Anéis do universo

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           Seguimos abraçados ao refeitório, que ficava vizinho ao banheiro, porém, com a porta do outro lado do corredor. Ao entrar, notei que era enorme e muito bem montado: em cada canto, havia um aparelho de tevê de suas cinquenta polegadas; em uma das paredes, um enorme armário; próximo ao centro, duas compridas mesas de aço, rodeadas de cadeiras estofadas, em cor branca; o centro era vago e ao fundo, havia a cozinha, separada por paredes de acrílico azul transparente.

            O senhor Frene ligou um dos televisores, que praticamente igual ao da emissora de onde viemos, com as mesmas qualidades de imagem e áudio; então fomos à mesa: ele apertou um botão de um aparelhinho que estava sobre a mesa e em seguida, entrou Leandra, que se aproximou, cumprimentando-nos:

            — Olá senhor Frene! Olá Regis! Como estão?

            — Vocês já se conhecem? — Perguntou o homem.

            — E como já! Não é mesmo Regis?

            — Foi ela quem me ensinou a tomar banho!

            — Você é fogo mesmo, garoto! — Afirmou senhor Frene.

            — Eu fogo? Fogo é ela!

            — Um momento que eu vou trazer suas refeições! — Alegou Leandra e se retirou.

            — Quem é ela, senhor Frene? — Perguntei.

            — Se chama Leandra!

            — Eu já sei o nome! Quero saber o que ela é do senhor?

            — Mora aqui conosco e cuida de nossa cozinha.

            — Conosco! Quantas pessoas vivem aqui?

            — Apenas dez!

            — Eu só vi quatro!

            — Devagar você conhecerá a todos!

            Leandra retornou com uma bandeja de aço, com dois pratos cheios de alimentos à base de legumes e dois copos, também em aço, com um suco roxo. Serviu-nos e o cheiro estava bom.

            — Que comida é essa? — Perguntei indiferente.

            — À moda da casa! — Insinuou ela. — Coma, você vai gostar.

            Passamos a nos alimentar. Realmente, o sabor era bom: tinha gosto de milho cozido, maionese caseira e polenta. O suco tinha gosto de vinho de jabuticaba.

            — Não tem carne? — Especulei.

            — Não temos vítimas! — Riu o senhor Frene.

            — Sorte dos animais! — Insinuei sério.

            — Mas temos carne à base de vegetais. — Insinuou Leandra. — Não hoje!

            Enquanto comia, me lembrei de algo que me deixava intrigado; então resolvi perguntar:

            — Na televisão, não tinha microfones pra gente falar, nem pessoas controlando as câmeras. Como é que pode ser?

            — Simples: os microfones são embutidos nas poltronas e as câmeras são controladas a distância por computador.

            — E as pessoas no auditório? Elas também falavam e nunca, dois falavam ao mesmo tempo. Como pode ser?

Regis um menino no espaçoOnde histórias criam vida. Descubra agora