Apenas Um Sonho

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Mesmo com seus pensamentos o perturbando, Sungchan não deixava de os ter o tempo todo. Ele havia desistido de prestar atenção nas aulas. Nas provas, as fez com facilidade e rapidez, como sempre. Quando viu que não tinha mais prova naquela noite, não voltou para sua sala de aula depois do intervalo.

Em sua mente, os últimos acontecimentos insistiam em permanecer. Ele parecia mais sozinho agora do que nas últimas noites. Ao seu ver, achava que era necessário e merecido. Ele não voltaria no tempo para consertar tudo, mesmo se pudesse. A única coisa que se arrependia era de ter falhado em agir como humano. Para ele, poderia continuar com aquela rotina calma de sempre.

Ele não estava chateado com Shotaro por querer se afastar de si por ser um vampiro, até porque Sungchan tentava afastar essa parte de si mesmo todos os dias. Era compreensível a decisão do menor.

Por horas, ficou pensando se devia ter dito mais alguma coisa para Shotaro, antes do mesmo ir embora naquela noite. Do que adiantaria qualquer explicação ou desculpa, se não podia mudar o que era, mesmo que quisesse.

Se ao menos ele conseguisse se aproximar de Shotaro mais uma vez e provar que iria tentar ao máximo não ser o monstro que ele imagina, mas alguém que ele continuaria confiando, com certeza o faria. Só não sabia como convencê-lo a voltar a lhe ouvir.

Além dessa questão, ainda havia outro problema. Sua relação com seus irmãos estava cada vez mais difícil de suportar. Tirando Mark, os outros dois não falavam consigo. No caminho para escola e casa, Xiaojun não olhava para si e ignorava todas as suas tentativas de aproximação. Era o que podia lidar no momento, visto que o menor acatou a ordem de não lhe bater mais.

Quando chegou em casa naquela noite, subiu para o seu quarto em silêncio. O clima tenso na mansão lhe permitia se trancar no cômodo e não falar com ninguém. Olhava em seu celular, mas não tinha vontade de trocar mensagens. A única pessoa que ele responderia era Shotaro, mas este não queria mais falar consigo, ou ao menos se forçava a não falar.

Não conseguia aceitar o fato dele simplesmente ignorar todos os momentos que passaram juntos e decidir que o melhor era se afastar de si. Sungchan pensava se Shotaro também sentia o mesmo que si e se isso não havia afetado nenhum pouco em sua decisão .Antes de tudo desmoronar em sua cabeça, acreditava que ele sentia alguma coisa por si que não era apenas um sentimento de amizade.

Mas só conseguiu enxergar medo e incerteza no olhar de Shotaro desde aquela noite.

Passou horas torturando a si próprio por ser o culpado do fim da amizade dos dois. Por fim, decidiu dormir e tentar se livrar desses pensamentos que lhe faziam mal.

...

Aquela não era a primeira vez que Sungchan sonhava em estar correndo em busca de alguém.

As ruas estavam completamente escuras, sem movimento algum. Sungchan fechava os olhos e sentia para qual direção aquele aroma levemente doce misturado a álcool e sangue estava mais intenso. Quanto mais se aproximava mais sua sede aumentava. Precisava encontrar aquela pessoa urgente.

Seus passos foram diminuindo assim que se deu conta de que iria adentrar em um prédio antigo. Ao levantar o olhar para uma das janelas, percebeu que aquele era o único lugar mais iluminado de toda cidade.

Subiu o primeiro andar até chegar em seu destino. Sua mão foi rapidamente empurrando a porta que estava somente encostada e precisou de alguns segundos até se acostumar com a claridade. Aos poucos notou os cômodos vazios e estranhou de imediato. No entanto, ao se aproximar de uma porta entreaberta, pôde ver que era um quarto com apenas um armário, uma escrivaninha e uma cama, em que havia um corpo desacordado sobre ela.

Young and Pure - SungtaroOnde histórias criam vida. Descubra agora