A fuga.

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       Após dormir por mais de oito horas, acordei, me levantei e fui direto ao banheiro, aonde tomei um ótimo e demorado banho, vesti meu bonito macacão susteriano, apanhei algumas peças de roupas tipo terrestre e lentamente, receoso, me dirigi ao campo de pouso, entrei em um dos três discos, que ali estavam pousados, fui até a cabine de controle, sentei-me e fiquei por uns cinco minutos indeciso, depois, acabei por decidir o que deveria fazer: acionei os botões correspondentes e em poucos segundos, o disco já estava flutuando.

            Um minuto depois, aquele enorme disco, já ganhava boa altitude, criando estabilidade e praticamente pronto para qualquer viagem longínqua. Lá embaixo, muita gente, inclusive Leandra e o senhor Frene, faziam sinal para que eu descesse. Só que eu não estava disposto a obedecer. Se voltasse atrás, tornaria a apanhar, ficaria amarrado e sabe-se lá o que mais, já que com certeza, o castigo seria pior do que o anterior. Desta vez, não cometi nenhum erro e iria voar direto à minha Terra.

            De repente, por um pequeno monitor, localizado ao lado esquerdo da cabine, apareceu o senhor Frene, que já me dizia:

            — Por favor, Regis, não faça esta loucura! Volte pra cá imediatamente!

            Ele, percebendo que eu não atenderia seus sinais e que a nave ganhava muita altitude, havia corrido até a sala de controle, para tentar me convencer a abandonar àquela maravilhosa ideia. Eu, porém, não estava disposto a obedecer a ele ou quem quer que fosse. A saudade de minha Terra era imensa e eu iria voltar para lá, doesse a quem doesse!

            — Regis! — Continuou ele pelo monitor. — Nós o amamos muito! Não queremos que você se vá! Volte imediatamente! É uma ordem...

            Quem era ele pra me dar ordens? Era o que eu pensava. Se eles me amassem mesmo, aceitariam minha volta para casa, para minha felicidade!

            — Você está louco menino! — Continuou ele. — Não vai encontrar seu planeta! Vai se perder no Universo e então morrerá! Volte, por favor!

            Sem dar atenção a ele, eu continuava minha viagem, já, a uma velocidade incalculável, fora da órbita daquele planeta, em rumo de casa, com toda certeza!

            O Senhor Frene, não desistia em tentar me fazer voltar atrás:

            — Ouça Regis: Pra se fazer esta viagem complicada, é necessário que engenheiros experientes, façam antes, um estudo completo de toda a rota. É preciso analisar os perigos e uma grande série de outras coisas.

            Não me importava com o que ele dizia. Já havia colocado a nave, para viajar no automático e sabia que ela só pousaria, no mesmo ponto, onde há muito tempo, fui sequestrado.

            — Regis: responda! — Insistia ele. — Sei que está me vendo e ouvindo!

            Realmente, o estava vendo e ouvindo. Mas era porque não sabia desligar aquele monitor. Caso contrário, já o teria feito.

            — Mesmo eu, com cinco mil anos de experiência, não saberia ir à sua Terra, sem ajuda. — Insistia o senhor Frene. — Volte, antes que seja tarde demais e nem eu possa mais te ajudar.

            Meu coração batia forte sim e até assustado. Mas tinha plena convicção, de que a rota para casa estava certa.

            — Imagine Regis, que se esta nave saísse apenas um milímetro de sua rota correta, ela jamais chegaria à Terra. Como espera que sem rota nenhuma programada, ela chegue onde você deseja?

Regis um menino no espaçoOnde histórias criam vida. Descubra agora