A menina lisa e a goleadora

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notas iniciais

aviso de conteúdo > xenofobia

gente, por favor comentem e votem na história, eu quero saber o que estão achando. Sempre façam isso com histórias que gostam para estimular ês autores a continuar, não só aqui.

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São 7 e meia da manhã quando Flora e Jaylene deixam Carmen e Crista na frente do centro de treinamento da Red Phoenix Athletics. Carmen é a própria face da energia e animação, doida para introduzir sua nova amiga brasileira ao time, a qual no entanto poderia ter ficado mais uma três horas na cama facilmente. Pouco antes de entrar na recepção, Carmen estaca e Crista tromba nela.

– Ai! Qual foi, mana?! – Carmen tira o celular do bolso da jaqueta do time e digita algo rapidamente. Entrega para Crista. "Nosso treinador, senhora Moon, é meio difícil de lidar, mas não se preocupe. Ela não é cruel, apenas extremamente rigorosa". Crista entrega o celular de volta depois de ler a mensagem, gesticulando para que deixe pra lá. Não está com paciência para utilizar esses métodos complexos de comunicação logo pela manhã.

Após passarem pela recepção, onde Carmen cumprimenta a todos os funcionários como se fossem velhos amigos, as duas se dirigem ao vestiário e lá, trocam suas roupas casuais pelas roupas de treinamento do time em vermelho, branco e vinho. Algumas outras atletas também já estão lá. Elas conversam entre si, vez ou outra olham na direção de Crista, algumas vem falar com ela. A brasileira, ainda com sono demais pra lidar com esse monte de gringas logo pela manhã, decide jogar nas costas de Carmen a responsabilidade de lidar com elas em seu lugar.

Finalmente, uma mulher bem mais velha, de pele amendoada e cabelos negros escorridos adentra o vestiário. Ela veste jaqueta e calças esportivas do time, inteiramente vermelhas e com o escudo da Red Phoenix no peito. Lê algo atentamente na prancheta que carrega. Aos poucos, as jogadoras se aquietam, apesar da treinadora parecer ignorá-las.

– Ué mano, por que tá todo mundo quieto? – ela sussurra para Carmen, esquecendo-se de que ela não a entende. Carmen faz sinal de silêncio para Crista e quando a brasileira torna a olhar para a treinadora, sente um calafrio percorrer sua espinha. Ela a encara de um jeito frio, quase... predatório. Sente que é uma ovelhinha prestes a ser assassinada pelo lobo mau.

Parece que o incrível reforço que a nossa diretoria prometeu finalmente chegou – ela começa, enquanto anda na direção de Crista. As outras jogadoras permanecem em silêncio. É um tanto ameaçador, ainda mais pelo fato de Crista não fazer a menor ideia do que ela está falando – Ágata Cristina Oliveira...

– Huh... Crista, plíse – ela pede, reconhecendo nada além de seu nome naquela frase.

É que ela prefere ser chamada de Crista, professora – explica Carmen, em resposta à expressão não muito amigável da treinadora frente à interrupção – ah, o inglês dela também não é muito bom... – Crista tem uma noção do que ela diz, então sacode a cabeça e agita os braços em sinal de negação, tentando reforçar a amiga.

– Yes, no íngliche.

Muito bem, então. Espero que você esteja à altura das expectativas que certas pessoas criaram – a treinadora Moon torna os olhos para cada uma de suas jogadoras, pausando por um momento a mais em Carmen – como vocês já sabem, teremos a abertura da segunda fase do campeonato na semana que vem, contra as Royal Foxes. Será o teste mais árduo da nossa temporada e uma partida decisiva. Agora, todas pra fora, 15 minutos de aquecimento e depois treino de passes. Menos você, Storm, você fica. Carmen, mande a novata ficar também.

Gringa GrudentaOnde histórias criam vida. Descubra agora