Sobre Cartas Lidas no Inverno

The Truth

Christopher estava surpreso, não esperava que o moreno fosse lhe deixar falar. Sem perder tempo, sentou na cama olhando para o Lee, que continuava embrulhado com o rosto virado.

- Você sabe que Oh Jiwang era quase um pai para mim, certo?

Minho assentiu. Ele lembrava quem era Jiwang, um senhor adorável que sempre lhe tratara bem.

- Ele não, - não havia como falar aquilo de uma forma menos ofensiva, mas Bang Chan pausou sua fala para procurar as palavras certas. - ele não lhe achava digno para ser meu namorado, até mesmo amigo, dizia que seu sangue não era puro já que sua família servia aos Choi. Eu não ligava para isso, era completamente apaixonado por você, nunca lhe deixaria daquela forma, eu não seria cruel assim. O que aconteceu foi: Jiwang mandou Yeaji armar toda aquela cena. Logo depois que você saiu, comecei a chorar no mesmo lugar, quando decidi lhe procurar Jiwang me puxou para a sala dele e perguntou se já tínhamos terminado. - abaixou o olhar, era difícil falar aquilo, queria terminar o mais rápido possível para não machucar o moreno. - Na hora não soube como reagir, achei que havia escutado errado ou que ele tivesse nos visto mais cedo e deduzido, porém não foi assim. Ele me disse da forma mais fria possível, foi tudo proposital para se livrar, - pausou criando coragem para dizer, não queria usar aquelas palavras. - de você. Falou sobre uma garota nobre e com "sangue puro", como ele chama os que servem os Han ou os apoiaram durante a guerra. Tentei falar com você naquele dia e explicar o que houve, mas ele não me queria por perto, disse que lhe mataria caso precisasse, sei do que Jiwang é capaz para manter a linhagem dele. Não tive outra opção, não poderia lhe perder para sempre. Passei anos pensando se conseguiria falar sobre isso com você, como seria o reencontro, qual seria sua reação. Eu imagino que tenha sido ruim para você, porém, viver com o medo de perder a pessoa que mais ama, me destruía.

O loiro contou cada parte da história, lágrimas foram teimosas e caíram pelo rosto do mais velho, enquanto Minho estava quieto. Ele olhava atentamente para o outro, virando o rosto quando este lhe encarava de volta.

- Nunca precisei ter medo de perdê-las pois todas me deixaram antes mesmo que pudesse pensar em uma vida sem elas. - disse cabisbaixo usando um tom triste. Ainda sem acreditar nas palavras alheias, continuou.

- Sua história é bem interessante, não
posso negar, leu algo em um livro ou inventou durante esses seis anos? - o moreno riu enquanto o loiro lhe olhava confuso. - Sinto lhe dizer, essa historinha não pode ser real. Procurei por você naquele dia, queria pedir desculpa por não ter escutado mais cedo, estava muito nervoso depois de ver aquela cena. Tive sorte de achar Jiwang, ele me viu enquanto procurava por você, me ofereceu um chá e um ombro para chorar. Explicou que você havia passado por lá mais cedo, dizendo que não tinha motivos para continuar comigo, já que eu não lhe satisfazia em nada. Ele também disse que o melhor a fazer era lhe esquecer e dar novas chances para outros, pois você não me merecia. E agora você cria toda uma história mirabolante, acusando alguém inocente por não conseguir aguentar a culpa sozinho? - O moreno finalizou.

Christopher não acreditava no que havia acabado de ouvir. Minho acreditava no homem que queria lhe matar, e não no que o amava? Aquilo deveria ser uma piada. Sempre deixou claro o quanto o mais baixo era sufiente para si e o quanto lhe amava.

- Por que inventaria uma história dessas, Lee? Se eu realmente tivesse lhe traído teria dito a verdade, mas não foi o que aconteceu. Não iria acusar alguém importante para mim como Jiwang era. Sabe que odeio mentiras, e nunca falei tais coisas sobre você.

E de fato odiava. Mentiras irritavam o Bang, por que não apenas contar a verdade? "Por que não apenas contar a verdade?". Como poderia dizer isso quando havia fugido de Minho, mentindo para ele? Era hipócrita, não era? A vida do moreno estava em risco, é claro que Christopher não iria arriscar perdê-lo. Mesmo que odiasse mentiras, elas eram necessárias às vezes.