Após algumas horas de sono, acordei e me levantei. Devido o calor, com o ar condicionado desligado, estava suado, mas não sentia dores, nem no rosto, nem no peito. Estava a fim de tomar um demorado banho.
Quando me dirigia ao banheiro, o senhor Frene entrou. Estava sério e me olhou dos pés à cabeça sem nada mencionar. Então resolvi falar:
— Me desculpe pelo que fiz a vocês!
— Você sabe que nos causou um prejuízo enorme?
— O disco se incendiou?
— O bastante pra não ter mais uso! Mas pior seria se você conseguisse fugir: pois além de perdermos você, perderíamos a nave inteira também!
— Me desculpe! Eu só queria voltar pros meus pais!
— E acha que conseguiria?
— Acho que sim! Eu sei o caminho de volta!
— Ninguém sabe o caminho de volta! Pra se fazer uma viagem dessas, é necessário traçar uma rota muito complicada antes. E quer saber da maior: se este acidente acontecesse em seu planeta, certamente você estaria morto, ou no mínimo quebraria as duas pernas e os dois braços.
— E por que aqui não?
— Aqui você é protegido! Aqui, todos somos imortais! Não a ponto de cometermos abuso!
— O senhor disse que aqui não há dores, lágrimas e nem morte. Então por que aconteceu comigo?
— Muito fácil: Não é porque não há dores, que a gente pode facilitar.
— Acontece que as dores do acidente, não foi nada! O pior são as dores que sinto todos os dias. A dor da saudade!
— Eu queria lhe evitar essas dores, mas você não quis!
— Aquela cirurgia? Nunca!
— A dor pior vai ser a de agora!
— Por quê?
— Em sua casa, se você fizesse tal peraltice, qual seria sua punição? O que fariam seus pais?
— Me... bateriam?! — Insinuei assustado.
— Pois é o que eu vou fazer!
Tirou um cinturão de metal, das vestes.
— Mas o senhor disse... Que é contra o espanc... é contra bater em crianças!
— E sou! Mas você está habituado a tal castigo! Só ele pode te ensinar! Tire esse short!
— Por quê? O senhor já quer me ver pelado novamente?
— Não! Quero lhe aplicar um castigo sério!
— E por que tirar o short? Estou sem cueca!
— Porque eu quero!
— O senhor não me ama?
— Uma coisa não tem nada a ver com a outra! Tire o short!