Ao passar pela sala do computador, parei sobre a porta e como a sala estava vazia, resolvi entrar. Lentamente me aproximei daquela gigantesca máquina e curioso, comecei a olhar as dezenas de botões, que ela possuía. Rud me dissera, que através dele, em um sistema muito avançado, o senhor Frene, me observava na Terra, então, me sentindo curioso a, talvez ver meus pais e amigos. Olhando botão por botão, vi um com um símbolo tipo seta, que parecia ser “ligar”. Apertei-o e várias luzinhas se ascenderam. Uma voz perguntou-me:
— O que desejas?
Assustado, olhei para todos os lados e não vendo ninguém, retruquei:
— Quem está aí?
— A máquina! Você se assustou?
Olhei para o computador e percebi que foi ele quem falou comigo:
— Como faço pra ver a Terra? — Perguntei-lhe.
— Primeiro você aperta o botão te-sete (T-7), depois levanta a alavanca número três até o número Cento e dezesseis...
— O que você está fazendo aqui Regis? — Interrompeu o senhor Frene, que acabara de chegar.
Perdendo a atenção no que o computador me explicara, olhei assustado para o recém chegado e após uma pequena pausa, disse:
— Eu queria ver a Terra!
— Quem lhe disse que você conseguiria isso, através do computador? —- Desligou-o.
— O senhor Rud! Ele me disse que o senhor me observava na Terra, desde que nasci!
— É o Rud, é?
— Por favor, senhor Frene! Explique melhor!
— Você já comeu alguma coisa depois que chegou aqui?
— Não!
— Então deve estar faminto! Vamos comer alguma coisa, depois eu te explico.
— Não tenho fome! Por favor, me explique agora!
— Já que você insiste! Sente-se!
Sentei-me na poltrona. Ele se dirigiu ao armário de tapes e começou a escolher. Após alguns segundos, apanhou um deles, abriu sua caixa e percebi que na verdade era uma minúscula caixa dourada, não maior do que uma caixa de fósforos. Inseriu-o em um compartimento, por baixo do computador, depois voltou-se para mim, dizendo:
— Há uns quinze anos, por nossa televisão, surgiu algo muito comovente: Um famoso produtor de Orington, criou um documentário de como seria nossa vida, caso tivéssemos uma criança para completá-la. Ele criou em computador algumas crianças, meninos e meninas, com imagens tão próximas da realidade, que todo mundo se apaixonou por aquelas crianças. O programa foi muito bonito, copiado por todos e reprisado várias vezes; mas eram só imagens mortas... ilusão de ótica. Então finalmente, depois de várias reuniões com mais de mil pessoas aqui em Malderran, trouxemos para discussão esse problema da falta de uma criança, para alegrar nosso mundo.
— Para alegrar seu mundo?
— Sim! A criança é tudo para o ser humano: a beleza, a esperança, a simplicidade, o carinho, o amor... o ensinamento. Enfim, tudo! Um lugar, assim como o nosso, sem crianças, não tem como ter felicidade!