Cap 5

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“ eles me dizem que sou um erro”

»Moscou, junho de 2010↓

— Lílian, seu pai chegou.-

Eu havia sido expulsa naquele dia, depois do trabalho de história. Zaya, minha colega de turma; ironizou o meu trabalho sobre futuro por que nas palavras dela : – "você não sabe se vai estar viva daqui uma semana, Death, que dirá daqui a 10 anos!" –. Os outros colegas riram a vontade, riram ainda mais quando eu a puxei até o ginásio, pelo cabelo.
Durante o caminho meu pai não ousou olhar para mim. Fui pega pelo cotovelo pela minha mãe. Gales, meu pai, não ousava me bater; ele apenas puxava o cinto da cintura e o entregava a minha mãe. Ela sem dó, me batia. Mal sabia eu na época, que aquela agressividade tinha um porque lógico.

— Mamãe, tá machucando! - eu gritava todas as vezes, mais ela não parava. Não até ver que era o suficiente.

» dias atuais› [ 22:01]↓

— mamãe, tá machucando! - sussurrei. Ela ainda gritava coisas horrendas sobre mim.

— o que você disse? -perguntou, sua voz desceu oitavas. Eu abraçava os meus joelhos com força, enquanto ela permanecia em pé na minha frente. Como na época em que eu era criança, quando era castigada por  tão pouco

— tá machucando....suas palavras, estão me machucando. PARA!- repeti, olhando-a. Ela se lembrou, eu creio que lembrou, da mesma época que eu.

— eu... não quis...Você me faz perder a cabeça, Lil, todas as vezes!- murmurou. Permaneci encolhida no sofá, sangrando por dentro.

— a culpa é minha? - perguntei, fitando os meus pés brancos.

— tem que entender que uma pessoa como vo...

— como eu?

— Não quero mais discutir, já chega por hoje! Somos adultas, sim? Vamos agir como tais. – ela se dirigiu a minha cozinha, como se não tivesse acabado de me dizer o quanto inútil sou. Não ousei acompanhá-la. Lembrei-me das palavras de Garry e me odiei por não ter aceitado que ele viesse.
Tentei levantar, mais não estava sentindo as minhas pernas.

— mãe...- chamei, querendo ou não, ela era a única pessoa que poderia chamar. Ela surgiu na porta da cozinha, com um copo de água na mão. Passei por entre ela, e vomitei na pia.

— pelo amor, Lil! - brigou, me entregando um pano. Ela massageava meu pescoço e minhas costas para aliviar a ânsia. — haha mais é engraçado!

— o que é tão engraçado? - pergunto, com a cabeça ainda baixa.

— eu pagando drogas pra você ficar trepando a vontade com o seu namoradinho! - diz, acabando com a cota da minha paciência. Eu soquei a pia e a vermelhidão tomou conta da minha mão no mesmo instante.

— sai da minha casa! - ordenei.

— como é que é? - perguntou ela. Me indiretei, com o rosto a centímetros do seu.

— ficou surda? SAI DA MINHA CASA! AGORA! - peguei na manga de sua roupa e sai puxando-a. –eu suportei calada todas as ofensas, injúrias, castigos...Mas CHEGA! Isso aqui... No meu pescoço é marca de um abuso que estava prestes a acontecer se o MEU "NAMORADINHO" não tivesse chegado. Mais o que te importar? Se eu vivo ou se morro, não importa, né? NÃO TE SUPORTO MAIS, SOU EU...EU A NÃO TE SUPORTAR!

→ bati a porta em sua cara. Não escutei meias palavras, pois estava cansada delas. Eu sei que ela vai voltar, é minha mãe afinal. Eu a amo, apesar da dor que me causa suas palavras. É mais uma dor a qual eu suporto.

🖤De repente ele🤍Onde histórias criam vida. Descubra agora