- Por hoje é só! Até breve, senhorita Lil.
- Não me leve a mal Sr. William, mais pretendo não lhe ver tão cedo - brinquei, ele assentiu como se esperasse o mesmo. Abri a porta do consultório e senti o ar gélido, dá espaço para o ar mais quente da primavera de Moscou.
•••
- Porque não peguei um táxi? - questionei ao da a volta no quarteirão, teria que dá a volta em mais três até chegar no meu condomínio. A exaustão já tomava conta do meu corpo e a vontade de dormir quase me fez cair.
Amedrontada, peguei um atalho na esquina da rua. Não era a primeira vez que eu passava por aqui, mais era a primeira vez que vinha depois que tudo aconteceu. Era pra ser um lugar especial, que eu viria quando quisesse lembrar dele, mas não. Era apenas mais um lugar, que eu tinha medo de passar. Assim como na rua de cima, por conta dos olhares opressivos dos tementes religiosos; na avenida principal, por conta dos risos e piadas dos clientes das lanchonetes de fast-foods ou na esquina da rua, com os olhares repreenssivos das lojistas.
Evito pensar no que a minha presença causa as pessoas. Evito me martirizar!
Ao fim do atalho, respirei aliviada. Com uma olhadinha para trás, antes de seguir caminho, fui invadida por um emaranhado de lembranças. Acontecimentos que me levaram a ele.» Flashback On › Moscou, janeiro de 2019 [19:35 AM] ↓
Já tinha pegado esse caminho inúmeras vezes mais dessa vez havia calculado mal a rota. O sol se pôs mais cedo, o que me deixou aflita. Coloquei a ficha de exames na bolsa — tinha uma gastrointestinal pro dia seguinte —, quando voltei o olhar para o caminho, dei de cara com uma muralha. O homem na minha frente gritava em uma língua que eu não entendia. – espanhol? Italiano? – sinceramente, não soube dizer na época. Ele empunhava uma pequena adaga na minha direção.
– moço, MOÇO! ... não estou entendendo - falei, dando pausas para que ele me ouvisse. Lembro-me de ficar mais confusa que assustada, embora ele estivesse armado.
Foi só quando o cara alto, branco apontou a faca em direção a minha bolsa que entendi. — era um assalto! — foi aí que me desesperei. Entreguei a mochila que levava nas costas; ele vasculhou em busca de peças de valor. Encontrou alguns trocados e os enfiou no bolso. Quando seus olhos fundos fixaram nos meus, pude ver que ele não queria aquilo, como fosse obrigado a chegar a tal ponto. Tive oportunidade de correr e gritar por socorro, mais aqueles olhos me prenderam. Ele ia me deixar, eu sei que ia, mais algo o desesperou.
— sinto muito - foi o que sussurrou, antes de fazer um pequeno corte na lateral da minha barriga. Lembro de ter proclamado aos quatro ventos, xingamentos contra ele. Me perguntava o porquê de agir assim, quando eu simplesmente me comportei e o observei me roubar, sem questionar um só momento. O sangue manchou a minha camisa semi-nova – havia comprado naquela mesma semana, na internet –, juntei o restante das minhas coisas e andei até sair do breu daquele caminho.
Pressionava fortemente a minha barriga, tentando inutilmente estacar o sangue. Minha visão se limitou e vi o exato momento em que ia parar no chão – isso se braços fortes não houvessem me segurado.
— ei, você está sagrando - a voz masculina diz. Juro que se não estivesse com tanta dor, teria revirado os olhos.
— Ow, jura? - perguntei, sarcástica. Eu ainda estava colada aquele corpo estranho, mais bom. Ele olhou ao redor como se buscasse alternativas para resolver o meu problema. Certeza que cogitou me deixar.
— preciso saber o seu nome - ele sacou do bolso da jaqueta seu celular, e discou apressado.
— n-não... não quero ir ... pro hospital - murmurei. Esperei juntar forças para continuar a falar — Lil...meu nome, é... Lil.
— Lil, sim... você está perdendo muito sangue. - seu semblante era de muita preocupação, como se eu fora uma ente querida e não uma completa estranha em uma rua deserta, cedo da noite.
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🖤De repente ele🤍
Fiksi Remaja→é uma história de amor? Vcs decidem! ↓ ❤🩹 » *"Eles dizem que não tenho mais chances"* « 🖤→ Lílian Death, ou simplesmente, Lil Death. Sou uma garota como todas as outras; a diferença é que as outras garotas podem ter mais tempo que eu. ↓ Nunca fo...