A Aposta — Capítulo 9 — capítulo 10
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Dante não moveu um único músculo ao ouvir a algazarra dos outros prisioneiros com a chegada dos novos detentos. Ele tinha contado as horas para que aquele momento chegasse e agora ali estava sua recompensa. Não tinha feito nada além de pensar nos dois dias que havia aguardado a chegada de Jin Takeo, sempre cogitando em como iria matá-lo e depois de muito fantasiar a sua decisão, finalmente estava tomada.
De relance ele viu os novatos passarem, sendo escoltados pelos guardas às suas celas, porém não se importou em levantar da cama onde estava deitado, iria se encontrar com quem ele gostaria mais tarde.
Assim como pensou, os novos detentos puderam compartilhar do banho de sol com os outros prisioneiros. Enquanto os outros dois presidiários que haviam chegado à cadeia hoje, um político corrupto e um assaltante estavam quietos em um canto do pátio, Jin estava circulando e “socializando” como se fosse o rei do lugar.
- Com uma atitude assim, fico surpreso que ele ainda esteja vivo. – Murmurou Dante com um sorriso, não se importando se alguém ouvisse, principalmente porque não tinha ninguém a menos de dois metros dele, a não ser que fossem ordenados, afinal, não tinha ninguém ali que não temia ou respeitava Dante Nostrade. O moreno era conhecido tanto por seu poder e dinheiro como por seu sangue frio e ninguém que tivesse juízo e já tivesse ouvido falar da família do moreno ousava desafiá-lo, e Jin logo mostrou que era um desses desavisados.
- Vi que você está sozinho, cara. Algum problema contigo? Se quiser ser popular é só andar comigo. – Falou Jin se dirigindo a Dante, não vendo os presos atrás dele ofegarem enquanto o Nostrade abria um sorriso perigoso.
- Hummm... Entendi. Mas você não acha que está muito cheio de bola para alguém que está aqui por um crime que nem cometeu?
- O- O quê? – Gaguejou o rapaz. - Como você sabe disso?
- Vamos apenas dizer que tenho as minhas fontes e elas me contaram que seu único crime foi abusar de uns pobres Tal Neo pela cidade.
- E daí? Você pode até considerar uma bobeira os meus crimes contra os Tal Neo, mas você não diria isso se visse como ficou a nossa última vítima. Cara, você tinha que ver, um ruivo muito do gostoso que eu adoraria ter traçado, mas ele era do tipo rebelde, sabe? Só deu para arrebentar ele e do jeito que batemos, duvido que aquela carinha de mulher dele esteja bonita agora.
- Claro... Machucar os mais fracos é o que homens da sua laia fazem. – Falou Dante sério, cheio de desprezo, sua voz fria como gelo.
- Oh! É mesmo? E quem é você para falar de mim?
- Desculpe a descortesia, sou Dante Nostrade e você? – Falou Dante desinteressadamente, quase não contendo a gargalhada quando viu o rapaz a sua frente ficar branco. – Não se preocupe, não estou zangado por sua ignorância, novato, como prova disso vou até te dar um dos meus cigarros.
- Eu... Valeu. – Falou Jin. Quando ouviu aquele nome chegou a pensar que estava morto por ter sido desrespeitoso, contudo, pareceu que não era o caso. Ele como todo mundo naquela cidade já havia ouvido falar dos Nostrade e o seu “negócio” de família. Agora ele entendia porque os outros presos nem olhavam para onde o moreno boa pinta estava. Pegando o cigarro oferecido, ele o pôs na boca sorrindo com a ideia de fazer “amizade” com um dos homens mais poderosos da cidade. Acendeu o cigarro oferecido e deu uma grande tragada e depois outra, não demorando muito para que se sentisse mal depois disso.
- Hahaha! – Deu uma risadinha nasalada Dante, vendo Jin começar a ofegar enquanto parecia tonto. – Está se sentindo mal?
- O que... Está acontecendo? – Falou Jin dando alguns passos trôpegos e se apoiando na parece atrás de Dante.
- Bem, você conhece a erva do lobo? – Falou o moreno, vendo Jin arregalar um pouco os olhos enquanto dava toda sua atenção ao homem a sua frente, bem como Dante queria. – Deve conhecer, mas se não vou te explicar. Essa erva é um poderoso veneno que ataca a via e sistema respiratórios, matando lentamente suas vítimas, assim como está acontecendo com você, seu babaca. – Falou Dante, dando um forte chute na barriga de Jin que voou alguns metros caindo de costas no chão.
Antes que tivesse chance de se levantar, o Neofóbico foi agarrado por dois detentos e arrastado para dentro do complexo, levado para a lavanderia enquanto os guardas pareciam não ver o que estava acontecendo assim como os outros presos. Ele foi deixado no chão pelos detentos que logo saíram, deixando-o novamente a sós com Dante.
– Se fosse você não falava. – Falou o Nostrade quando o Takeo abriu a boca. - Ou o veneno se espalhará ainda mais rápido, mas se quiser esteja à vontade para gritar, chamar os guardas... De qualquer forma é muito tarde para salvar sua vida miserável.
- Por quê? – Murmurou Jin e só o fato de falar o fez ter uma crise de tosse, cuspindo sangue enquanto lutava para respirar.
- Sabe aquele Tal Neo que você veio se gabar de ter arrebentado? Pois bem, ele é meu e ninguém se mete com o que pertence a um Nostrade. – Falou Dante sem emoções, vendo o pânico brilhar nos olhos negros do outro.
- Eu não... Sa... – Tentou murmurar Jin, mas levou um chute no rosto, sentindo seu nariz se quebrando, a dor fazendo suas orbitas girarem.
Deixando a ira transparecer no rosto Dante continuou chutando o rapaz que se debatia no chão, clamando por misericórdia, enquanto o Nostrade continuava repetindo que ele não deveria ter se metido com o que era dele, até que o homem no chão parou de se mover.
- Hahahaha! Você teve o que mereceu. – Falou Dante enquanto tranquilamente se abaixava perto do rosto ensanguentado do homem, verificando se estava respirando. Ao comprovar que não, ele se ergueu indo limpar toda a sujeira de seu corpo, mudando as roupas sujas de sangue por outras já deixadas na lavanderia antes de tranquilamente voltar ao pátio da prisão, como se nada anormal tivesse acontecido.
***
Hatsu não havia voltado à faculdade nem ao estágio ainda, por isso se surpreendeu quando recebeu uma ligação de Oliver, porém como Campbell havia dito queria que ele soubesse as notícias antes que descobrisse pelos jornais.
- Dante pode ser acusado de matar um dos detentos? – Falou Hatsu surpreso e furioso.
- Sim. Dado que ele foi uma das últimas pessoas a ser vista falando com o presidiário. – Foi simplista Campbell, mesmo que a questão não fosse tão simples.
- Você está indo para o presídio? – Perguntou Hatsu alarmado, apesar de tudo ele acreditava na inocência do outro.
- Sim. Estou. – Falou Campbell hesitante.
- Eu quero ir com você.
- Hatsu, eu não...
- Por favor. – Pediu o rapaz aflito.
- Tudo bem. – Cedeu Oliver, mesmo que não estivesse certo de que estava tomando a melhor decisão. - Passo aí para pegá-lo em dez minutos, esteja pronto.
Hatsu agradeceu mentalmente por sua avó ter dado uma saída e ser horário da faculdade de Drew. Rapidamente ele trocou de roupas, não se preocupando em colocar um terno, em ser formal, não estava indo como assistente de advogado por mais errado que fosse, estava indo como amigo. Quando ouviu a buzina do carro de Campbell do lado de fora, Hatsu deixou o bilhete que havia escrito para a avó preso na porta da geladeira e correu para o lado de fora, entrando rapidamente no carro do advogado que olhou para ele de forma contrariada.
- Tem certeza?
- Tenho. – Falou o rapaz convicto.
- Mas antes eu preciso te dizer uma coisa, Hatsu, o presidiário morto hoje mais cedo foi Jin Takeo.
Hatsu arregalou os olhos, a desconfiança da inocência de Dante rodando em sua mente, mas só por um instante, logo ele ignorou aquela ideia e disse para Oliver que entendia a situação, que queria ir assim mesmo ao presídio.
Quando chegaram à prisão e foram encaminhados para a sala de visitas, Oliver falou muito para um Dante com a expressão satisfeita enquanto um Hatsu silencioso e cheio de dúvidas permanecia em sua cadeira, ao lado do professor.
- Não importa o que aconteceu aqui, nem que provas esses merdas dizem que têm, como meu advogado, que é muito bem pago por sinal, é seu trabalho me tirar daqui. Vá fazer o seu trabalho e pare de encher o saco. – Falou Dante, pela primeira vez se mostrando como realmente era na frente de Hatsu. Arrogante, prepotente e impaciente.
- Eu estou fazendo o meu trabalho, mas tudo se complica quando o cliente não colabora. – Falou Oliver no mesmo tom de Dante, se levantando. – Vou tentar livrar o seu traseiro Nostrade, mas juro que nunca mais aceito um caso envolvendo sua família.
- Haha... Vamos ver. – Falou Dante.
- Eu vou ficar. – completou o ruivo.
-Hatsu... – Tentou Campbell.
- Tudo bem Oliver, eu... Tem algumas coisas que preciso saber. – Falou o Ominaga com um sorriso triste.
Naquele instante Oliver percebeu que seu estagiário estava começando a ver as coisas como elas realmente eram e foi por isso, somente por isso, que ele permitiu que o rapaz ficasse. Estava na hora de Hatsu enxergar o lobo na pele de cordeiro que Dante era então ele concordou que o rapaz ficasse com um aceno de cabeça e saiu, deixando os dois homens sozinhos na sala.
- Você matou Jin Takeo? – Perguntou Hatsu direto. Seus olhos vermelhos e intensos pregados aos dourados de Dante. – Ele tentou fazer algo contra você e você o matou? Por que daquele tipo de homem e não duvido nada. – Tentou o rapaz ainda justificar o assassinato.
- Se você me der um beijo eu respondo a sua pergunta. – Falou Dante com um sorriso.
- Eu não estou brincando Dante. – falou Hatsu exasperado.
- E quem disse que estou? – Completou Dante se levantando, cercando o rapaz na cadeira e o beijando com toda a força do desejo por Hatsu que vinha reprimindo desde que pôs os olhos sobre ele, notando satisfeito que apesar de relutante o ruivo cedia aos poucos, permitindo o aprofundar do contato, língua, e dentes se chocando em uma busca desenfreada por mais daquela sensação inebriante, até ambos ficarem sem ar.
- Dante... - Suplicou o Ominaga perdido, sem saber mais pelo que buscava: se pelos lábios de Dante ou pela verdade.
- Eu o matei. – Falou Dante, se inclinando perto do ouvido do rapaz, que se retesou todo no instante que aquelas palavras sussurradas de forma fria alcançaram seu cérebro. – Ninguém toca no que é meu, Hatsu.
- O- O q-que...? – Gaguejou o rapaz, espalmando as mãos no peito do maior, afastando-o o suficiente para olhar o rosto bonito do outro, assustando-se ao se deparar com o sorriso cruel.
- Eu o matei, ele não teve nenhuma chance, não teve nem tempo de implorar por sua vida e fiz tudo isso porque ele tocou no que é meu, entende? Você é meu Hatsu.
- Não... Não... NÃO! – Começou a dizer baixinho o ruivo, terminando em um gripo. Ele não estava preparado para aquele tipo de verdade, tinha pensado na possibilidade do Nostrade ter matado Jin, mas por legítima defesa, não por vingança, nunca vingança.
- Faria tudo de novo. – Ditou Dante tentando beijar novamente o rapaz, entretanto, sendo empurrando com tamanha violência que a cadeira mesmo sendo pesada virou para trás e Hatsu foi ao chão.
- Não me toque. Fique longe de mim. – Falou Hatsu. – Vou devolver cada centavo gasto com as minhas despesas médicas e depois vou esquecer que te conheci, não quero nenhum contato com um criminoso que nem você. – rosnou o rapaz corajoso, mesmo que seus olhos ardessem cheios de lágrimas, que ele jurou que não deixaria escapar.
Dante riu, não, gargalhou enquanto se abaixava e tentava ajudar o rapaz caído no chão a se erguer, levando um tapa na mão, vendo o ruivo se erguer sozinho, admirando e desejando cada vez mais aquele garoto.
- Acho que é tarde demais para você voltar atrás, querido, afinal agora somos amigos, digo até cúmplices, eu matei para te defender.
- Não! – Gritou Hatsu. – Eu nunca seria cúmplice de um bandido, se você o matou é problema seu. Espero que apodreça aqui dentro.
- Hahaha! Você acha que isso vai mesmo acontecer? – Perguntou o Nostrade nem um pouco abalado ou ofendido com as palavras de Hatsu, apenas divertido com aquela reação.
- Sim. A justiça será feita.
- Ok. Façamos uma aposta então.
- Porque eu apostaria algo com você se tudo que quero é sair daqui e fingir que nada disso aconteceu?
- Porque eu posso te dar tudo que você mais quer, querido. Você sabia que a família Nostrade está negociando para adquirir metade das ações do escritório de advocacia da qual você faz estágio? A tão aclamada Seigun associações de advogados? Você não gostaria de ser dono delas?
- Como? – Perguntou Hatsu arregalando os olhos.
- Sim. Eu gosto de apostar, meu bem. Você acredita na justiça, não é mesmo? Pois bem, meu julgamento é amanhã e agora posso ser acusado do assassinato de Jin Takeo, todas as provas estão contra mim, afinal o veneno encontrado no corpo de Jin era de uma erva venenosa que é cultivada apenas na estufa da minha família. Os promotores estão certos que me pegaram e confesso que eles têm 89% de chance mais ou menos de ganharem o caso, pelo menos à acusação de assassinato desse verme.
- E o que isso tem haver com a tal aposta? – Perguntou Hatsu.
- A aposta é o seguinte. Se eu for condenado te dou todas as ações da Seigun que a mina família está adquirindo e você nunca mais verá minha cara, porém se eu for inocentado você me dará seu corpo por quanto tempo eu quiser.
- E- Eu...- Hesitou o rapaz, não querendo fazer um trato como aquele com Dante, mas vendo uma chance única ali.
- Eu o que, Ominaga? Está com medo? Não foi você que disse que acredita no poder da justiça? – debochou Dante.
- Eu acredito e aceito! – Falou Hatsu caindo na provocação.
- Então vamos apertas as mãos como cavalheiros e selar o trato.
- Você não é um cavalheiro, é um mostro. – Ditou o ruivo, porém estendeu a mão ficando surpreso quando foi puxado e beijado na boca, um beijo rápido, apenas para selar o acordo.
- Vemo-nos nos tribunais, Dante. – falou Hatsu limpando a boca com a manga da camisa, enquanto chamava o guarda, fazendo o moreno gargalhar.
- Vemo-nos, querido. – Respondeu, vendo uma dos guardas acompanhar o rapaz e outro entrar na sala e o algemar enquanto ele pensava que seus planos não poderiam ter saído mais perfeitos.
***
Na mansão Nostrade os pais de Dante se preparavam para dormir depois de um dia agitado. A morte de Jin Takeo tinha sido notícia, pois além dele ser filho de um famoso político da cidade, o principal suspeito de sua morte era um Nostrade, o que culminou em um dia repletos de ligações da imprensa e coube a dona da casa lidar com isso com toda a classe e elegância que só Hysteria sabia ter.
- Ai... Esse nosso caçula só apronta. – Falou Hysteria ao marido, se aproximando da cama deles em que Hokuro estava confortavelmente instalado, lendo um livro. – Somos assassinos, sim, mas isso não nos torna maus-caracteres. Eu acho muito errado isso que Dante está fazendo a esse menino. – Disse a mulher, se livrando do robe e finalmente chamando a atenção do marido que olhou cheio de interesse e desejo o corpo esbelto da mulher, coberto por uma fina e justa camisola de seda negra que se moldava as belas formas dela com perfeição.
- Foi você que o mimou, agora não reclama. – Disse Hokuro puxando a esposa pela mão, derrubando-a na cama, subindo em cima dela, reivindicando a boca pequena que estava torcida em uma careta pelas palavras do marido. – Nosso filho está apaixonado por aquele garoto de charmosos olhos vermelhos, apesar de não ter entendido o que se passa em seu coração ainda, por isso faz o que faz, para chamar atenção do rapaz, Hysteria.
- Hahahah! – Riu a mulher morena, desfazendo seu bico de indignação pelo marido ter dito que ela mimava Dante, apesar de ser verdade. – Oh! O devastador amor Nostrade, não é?
Hokuro concordou com a cabeça esperando para ver o que sua linda e adorável esposa diria.
- Tenho pena desse rapaz se Dante realmente estiver apaixonado. Se for só desejo, uma noite será o suficiente para acabar com esse fogo do nosso filho, mas se ele estiver mesmo apaixonado...
- E ele está. – Falou Hokuro.
- Então será apenas uma questão de tempo para que Hatsu seja destruído. – Disse a mulher com pesar. – Não acho que ele seja forte o suficiente para aguentar o peso do amor de um Nostrade. O amor dessa família é veneno que não tem cura, que te despedaça pouco a pouco por dentro se você não for forte o suficiente para suportar.
- Por que fala isso querida? – Perguntou Hokuro divertido.
- Oh! Eu lembro muito bem o que você fez com todos os meus pretendentes, Hokuro. Seu amor é destrutivo, e os seus filhos tem o mesmo defeito. Você os matou um por um, todos os meus amantes, sua sorte era que eu não amava nenhum deles, já estava apaixonada por você, mas Hatsu... O caso é que eu sempre pertenci a uma família de assassinos, bem antes de te conhecer, estou acostumada com a morte e com o peso que é tirar a vida de alguém, ou de amar e conviver com uma pessoa que ganha à vida tirando a vida de outra pessoa, mas o rapaz não acho que ele possa suportar isso.
- Mas ele terá que aprender, Hysteria, pois Dante não vai largá-lo enquanto não se satisfazer. Então ou Hatsu Ominaga aprende a conviver com o fato do coração de um assassino pertencer a ele ou será destruído, totalmente consumido pelo veneno do amor de um homem Nostrade. – Falou Hokuro, não dando chances de Hysteria responder, beijando a mulher, começando a acariciar o corpo dela com maestria, estava na hora de esquecerem os problemas e se curtiram, afinal até um assassino tinha o direito de amar.
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A aposta
FanfictionA Aposta fanfiction.com.br Hatsu Ominaga é um estudante de direito e jovem Tal Neo, um tipo especial de homem que pode engravidar que tem sua grande chance ao receber a oportunidade de estagiar com um renomado professor em um polêmico caso: o de Dan...