Entre, puxe uma cadeira e sente-se. Respire fundo e desligue-se de tudo. Vamos pausar um pouco a loucura do mundo e tirar alguns instantes para conversar. Vamos simplesmente jogar palavras no mundo, sem ter que nos preocupar para onde os nossos deva...
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"O tempo perguntou pro tempo quanto tempo o tempo tem. O tempo respondeu pro tempo que o tempo tem tanto tempo quanto tempo o tempo tem."
Creio que para muitos estes versos possam parecer familiares, talvez certa nostalgia tenha sido despertada por alguma memória da infância, de brincadeiras inocentes com trava-línguas, quando testávamos nossa capacidade de conseguir falar o mais rápido o possível e até competíamos com nossos amigos e familiares para ver quem era capaz de ganhar naquele jogo das palavras rápidas. O único detalhe de toda aquela diversão é que nunca parávamos para reparar nas palavras que dizíamos, nos significados que as frases traziam, na sabedoria escondida por trás de cada verso... Mas ainda bem que temos a sorte de poder mudar — ou seria corrigir? — isto agora! Então, vamos lá, volte aos versos, segure o impulso de lê-los ritmados e com velocidade, fixe a sua atenção em cada palavra, verso por verso, reflita sobre o que está escrito nas entrelinhas, leve o seu tempo para entender sobre o próprio Tempo.
Depois de mais este exercício, imagino que você deva estar se perguntando aonde pretendo chegar com toda essa conversa, acertei? Bom, vivemos em um mundo onde o tempo nunca parece ser suficiente. Quem nunca ouviu uma frase do tipo: "Mas o dia só tem 24 horas" ou "Eu preciso de mais tempo para fazer as coisas que quero"? Porém, 24 horas é muito tempo. Pense o seguinte: uma hora possui 60 minutos, ou seja, um dia tem 1440 minutos, o que é igual a 86400 segundos; se "cada segundo é tempo para mudar tudo para sempre|13|", como podemos reclamar que nos falta espaço no dia para que transformemos nossas vidas, para que possamos escolher as mudanças que queremos fazer em nós e para nós? O que quero dizer é que sempre há tempo para começar, e recomeçar, algo novo, sempre haverá a chance de nos escolhermos. Temos todo o tempo do mundo e também não temos tempo algum.
Muito além do tempo cronológico, aquele imposto pelos ponteiros de um relógio e pelos dígitos na tela do celular, o tempo que nos conduz é o que está na nossa mente, o que dita o ritmo dos nossos passos, o que limita o nosso momento de fala, o que deixamos determinar a nossa hora e vez de ser e agir. Nunca é cedo ou tarde demais para sonhar e se conectar com o que há de mais profundo dentro de si, não existe "momento certo" para se conhecer, se descobrir e se entender. Tudo o que existe é Você vivendo a sua vida com as suas próprias cicatrizes e momentos de paz. Sim, "o tempo voa", mas voar também é sinal de liberdade, é deixar que suas asas se desprendam das amarras ditadas pelos dias e anos e alcancem o exato instante em que você é capaz de entender que só existe um tempo que realmente importa: o Presente, e ele é inteiramente dado a você com o maior carinho e afeto do mundo.
Talvez seja verdade que "o Tempo tudo cura"; talvez não seja. O que é fato é que ele ajuda a silenciar os gritos de memórias recentes; faz os cortes pararem de sangrar e tornarem-se apenas cicatrizes; nos mostra que, depois da chuva, o sol sempre volta a nascer. O Tempo talvez não seja o melhor dos médicos, mas com certeza tem potencial para ser um dos melhores professores, um mestre que nos ensina a prosseguir, a esperar, a ouvir e, principalmente, a lidar com as dores que inevitavelmente enfrentamos no hoje e que tanto nos marcaram no passado. Este Mestre tão sábio não sabe tudo, mas faz questão de ensinar tudo o que sabe sem nunca perder a esperança de que seus alunos consigam aprender ao menos uma valiosa lição.
