Young and Pure - Sungtaro

Ajuda

Após a visita à casa de Sungchan, Shotaro se perguntou até que ponto ainda poderia chegar para que tudo se resolvesse. Pensava que apenas a relação dos dois seria motivo para uma grande confusão, no entanto, envolviam muito mais coisas que, se saísse do controle, muita gente sairia ferida, inclusive se tratando daqueles que conhecia.

Assim que foi embora com o maior naquela noite, que o levou para casa usando o carro do irmão emprestado, entendeu que algumas coisas mudariam dali em diante. Pensou estar invadindo o mundo e os costumes de Sungchan de modo a prejudicá-lo, mas ele dizia para não se preocupar e ainda lhe assegurava que tudo daria certo.

Não podia esconder o fato de que estava assustado por ser seu primeiro relacionamento, mesmo que tenha começado há pouco tempo. Haviam deixado claro um ao outro que se gostavam e se arriscaram para se ficarem juntos, então não poderia ser algo bobo que acabaria de um dia para o outro. Era o que pensava e queria acreditar.

Nem em seus sonhos se imaginou vivendo momentos de perigo e paixão ao mesmo tempo. Estava sendo tudo novo e tenso para si, principalmente por estar vivendo isso escondido de seus pais. Nem eles e nem outra pessoa podiam entender suas escolhas.

Em casa, era o mesmo desconforto de sempre. E na escola, onde pensou que iria ter algumas horas de paz, não foi como imaginou. Como estava com Sungchan, passaram a andar juntos pelos corredores e, vez ou outra, o mais alto lhe roubava um beijo na bochecha perto de alguns alunos. Ganhar uma atenção nova sobre si, cheio de olhares impressionados, foi a última coisa que esperava acontecer naquele ano.

Tinha que correr para sala de aula assim que se afastava do maior para fugir daqueles olhares.

Enquanto a professora não chegava, aproveitava para conversar com Hendery, este que também estava curioso para saber das novidades.

- Não tenho muito o que dizer, apenas que estamos juntos.

- Finalmente, né? – disse o amigo. – Achei que não iriam mais se falar até o fim das aulas.

- Pelo menos não vou virar assunto por muito tempo, já que falta pouco para sairmos daqui e seguirmos com nossas vidas. Aliás, o que vai fazer quando terminar os estudos?

- Quero arrumar um emprego na parte da noite, não apenas ajudar minha mãe na loja. E você?

Shotaro pensou por um momento e parecia ser uma boa ideia arrumar algo para fazer fora de casa. Além de ganhar seu próprio dinheiro, poderia distrair sua cabeça com uma ocupação que precisaria de mais responsabilidade.

- Acho que vou fazer o mesmo – começou a organizar seu material em cima da mesa e abrir seu caderno. Olhou para o lado, vendo uma carteira vazia, esta que deveria estar ocupada por um moreno que não o encontrava mais. – Hyuck não veio hoje de novo?

- Não. De manhã, a mãe dele me ligou, perguntando se ele tinha dormido na minha casa, mas eu não o vejo há uns dois dias – Hendery também estranhou mais uma falta do amigo, mesmo que não iria demorar para as aulas terminarem.

Já Shotaro, tinha receio de pensar que o Lee havia faltado por um motivo que já suspeitava. Por um lado, poderia Donghyuck descobrir o que tanto queria e, assim, voltarem a ser amigos. Por outro, o risco que ele corria e o envolvia era imenso. Quando perguntou a Sungchan mais cedo sobre Mark, o maior respondeu que ainda não tinha notícias dele. Disse que Taeyong estava aos nervos com tudo e com todos, mas que ainda procurava se controlar para não fazer uma besteira por eles.

- Espero que ele esteja bem. Apesar de tudo, sinto que ainda vamos nos falar como amigos novamente.

- É só uma questão de tempo para ele perceber que os verdadeiros amigos dele estão aqui.

- Sim, éramos um belo grupo – o mais novo sorriu ao se lembrar que passou bons meses na companhia de seus amigos, que o protegiam como podiam.

- Falando nisso – Hendery chamou sua atenção novamente. – Você tem visto Xiaojun? Já que está com Sungchan agora, eu pensei que...

- Não o vi mais – foi rápido em responder. – Ele também escolheu se afastar de todo mundo. Não entendemos completamente o que se passou com ele.

- Eu gostaria de compreender, sabe? Ele parecia gostar de ser nosso amigo e sair com a gente.

Shotaro considerou as palavras do amigo e pensou por um momento que as coisas eram mais tranquilas quando não sabia de suas diferenças. Afinal, mesmo sendo um novato no grupo, Xiaojun se esforçou para parecer um humano na frente deles e, assim, continuar sendo aceito.

- Talvez a nossa diferença tenha falado mais alto. Poderíamos estar prendendo-o a uma personalidade que nunca foi dele. É difícil saber ao certo.

- Não acho que seja apenas isso, mas espero que tudo se resolva algum dia – Hendery deu um leve suspiro antes de se endireitar na cadeira, percebendo a professor entrar na sala.

Shotaro fez o mesmo, visto que não tinha mais como continuar aquela conversa. Não sabia como resolver esse problema sem causar uma séria briga entre irmãos.

O restante das aulas não demorou a passar. Shotaro saía da sala junto a Hendery e, antes de virarem o corredor, já se despediram. Enquanto seu destino era procurar Sungchan, o Wong precisava ir até a biblioteca antes de ir embora. Devolveria alguns livros que pegou nas últimas semanas.

Não se preocupou muito se iria embora sozinho. Adentrou a biblioteca e não teve pressa em devolver os livros. Sentiria muita falta daquele lugar quando as aulas terminassem. Hendery permaneceu mais alguns minutos dentro no local até perceber que ficaria tarde para voltar para casa.

Se despediu dos funcionários antes de finalmente deixar a escola naquela noite. Do lado de fora, ele notou que havia pouquíssimos alunos. Ajeitou a mochila em suas costas e começou a seguir pelo caminho de casa. Os poucos segundos que pegou o celular para verificar as horas foram o suficiente para não ver alguém surgindo em sua frente e, assim, fazendo-o esbarrar contra seu corpo. Por pouco seu celular não acabou caindo.

- Oh, me desculpe. Eu me distraí por um momento e não te vi – Hendery guardou seu celular no bolso do moletom e finalmente encarou o indivíduo que estava à sua frente. – Você?

Arregalou os olhos ao notar o cabelo loiro, na pele pálida e no olhar baixo. Suspeitou que estivesse vendo coisas demais, mas não tinha dúvida que era Xiaojun a aparecer coincidentemente naquela noite.

- Oi.

- Oi? É só isso que vai dizer? – percebeu que ele estava hesitante para falar ou manter pelo menos um olhar por mais de três segundos. – Esquece. Só fiquei surpreso em te encontrar aqui. Aliás, seu irmão sabe que você está aqui?

- Não. Nenhum deles sabe e não vão saber.

- Como assim? – o encarou confuso. – O que quer dizer com isso? Está fugindo deles?

- É um assunto complicado, mas as coisas podem se resolver – o loiro se aproximou minimamente, apenas para o outro ouvir melhor. – Eu preciso da sua ajuda. Posso contar com você?