Entrevista na TV

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Ao lado do senhor Frene, segui para a entrada da residência, onde, realmente estava um carro à nossa disposição. E que carro! Tinha aproximadamente quatro metros de comprimento, por dois de largura; feito completamente de níquel; não possuía faróis, mas sim, duas sinaleiras na frente e duas atrás, as quais ascendiam em vermelho; conduzia tranquilamente seis pessoas; suas duas únicas rodas eram bem largas, feitas de uma massa dura, parecida com a mesma borracha terráquea, porém azuis; seu controle era feito por um painel destacável contendo dez botões, sem ter câmbio nem volante e era mais parecido com um mini iate da Terra, ou aqueles carros anfíbios de alguns filmes.

O homem abriu a porta do lado direito e pediu que eu entrasse; seguiu ao outro lado, abriu a outra porta e entrou; destacou o tal controle do painel, apertou um botão, fazendo com que os demais se ascendessem; eram de cores diversas. O carro começou a se movimentar silenciosamente, como se estivesse desligado. Pelas ruas daquela linda cidade reluzente, devido reflexo de suas estrelas sobre os edifícios de metal, ficavam admirando as belezas dos prédios e praças, sem manifestar qualquer comentário. O senhor Frene dirigia com um sorriso nos lábios, mas também, sem dizer uma única palavra.

Jamais, em toda minha infância, nem mesmo pela televisão, ou no cinema, o qual, devido minhas precárias condições financeiras, teria ido muito pouco, havia apreciado tanta beleza e acredito, nem qualquer outro terráqueo, ter visto também.

Aqueles prédios eram obras de verdadeiros artistas e todos construídos em um material, desconhecido para mim. Parecia aço, metal ou níquel; mas não poderia ser, pois, onde eles conseguiriam tanto desse material?... E como eles conseguiriam construir tal obra, sem emendas? Como se fosse uma peça única! Alem de toda a beleza física, com cores diversas, vitrificadas pelo tipo de aço, também me encantara com a limpeza e não parecia existir nada de poluição. Os demais veículos pareciam saber respeitar os direitos de seus parceiros no trânsito, pois tudo fluía rápido, sem haver nenhum congestionamento e praticamente ninguém se preocupava em ultrapassar a outro, salvo quando em sinal de parada ou alteração de rota de tráfego.

Estava encantadíssimo e às vezes até me esquecia que estava a trilhões de quilômetros de casa.

Vinte minutos pelo trânsito, a uma velocidade que diria, de até cento e vinte quilômetros por hora terráquea, o carro estacionou em um grande pátio, em frente a um monstruoso prédio esverdeado.

O senhor Frene desligou o carro, descemos e nos dirigimos ao tal edifício. Entramos, andamos por um longo corredor, sempre tendo que acenar a diferentes transeuntes, os quais, não conhecia, mas assim como celebridade, era conhecido. Depois do corredor, nos deparamos com o palco, onde havia quatro poltronas de aço e almofadas pressurizadas em grande luxo, nas cores dourada e vermelha; uma mesa de aço no centro, à frente de duas das poltronas; três câmeras tipo filmadora, em tamanho miniatura, parecendo muito mais, como uma câmera fotográfica amadora, sem que ninguém as controlasse manualmente; dois grandes televisores a cores, de aproximadamente oitenta polegadas cada um, com a espessura de uma tábua de madeirite, parecendo mais um simples telão de cinema, em tamanho reduzido. Esses televisores estavam ligados, apresentando incríveis imagens de minha viagem pelo espaço sideral, na cabine do então disco voador, acompanhado pelo senhor Rud e Tony, em altíssima resolução em terceira dimensão e perfeição de som, dando a impressão de que estávamos diante de uma janela no tempo e espaço; ou seja: que tudo aquilo estava acontecendo naquele instante e que todos ali naquele auditório, faziam parte dessa extraordinária viagem interplanetária.

Terminado o palco, havia o auditório, com suas poltronas, também pressurizadas, colocadas em forma de escada, de tal forma, que ninguém atrapalhasse o colega de traz a assistir o que acontecia no palco.

Regis um menino no espaçoOnde histórias criam vida. Descubra agora