🐺 Capítulo 3 🐺

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A noite anterior foi a primeira que passei sozinha desde que nos acasalamos

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A noite anterior foi a primeira que passei sozinha
desde que nos acasalamos.
Eu mal conseguia dormir, fiquei deitada na cama
lembrando do que tinha acontecido no escritório de
Aiden. Eu queria poder voltar atrás e lidar com tudo
de outra maneira.
Eu me sentia incompleta quando acordei naquela
manhã. Eu mal conseguia comer. As pontadas de
arrependimento suprimiram qualquer apetite que eu
pudesse ter.
Eu não conseguia nem mesmo me obrigar a ir para a
Casa da Matilha. Em vez disso, passei o dia na casa
dos meus pais pintando.
Quando eu precisava endireitar minha cabeça,
geralmente recuava para o estúdio anexo à minha
galeria, mas esses dois lugares eram presentes de
Aiden, e eu não queria mais deixá-lo perturbar minha
mente.
Mas eu sabia que não poderia evitá-lo para sempre.
Não só porque ele era meu companheiro, mas porque
naquela noite era o chá de bebê da minha irmã.
Ela e seu marido, Jeremy, estavam esperando seu
primeiro filho, e Aiden e eu éramos os padrinhos
lunares, então nós dois tínhamos que comparecer.
Uma hora antes de termos que estar no restaurante,
ele parou em nossa casa. Eu tinha voltado para casa
mais cedo, com a intenção de consertar as coisas e
estava esperando por ele na cozinha
A porta da garagem se abriu e ele entrou com a
mesma expressão indiferente de ontem à noite, antes de
eu sair de seu escritório.
Ele me olhou, nem um pouco surpreso em me ver ali.
— Você pintou alguma coisa de que gostou?
— Como você... — Então eu olhei para baixo e vi as
pequenas manchas de tinta seca em minhas calças. —
Olha, Aiden, vamos só passar por essa noite?
— Não acho que vamos ter problemas. Eu adoro bebês.
— Eu nunca disse que não queria um filho.
Claramente, você não ouviu nada do que eu disse.
— Ser minha companheira significa que nossa família
não é só você e eu; é a Matilha toda.
— Isso é engraçado vindo de um homem que nem fala
com os próprios pais. Quanto tempo se passou desde que
eles navegaram em direção ao pôr do sol? Dez anos?
— É complicado, Sienna.
— É isso não é? Acho extremamente hipócrita da sua
parte querer uma família, considerando o pouco esforço
que faz para manter contato com a sua. Eles nem mesmo
vieram para a nossa cerimônia de acasalamento.
— Não vou cometer os mesmos erros que eles. — Ele
fez uma pausa, suspirando. — Se é assim que vai ser,
eu não acho que devo ir esta noite. Você pode dizer a
eles que estou ocupado com o trabalho.
— Eu não vou fazer isso porque, ao contrário de
você, eu me preocupo em estar presente com a família,
e você vai ser o padrinho lunar da minha futura
sobrinha, então você vai estar lá esta noite, goste ou
não. A Matilha pode ser minha família agora, mas vale
para os dois lados, e Selene é sua família agora
também.
Eu não tinha notado até agora, mas minhas mãos
estavam fechadas e minhas unhas estavam cravadas nas
minhas palmas.
Não tinha percebido até então que talvez a relação
complicada de Aiden com seus pais fosse a razão de ele
ser tão inflexível sobre começar um relacionamento
para o bem da Matilha.
Eles eram a coisa mais próxima de uma família que
ele tivera até eu aparecer.
Talvez esta noite fosse algo bom para ele. Ele
podia ver como uma família saudável funcionava unida.
Eu só esperava que Selene e minha mãe não fossem
tão loucas por bebês a ponto de ficarem do lado de
Aiden quando o assunto surgisse, o que eu sabia que
aconteceria.
Nós dois nos transformamos em silêncio. Um
contraste gritante com nossa brincadeira de duas
manhãs atrás.
Eu não pude deixar de olhar furtivamente enquanto
ele puxava a calça por cima das coxas rasgadas e da
bunda forte e musculosa. Posso ter ficado com raiva
dele, mas ele ainda era meu companheiro, e essa
distância estava me matando.
Eu o queria muito. Cada parte de mim ansiava por
seu toque, fantasiava sobre o gosto de seus lábios.
Quando a Bruma chegou, eu não sabia o que fazer.
Aquilo nos transformou em animais selvagens e
completamente enlouquecidos por sexo. No ano passado,
meu sexo praticamente explodia sempre que Aiden olhava
para mim.
— Você vai ficar me olhando a noite toda ou vai
terminar de se arrumar? — ele perguntou, tirando-me do
meu devaneio.
— Não se iluda. Eu só queria ter certeza de que sua
roupa estava bonita.
— Então agora sou um tirano e ainda por cima não me
visto bem?
— Pare com essa maldade — eu disse, ficando um
pouco chateada.
— Ei, Sienna, — disse ele, arrumando a gravata.
— O quê? — Eu disparei, esperando pelo próximo
comentário sarcástico.
— Você está linda.
Por mais que tentasse, não pude evitar de corar.
Meu deus, ele era um idiota, mas eu o amava por isso.
— Depressa, vamos nos atrasar, — eu disse, pegando
meu casaco. — Vejo você no carro.
O lugar era um restaurante tailandês divertido, que,
de acordo com Selene, ficava na cidade onde ela e
Jeremy conceberam minha futura sobrinha. Um fato que
minha irmã fez questão de me dizer quando ela estava
planejando esta noite.
Selene estava sempre me dando informações demais,
provavelmente porque ela sabia o quão desconfortável
me deixava ouvir sobre sua vida amorosa. Mas acho que
irmãos são assim mesmo.
Aiden tinha um irmão mais velho também, Aaron, que
morreu onze anos atrás depois que sua companheira foi
morta em um acidente de trabalho.
Esse era o poder do vínculo de acasalamento. Se um
do par morresse, o outro o seguia logo após. Um
coração não poderia bater sem seu parceiro.
Isso foi na época em que ele parou de falar com
seus pais.
Pelo que Aiden me disse, a morte de Aaron os afetou
demais, os fazendo mergulhar em viagens e
extravagâncias para se distrair.
No que me dizia respeito, não me importava em não
os ter por perto. Se eles foram capazes de fazer uma
lavagem cerebral em Aiden para seguir todas essas
tradições idiotas da Matilha, só deus sabe o que mais
eles poderiam manipulá-lo a fazer.
Do lado de fora do carro, os postes da rua passavam
e as luzes da cidade cortavam a noite como aglomerados
de vaga-lumes, congelados em prisões geométricas.
Virei-me para Aiden, seu rosto recém-barbeado
piscando para dentro e para fora das sombras enquanto
avançávamos pela rua.
Ninguém me preparou para esse tipo de amor — o tipo
em que você pode olhar para seu parceiro por horas sem
dizer uma única palavra e ficar totalmente satisfeito.
Fui dominada pelo desejo de tocá-lo, de me conectar
com ele.
Eu deslizei minha mão sobre a dele enquanto ela
descansava no câmbio.
Ele pareceu ignorar isso, e eu imediatamente me
senti uma idiota. Comecei a me afastar quando ele me
parou.
— Continua, — disse ele, suavemente, deixando meus
dedos caírem entre os dele.
Antes que eu percebesse, estávamos no restaurante.
Aiden deu ao manobrista a chave e nós entramos.
Eu podia ouvir minha mãe antes de vê-la; sua risada
foi imediatamente reconhecível e carregada por pelo
menos 400 metros.
Ela e Selene eram bem mais extrovertidas do que eu,
mas acho que fazia sentido, visto que Selene é sua
filha biológica.
São pequenas coisas como essa que me deixam tão
hesitante em ter meus próprios filhos.
O que será que eu vou passar para meus filhotes? Eu
precisava saber.
— Sienna! Ah, você está tão linda, — gritou minha
mãe quando entramos na sala de jantar. — Aiden, você
está perfeito, como de costume.
— Tudo por você, Melissa, — ele respondeu,
beijando-a na bochecha.
— Calma aí, — disse meu pai, aproximando-se e dando
um abraço em Aiden. — Eu posso ser humano, mas ainda
posso sentir quando alguém está dando em cima da minha
companheira.
— Como vai, Robert? Ansioso para ser avô?
— Sim, mas não tanto quanto Melissa está ansiosa
para ser avó. Ela já transformou o antigo quarto de
Selene em um berçário e agora está adaptando a casa
inteira para proteger os bebês.
— Ah, pare, — minha mãe respondeu, batendo no braço
do meu pai. — Você me faz parecer uma pessoa maluca.
Gosto de planejar com antecedência, só isso. Falando
nisso, quais são as novidades em relação ao bebê
com...
— Melissa, por que você não vem me ajudar com os
presentes? — disse meu pai, agarrando-a pelo braço. —
Deixe-a dizer olá para Selene.
— Aí, tudo bem. Continuaremos isso mais tarde, —
minha mãe disse, tomando outro gole de vinho.
Meu pai me lançou um olhar compreensivo e agradeci
a ele por garantir que evitássemos uma conversa
desconfortável. Ele sempre teve uma maneira estranha
de saber como eu me sentia, mesmo sem eu dizer nada.
— Mana! — gritou Selene, aproximando-se com sua
barriga grande. Ela estava simplesmente radiante. —
Estou tão feliz por você estar aqui. Desculpe pela
mamãe. Eu não estava controlando quantos copos ela
tomou.
— Está tudo bem, — eu disse, rindo. — Deixe-a
aproveitar a noite.
— Bem, ela vai poder fazer tudo de novo quando você
tiver o seu. Não importa quando for.
— Obrigado por esclarecer. — Eu revirei meus olhos.
A conversa na mesa era obviamente sobre bebês, e
nas poucas vezes que começou a se desviar em minha
direção, Selene era hábil o suficiente para se
intrometer.
Eu sabia que todos queriam perguntar sobre o
festival, e acho que a única razão pela qual eles não
perguntaram foi porque Aiden estava sentado ao meu
lado.
Os lobos fofocavam tanto quanto os humanos, mas era
praticamente sentença de morte falar sobre a
companheira do alfa bem na frente dele.
Apesar de tudo que estava acontecendo entre nós,
Aiden estava com seu jeito encantador de sempre.
Apreciava o esforço que ele fazia para sempre garantir
que a minha família viesse em primeiro lugar nesses
eventos, nunca deixando-a ser superada por sua fama.
— Eu gostaria de fazer um brinde, — disse Jeremy,
pondo-se de pé. — A minha adorável esposa, Selene, a
futura mãe de nossa linda garotinha. Eu te amo,
querida, e mal posso esperar para criar essa lobinha
tão especial com você.
— Olha só! — disse uma voz desconhecida.
Virei-me e dei de cara com um homem e uma mulher de
meia-idade parados na porta.
Ela tinha cabelos pretos ondulados que iam até os
ombros e usava calça pantalona vermelha e um blusa
azul-marinho despojada. Ele era enorme e usava um
blazer xadrez com um ascot lilás horroroso.
Havia algo em seu rosto que parecia familiar, mas
não tinha ideia do que era.
— O que eles estão fazendo aqui? — disse Aiden.
— Você os conhece? — Eu perguntei um pouco confusa.
— Sim, — respondeu ele, enrolando o guardanapo. —
São os meus pais.

Os Lobos Do Milênio ( LIVRO 2 )Onde histórias criam vida. Descubra agora