Melhor Que Um Sonho

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Durante o percurso, Shotaro batia freneticamente seus dedos no banco do carro. Não queria se mostrar tenso ou ansioso, apenas controlar o que se passava em sua mente. Pensava se Sungchan estaria sentindo sua agitação. Se ele realmente estivesse, ao menos não transparecia naquele momento.

Estavam a caminho da casa do maior e passariam algumas horas juntos até decidir a hora certa de ir embora. Sabia que não podia ficar muito tarde, pois ainda pensava em seus pais e, também, porque não arriscaria deixar o Jung sair à luz do dia por sua causa. Não queria mais preocupações, principalmente naquela noite.

Permaneceu calado nesses minutos, enquanto observava a estrada e, às vezes, desviava o olhar ansioso para Sungchan. Tentava encontrar um assunto para quebrar o silêncio entre eles, mas sentia que sua voz não sairia tão firme.

- Shotaro.

- Hum? – virou seu rosto rapidamente na direção dele, não conseguindo disfarçar seu nervosismo.

- O que você tanto pensa? Parece que está indo a minha casa pela primeira vez, mesmo sabendo que meus irmãos não estão lá.

- É só que... Mesmo estando muito calmo agora, sinto meu coração muito agitado. Aconteceram tantas coisas nesses últimos meses, que até essa tranquilidade entre nós me preocupa.

Sungchan diminuiu um pouco a velocidade na estrada, olhando brevemente as expressões do menor enquanto ele falava consigo. Não se incomodava com seu silêncio, mas seu olhar perdido naquele momento era impossível de ser ignorado enquanto dirigia.

- Queria afastar essa preocupação de você, mas só posso te mostrar que, apesar de tudo, nenhum de nós está sozinho – disse Sungchan. – Meus pensamentos melhoram quando vejo que estamos juntos, até mesmo esqueço por alguns segundos o que eu sou.

- Você gosta de ficar assim comigo? Digo, escondendo o que você é por minha causa?

- Não é como se eu não me reconhecesse mais. Eu nunca tive prazer em causar medo a alguém – o maior pensou por um momento, trazendo algumas lembranças de como se sentia estranho e, até mesmo, assustado quando a realidade lhe atingia intensamente ao se ver afastado dos hábitos humanos. – Com você, posso pensar que tenho uma vida normal.

- Mas isso é bom para você, Chan? – encostou a cabeça no banco do carro, abraçando seu próprio corpo ao sentir que o caminho ficava cada vez mais frio.

- Meus irmãos podem dizer que não, mas eu me sinto bem. Enquanto alguns não suportam seguir as regras, eu prefiro melhorá-las. Acredito que posso continuar fingindo que sou um de vocês.

Shotaro assentiu brevemente, voltando a olhar pela janela ao perceber que se aproximavam da mansão. Suspirou profundamente antes de tirar o cinto de segurança, vendo Sungchan parando o carro. Assim que desceram, o menor ficou ao lado do Jung e segurou em sua mão. Apesar de conhecer aquele lugar, sentiu um arrepio passando pelo seu corpo por estar escuro e silencioso à sua volta.

O mais alto foi lhe puxando até o interior da mansão, podendo se aquecer um pouco. Diferente da primeira vez, quando estava nervoso para falar com os irmãos dele, naquele momento, sua mão apertava a do Jung ansiosamente por estarem sozinhos.

- O que nós vamos fazer?

- Se quiser, podemos ficar aqui na sala ou subir para o meu quarto. O que você prefere? – se virou de frente para si, fazendo um carinho em seu rosto.

- Gosto do seu quarto. Digo, me sinto mais à vontade lá – desviou seu olhar envergonhado, desejando que suas bochechas não estivessem tão rosadas.

- Então vamos! – lhe deu um selinho antes de voltar a puxar sua mão, o levando até o andar de cima.

Durante o caminho, Shotaro pensou que poderia aproveitar aquele momento para perguntar mais algumas coisas a Sungchan. Muitas vezes, sentia que precisava conversar sobre a vida dele e, principalmente, suas escolhas.

Young and Pure - SungtaroOnde histórias criam vida. Descubra agora