Durante muitos dias, permaneci praticamente preso ali, onde era estudado entre uma e duas horas por dia e em todos estes estudos, me deixavam geralmente de short, sem camiseta e me perguntavam uma série de coisas, as quais eu nem havia pensado antes.
Eles queriam entender como podia eu, minúsculo como era, pelo menos pra eles, conseguir viajar entre as que se referiam Marcantes, sabendo que elas estavam a distâncias inimagináveis, daquele mundo, um tanto atrasado e que, inclusive não adiantava alguém calcular uma certa rota, já que tudo no Universo se movimenta a milhares de quilômetros por hora, nunca permanecendo em uma rota viável.
Acho que já fazia dez dias que estava ali, quando, apenas de short, agora azul marinho, estava em minha gigantesca cama, coberto por lençol fino. Mira apareceu, me apanhou em sua mão, sentou no sofá da sala, me colocando deitado em seu colo e me perguntou triste:
— O que está havendo com você?
— Muita coisa Mira! Se você estivesse em meu lugar, como estaria se sentindo?
— Entendi Regis! Acho que você está com muita saudade de seu pai e sua mãe!
— Depois de tudo que lhe contei: Você só acha?
— E o que você quer de mim?
— Me ajude a ir embora!
— Não posso!
— Por favor, Mira! Eu não suporto mais ser subm... Servir de cobaia em exames diversos, ficar pelado diante de gigantes...
— Está bem! — Insinuou ela. — Sei que não devia, mas vou ajudar você a ir embora!
Levantou-se daquele sofá, pegou minha camiseta preta em cima da cama e me jogou dizendo:
— Vista sua camiseta.
Ao ouvir aquilo, sorri feliz e me vesti rapidamente. Ela me entregou o controle da nave e me levou para o quintal de sua casa. Atravessou o jardim e deixou-me diante de minha nave, distante da gigantesca piscina e retornou para seu interior. Poucos segundos depois voltou, com uma grande cadeira, colocando-a escorada em um dos troncos que sustentava a nave. Tornou a me pegar em seus braços. Acionei o dispositivo do controle, fazendo com que os degraus de escada surgissem em sua parte quase inferior. Mira subiu na cadeira e com muito esforço seu e principalmente meu, consegui chegar até o primeiro degrau da escada para depois entrar no que viria a ser minha liberdade.
Sorrindo, lhe agradeci:
— Você pode não acreditar, mas jamais vou me esquecer de você.
— Acredito! — Riu ela. — Mas agora vá logo, antes que eu mude de ideia.
— Posso lhe pedir algo?
— Rápido! — Ironizou ela. — Posso mudar de ideia!
— Pode me arrumar algum alimento pra viagem? Na nave não existe nada!
Ela correu dentro de sua casa, retornando em segundos com uma sacola amarrada em barbante grosso, com espécimes frutíferos estranhas na Terra, mas, como já teria conhecido, com sabor muito bom e produtos salgados, tipo de pães com formato retangular. Jogou-me a ponta do que seria a corda de nylon para mim, que consegui pegar na primeira tentativa e arrastei até meu encontro. Para ela era pouca coisa, mas que foi suficiente para suprir toda minha necessidade de armazenamento para uma longa e imprevisível viagem.