Levantei-me, após ter dormido por algumas horas. Ao me aproximar da porta, ela se abriu sozinha. Olhei admirado, depois saí e segui para a cabine dos... astronautas, ou sei lá como se chamam os alienígenas humanos.
Chegando à porta, ela se abriu; entrei e ela tornou a se fechar. Rud manejava a máquina. Tony não se encontrava. Assim que entrei, Rud me olhou, me cumprimentando:
— Olá garoto! Sente-se.
Em silêncio, sentei-me na cadeira ao seu lado, a qual seria a de Tony e fiquei admirando os muitos botões daquele estranho disco voador. À nossa frente víamos o espaço sideral, por um grande, digamos pára-brisa de vidro ou acrílico transparente.
A velocidade daquela máquina era tanta, que mal dava para distinguir o que se aproximava. Muitas vezes, um pontinho que surgia a muito longe, aumentava tão rápido e logo já era ultrapassado por nós.
— Você dormiu? — Perguntou-me Rud, cortando o silêncio.
— Um pouco... — Respondi. — Que horas são?
— Depende de onde você quer saber!
— Da Terra! Onde mais?
— No estado de São Paulo, agora são vinte e uma horas.
— Como? — Estranhei. — Eu não dormi tanto assim!
— Aqui dentro desta nave, devido a alta velocidade em que estamos, parece que o tempo passa devagar, por isso você dormiu bastante e lhe parece pouco.
Fiquei triste e calado. Rud percebeu e me perguntou:
— Por que você está triste?
— Papai e mamãe devem estar preocupados comigo!
— Não se preocupe com eles!
— Como não! — Comecei a chorar. — Eu os amo e sei que eles me amam também!
— Eles têm outros filhos! Você não fará falta!
Foi aí é que chorei mais.
— Como não farei falta? Quer dizer que sou qualquer coisa, que não se querendo mais, se joga no lixo?
— Não quis dizer assim! Pare de chorar!
— Eu não quero ir pro seu planeta! Quero ficar na minha casa!
— Deixe de ser bobinho! Você gostará de viver em Suster!
A porta se abriu e entrou Tony com uma bandeja cheia de alimentos. A porta tornou a se fechar e ele, após colocar a bandeja em uma pequena coluna no lado esquerdo da cabine, afirmou rindo:
— Você é muito esperto garoto! Pensei que jamais teria coragem de sair de seus aposentos!
— Estava com medo de ficar lá sozinho!
— Medo de que? — Caçoou Rud.
— Sei lá! — Neguei, ainda com lágrimas. — Tenho medo!
— Ouça Regis: — Pediu Tony. — Não precisa temer nada! Aqui só estamos nós três! A nave é completamente lacrada e nada entrará nela! Eu e Rud te amamos muito! Por isto, nada de mal lhe faremos.
— Isso mesmo! — Confirmou o senhor Rud. — Vamos comer um pouco?
— Por que você está com lágrimas? — Perguntou-me Tony.
— Quero ir pra minha casa!
— Tudo vai ficar bem! Coma alguma coisa!
— Não quero!