ficar com algumas garotas aqui e ali.

Não é como se futebol feminino fosse a coisa mais valorizada do mundo. Os garotos da sua periferia podiam sonhar com jogar no Corinthians, no Real Madrid, no Barcelona, se tornarem estrelas multimilionárias do esporte. Ágata Cristina, ou Crista, como prefere ser chamada, nem ao menos sabia quais times de futebol feminino existiam além da Seleção Brasileira.

Isso, até dois anos trás. Era seu último ano no ensino médio e um campeonato interno havia sido organizado. Como sempre, o time em que ela estava destruiu todos os outros. Mais uma vez, ela fora campeã e melhor jogadora do campeonato e então, um homem de meia-idade, regata e calça moletom se aproximou.

– Ei, você tem talento! – dizia ele.

– Obrigada – ela segurava o troféu, cercada por suas companheiras de time com medalhas nos pescoços que comemoravam. Então, o homem lhe entregou um bilhete.

– Eu tenho uns contatos no time do São José. Você já pensou em jogar profissionalmente?

Ela realizara o sonho de ser jogadora que sempre pertencera aos garotos, sem nunca ter esperado por isso. Seu primeiro ano fora na base da equipe e, no ano seguinte, passaria ao time principal, como a grande promessa, a dribladora lisa que humilhara todas as defensoras do Brasileirão sub-20, a menina dos passes bonitos e bolas cheias de efeito. Mesmo assim, demoraria alguns meses para conseguir sua primeira chance como titular, mas desde o seu primeiro jogo, Crista mostrava que era especial: ela NÃO IA perder essa chance de forma alguma e, embora fosse terminar sua primeira temporada profissional sem conquistar título nenhum, seus dribles desconcertantes, agilidade, técnica e garra a marcaram como uma meio-campista impossível de segurar.

Gringa GrudentaOnde histórias criam vida. Descubra agora