🐺 Capítulo 28 🐺

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O calabouço da Casa da Matilha era um resquício de outra época

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O calabouço da Casa da Matilha era um resquício de
outra época.
Enquanto os alfas anteriores o usavam sempre que
alguém olhava de maneira errada para eles, eu nunca
tinha visto isso ser usado durante minha vivência na
Matilha da Costa Leste.
Eu vaguei pelos corredores mal iluminados, deixando
nossa conexão guiar o caminho através dos túneis
sinuosos que ficavam sob a Casa.
Os sentimentos que eu tinha por Nina em meu coração
ainda eram fortes, embora minha cabeça estivesse me
dizendo que tudo o que eu sabia sobre ela era baseado
em uma mentira.
Quando fiz a curva em um corredor, encontrei Nina
algemada à parede de uma cela, coberta de sujeira e
sangue seco.
Passei os dedos pelas barras quando meus olhos
começaram a lacrimejar. Eu odiava vê-la nesse estado.
Eu não me importava com os motivos ocultos que ela
tinha; ninguém merecia ser tratado assim.
Ela ergueu a cabeça e sorriu fracamente ao me ver.
— Jocelyn? Pensei ter sentido você aqui embaixo,
mas não acreditei. Achei que você nunca mais iria
querer me ver...
— Eu queria dar a você uma chance de me dizer como
você realmente se sente. Nina, seja honesta comigo, o
que Aiden disse é verdade?
— Ele disse que eu sou uma canalha, uma causa
perdida da escória da terra? Porque se sim, então sim,
é verdade.
Normalmente Nina teria dito algo assim como uma
piada, mas não havia nenhum pingo de humor em sua voz.
Apenas dor.
— Estou entrando, — eu disse, destrancando a porta.
Ajoelhei-me na frente de Nina e tirei um pano e um
antisséptico da minha bolsa de suprimentos médicos.
— Deixe-me tratar este corte em seu rosto, — eu
disse, enxugando seu queixo enquanto ela estremecia. —
Quem fez isto com você?
— Jocelyn, você sabe que eu não sou dedo-duro, —
brincou Nina.
Nada nessa situação era engraçado, mas seria melhor
mesmo eu não saber quem tinha sido. Eu deveria tirar
as pessoas do hospital, não colocá-las nele.
— Eu imaginei que minha primeira vez usando algemas
com você seria de uma forma muito mais sexy do que
essa, — disse Nina, forçando um sorriso.
— Então, eu seria a dominante? Estou intrigada. —
Coloquei minhas mãos acima do coração de Nina. — Eu
posso?
Ela acenou positivamente com a cabeça.
Fechei meus olhos e foquei minha energia. Comecei a
absorver a dor de Nina em meu corpo, e desta vez
realmente funcionou.
Minhas veias ficaram pretas e meu corpo começou a
doer como se tivesse acabado de cair de um penhasco.
— Pare, já chega, — gritou Nina.
Eu caí para trás, esgotada, mas Nina parecia já
estar em melhores condições. A cor estava voltando a
suas bochechas rosadas, e ela parecia tão selvagem e
linda como sempre.
— Por que foi que você fez isso?
— Porque você vai precisar de sua força... Estou te
libertando.
— Jocelyn, não. Você vai ser presa por isso, — ela
protestou.
Coloquei minha mão no rosto de Nina.
— Você ainda não percebeu que eu faria qualquer
coisa por você? — Eu a beijei suavemente e ela me
beijou de volta.
— Eu só preciso encontrar algo para quebrar essas
correntes, — eu disse, procurando na cela.
— Na verdade... — Nina puxou uma chave do bolso.
— Espere... como? Por que você ainda esta aqui? —
Eu suspirei.
— Não é óbvio? — ela perguntou. — Eu não ia sair
sem te dar uma explicação.
— Nina, eu não preciso disso, — eu disse,
destravando suas algemas.
— Por favor, Jocelyn, eu tenho que te dizer.
Eu cruzei meus braços e desviei o olhar. — Certo,
vá em frente.
— Primeiro, você tem que saber que meus sentimentos
por você sempre foram reais. Nunca menti sobre isso,
nem por um segundo. Mas eu sou uma espiã. Fui enviada
aqui... por alguém muito poderoso, — ela disse em um
tom sério.
— Quem? Outra matilha?
— Não, não é uma matilha, mas eu não posso dizer o
nome. É para sua própria segurança. Mas Jocelyn... sua
amiga, Sienna... ela atraiu o interesse de alguém com
quem não se brinca.
— Espere... Sienna? Você foi enviado aqui para
espionar Sienna? — Eu perguntei, chocada.
— Sim, eu deveria vigiá-la e... se certos eventos
acontecessem, eu deveria eliminá-la. Essas foram as
minhas ordens.
— Quem iria querer machucar Sienna? Que ameaça ela
poderia representar?
— Jocelyn, prometa-me que você vai ficar longe
disso. Não suportaria ver você se machucar. Eu já te
machuquei o suficiente.
Nina me puxou para seus braços e colocou sua testa
contra a minha.
— Eu tenho que ir, Jocelyn. Eu nunca poderia fazer
o que me pedem, especialmente não para alguém próximo
a você. Mas quando eu quebrar meu vínculo com meu
benfeitor, terei que enfrentar as consequências.
— Então eu as enfrentarei com você. Nós iremos
juntas, — eu disse com firmeza.
— Eu tenho que enfrentar isso sozinha. Mas,
Jocelyn, saiba que... — Nina ergueu meu queixo e
pressionou seus lábios contra os meus com toda sua
paixão. — Você merece o mundo — e eu só queria poder
dá-lo a você.
— Não vá, Nina, — eu disse, minha voz falhando.
Ela saiu da cela com lágrimas escorrendo pelo
rosto. — Isto não é um adeus. Nós veremos novamente.
Nina era uma boa mentirosa. Mas ela não podia
mentir para mim.
Ela se foi.
Quando voltei para o Baile de Inverno, enxugando
minhas lágrimas, ouvi barulho e gritos vindos do salão
de baile, ressaltados por Josh gritando a plenos
pulmões.
— MICHELLE!
Que merda estava acontecendo lá?
Eu me recompus e corri para o salão de baile para
encontrar o caos. Todos os convidados estavam se
dispersando enquanto Michelle — Meu deus.
Ela estava suspensa no ar, meio deslocada, com
mesas, cadeiras e talheres flutuando em um vórtice ao
seu redor.
Eu tinha lido histórias raras como essa em diários
restritos de curandeiros, mas nunca pensei que veria
em toda a minha vida.
Possessão.
Corri até Josh, que estava tentando falar com ela.
— Michelle, ouça minha voz. Você pode lutar contra
isso. Eu sei que você está aí, — disse ele, com
lágrimas escorrendo pelo rosto.
— Josh, cuidado, — eu gritei, empurrando-o assim
que uma mesa voadora se chocou contra o local onde ele
estava.
— Jocelyn, eu não sei o que fazer, — ele disse,
desesperado.
— Eu acho que tenho uma ideia... mas você vai ter
que me manter perto.

Eu não poderia ficar aqui

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Eu não poderia ficar aqui. Eu não estava segura.
Konstantin sabia minha localização, e só porque eu
o bani da minha cabeça não significava que ele não
viria me procurar novamente.
Eu precisava chegar até Aiden na Casa da Matilha.
Ele nem tinha ideia de que um vampiro estava em nosso
meio.
Um vampiro que eu convidei.
Konstantin era uma ameaça para a matilha, e ele
esteve bem na minha frente o tempo todo.
Enquanto corria pela minha galeria, as luzes
começaram a piscar.
Já era tarde demais.
Konstantin apareceu em uma nuvem de fumaça negra,
bloqueando minha saída.
— Sienna, minha querida, você estava indo embora?
Acabei de chegar aqui.
— Você está doente, eu nunca deveria ter confiado
em você! — Eu cuspi.
— De que outra forma você iria encontrar seus pais?
— ele zombou.
— Eu os encontrarei sozinha. Eu não preciso de você
ou de seus poderes.
Konstantin soltou uma risada maligna e se
materializou bem na minha frente.
— Eu tenho mais um presente para você, Sienna, —
disse ele, tocando minha testa antes que eu pudesse
impedi-lo.
Eu estava na floresta à noite, mas não era nenhuma
floresta que eu reconhecia.
Esta não era minha memória; era de Konstantin.
Eu ouvi galhos quebrando à distância e me preparei.
Eu tinha certeza de que Konstantin não poderia me
machucar fisicamente quando estávamos mentalmente
ligados — caso contrário, ele já teria feito isso. Mas
tudo o que ele quisesse me mostrar seria projetado
para me machucar psicologicamente
Passos. Eles estavam se aproximando.
Minha mãe irrompeu na clareira, ofegante e sem
fôlego. Ela estava fugindo de alguma coisa.
Uma nuvem familiar de fumaça negra desceu sobre a
clareira, tornando impossível ver qualquer coisa, até
que se materializou em Konstantin.
Ele avançou em direção a minha mãe com uma intenção
ameaçadora.
— Onde ela está? Onde está a criança, Vanessa?
— Você nunca a encontrará, Konstantin. Eu tenho
certeza disso.
— Mulher tola. Você permitiu que seu amor por uma
criança anulasse seu bom senso. Poderíamos ter um
poder incalculável.
— Não, Konstantin. Você deixou seu desejo de poder
destruir tudo o que havia de bom em você, se é que já
houve alguma algo bom.
— Vanessa, não há necessidade de você ter o mesmo
destino que seu companheiro. Ele também não queria
cooperar e você viu as consequências disso.
— Eu mereço qualquer destino que as divindades
considerem adequado para mim depois do que fizemos.
Aceito minha penitência, mas minha filha não será um
peão para você ou para eles. Ela merece uma vida
normal.
Do que diabos ela estava falando? Eu estava
tremendo.
Não havia nada que eu pudesse fazer a não ser
assistir; Eu não conseguia sair dali.
— Você me decepcionou, Vanessa. Você tem sangue de
alfa. O poder corre por ele. Mas se você se recusa a
reconhecer isso...
Konstantin desapareceu e reapareceu atrás de minha
mãe com uma lâmina em sua garganta.
— Não, seu desgraçado! — Eu gritei.
Ela fechou os olhos, um olhar pacífico em seu
rosto.
Tudo que eu podia ver era vermelho.
Nossa conexão foi interrompida e eu caí no chão.
— Tudo o que você me disse era mentira, — falei,
sem fôlego.
Parecia que minha própria garganta tinha acabado de
ser cortada.
— Você julgou mal minhas intenções. Eu sou o único
tentando levá-la à verdade.
Konstantin se ajoelhou e ergueu meu queixo, então
fui forçada a encontrar seu olhar. Eu estava chocada
demais para lutar.
— Você não tem ideia de quem realmente é, do poder
que detém. Existem aqueles muito mais perigosos do que
eu que procuram destruí-la antes de desbloquear esse
poder. Eu simplesmente quero te ajudar.
Uma fumaça negra saiu da capa de Konstantin e me
envolveu.
— Deixe-me aliviá-la de seu fardo.

Os Lobos Do Milênio ( LIVRO 2 )Onde histórias criam vida. Descubra agora