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A Aposta — Capítulo 18

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Todos que conviviam com Hatsu Ominaga sabiam o quanto ele tinha lutado por sua liberdade, para fugir do mundo para qual foi arrastado sem escolhas e durante muito tempo as lutas foram muitas e constantes, em algumas ele saiu vitorioso em outras ele perdeu, porém ele sempre se erguia pronto a batalhar de novo e de novo, mas depois de tanta luta algo nele se perdeu.
C

omeçou quando descobriu que ao mesmo tempo em que tinha um motivo para lutar, que era sua gravidez, esse mesmo motivo era o que o prendia ao seu pior inimigo e culminou quando suas mãos se sujaram de sangue, aquele foi o início do fim, só que todo fim tem seu reinicio e o de Hatsu veio quando seus filhos nasceram. A partir do momento que ele colocou os olhos sobre Haru e Yuki tudo mudou. Um novo Hatsu, aquele que a família Nostrade estava moldando sem que nem mesmo o rapaz percebesse, emergiu naquele momento. Ele apagou de sua mente seus conceitos sobre a sociedade, sobre justiça e até sobre amor, naquele momento não havia nada que ele não pudesse fazer pelos filhos porque Hatsu Ominaga havia desaparecido e em seu lugar surgia Hatsu Nostrade.

10 Anos depois...
Muita coisa havia mudado em todos esses anos. Hatsu aprendeu a ser um Nostrade e era conhecido e temido como tal. Não que ele matasse a torto e a direito, depois de Mazarov ele nunca mais sujou suas mãos com o sangue de outra pessoa, mas ainda sim estava sujo por outros crimes, a maioria contra a receita federal, crimes tão perfeitos que ele nunca havia sido pego, como um verdadeiro Nostrade.
Em todo esse tempo algumas coisas haviam mudado. Hysteria e Hokuro já haviam se aposentado da maioria de suas atividades, dando o controle da família naquele país a Dante e Hatsu, passando a apenas ensinar aos netos o “legado” da família, coisa que gerava ainda muita discussão entre eles, principalmente entre Hatsu e Dante.
– Eu não aceito isso. – Bradou Hatsu zangado. - Claro que é impossível eles não saberem o que exatamente a família deles faz para viver, mas não concordo com o fato deles serem obrigados a seguirem os passos de sua família, Dante. – Completou Hatsu zangado.
– Eles têm que aprender a se defender, Hatsu, afinal temos muitos inimigos. – Devolveu Dante, sabendo que não deveria ter contado ao ruivo que seu pai queria dar a primeira missão de assassinato a Haru e Yuki.
– Isso não é questão de se defender, Dante. – Gritou Hatsu, seus cabelos ruivos agora mais compridos, chegando aos ombros balançando com os movimentos bruscos de seu corpo pequeno. – Seijin e Raki ensinam autodefesa a eles desde pequenos, eu aceitei isso porque achava necessário, mas isso que seu pai quer... Eles só têm Dez anos, Dante. – Lamentou-se Hatsu, que apesar de tudo ainda não aceitava o fato de que seus filhos teriam que seguir as tradições da família Nostrade.
Dante queria dizer que ele cometeu seu primeiro assassinato aos oito anos, que já havia dado tempo demais aos filhos, mas permaneceu quieto, no fundo, sabendo que Hatsu lutaria até o fim contra aquilo, pois mesmo que muito bem escondido aquele Hatsu ingênuo e crédulo, que acreditava cegamente na justiça e queria que os filhos fossem cidadãos nobres e seguidores da lei, ainda existia por baixo da fachada desse novo Hatsu.
– Vamos... Adiar mais um pouco, então. – Cedeu Dante, vendo Hatsu abrir um daqueles sorrisos de tirar o fôlego que mesmo depois de dez anos ainda fazia seu coração apaixonado acelerar.
Hatsu sorriu de alívio, mais uma vez conseguindo adiar que seus pequenos sujassem a mão de sangue, desejando conseguir adiar até o momento que seus filhos fossem adultos e capazes de escolher seu próprio destino. Se eles escolhessem seguir a “tradição” de família nada ele poderia fazer, mas pelo menos ele saberia que deu alguma escolha a eles.
– Incrível como ele cede fácil e fica de quatro abanando o rabinho para você. – Comentou Agatha, entrando no escritório onde Hatsu e Dante discutiam antes e assustando a ambos.
Dante rosnou com a falta de discrição e educação de Agatha, não é porque ela morava ali que podia invadir a privacidade deles.
– Perguntei-te alguma coisa sua velha gagá? – Rosnou o Nostrade, trocando farpas com a mulher e odiando Agatha um pouquinho mais.
– Velha é a senhora sua mãe, seu... – Rosnou Agatha, que apesar de mais alguns cabelos brancos na cabeça e menos disposta do que antes ainda era uma mulher bonita e em seu perfeito juízo.
– Vovó... Por favor. – Lamentou-se Hatsu, sabendo que se não impedisse aquela discussão duraria horas. – Você quer alguma coisa ou só veio implicar com Dante?
– Vou sair com Yuki. Ele quer comprar um presente para alguém. – Falou Agatha olhando diretamente para Dante com um sorriso provocador. – Acho que talvez seja para um namoradinho.
– Por cima do meu cadáver. – Rosnou Dante, odiando Agatha e sua mania de provocá-lo usando até os seus bisnetos para isso.
– Bisa... Vamos? – Perguntou o garotinho de voz doce, vestido em um kimono feminino enquanto entrava no escritório, abrindo um sorriso meigo para os pais.
– Aonde pensa que vai mocinho? – Perguntou Dante franzindo o cenho, olhando seu filho de cima abaixo. Com seus cabelos negros e compridos soltos enfeitados com uma fita azul claro do mesmo tom do kimono, Yuki estava perfeito. O fato de ele estar vestido como menina não incomodava ninguém. O garoto havia sido tratado na infância como uma menina por Hysteria e Agatha e seu gosto por roupas femininas persistia até hoje, e com o rosto e corpo delicado que possuía ninguém diria que debaixo daquelas roupas na verdade existia um menino.
– Vou passear. - Falou empolgado o menino, camuflando a verdade em sua alegria, afinal, era suficientemente esperto para saber que se contasse o verdadeiro objetivo daquele passeio seu pai ciumento e possessivo nunca o deixaria ir.
– Vão levar Raki? – Perguntou Hatsu, não gostando do fato de sua avó e Yuki saírem sozinhos. Sabia que Yuki assim como Dante era suficientemente inteligente e habilidoso e saberia sair de uma enroscada facialmente, mas ainda sim ele era superprotetor em relação aos filhos.
– Sim, o padrinho quer fazer compras também. – Comentou Yuki se referindo a Raki, que além de padrinho cuidava do treinamento do garoto.
– E Haru? – Perguntou Hatsu já que geralmente os gêmeos estavam sempre grudados.
– Ele está treinando com Seijin. – Respondeu Yuki de mau humor, odiando o fato do irmão gêmeo não querer ir ao Shopping com ele. – Ele é um chato.
Hatsu rodou os olhos, pensando em seu outro filho. Haru era o total aposto de Yuki, tanto em aparência quanto personalidade. Haru era orgulhoso e extremamente obediente ao contrário do irmão que era tinhoso e fazia o que queria. O gêmeo mais velho também era um pouco mais alto e forte que o irmão, mas era tão belo quanto Yuki. Sua cabeleira vermelha junto aos pequenos e sagazes olhos azuis já chamavam a atenção das pessoas, mas o que Hatsu mais gostava em Haru era o fato de que o menino era tão lindo por dentro quanto por fora, assim e por esse mesmo motivo ele sabia que seu filho nunca seria feliz se tivesse realmente que tirar a vida de outra pessoa, seu coração bondoso não permitiria.
– Pode ir, mas saiba que estou de olho em você, Yuki. – Rosnou Dante, sabendo que tinha que olhar pelo seu filho Tal Neo que já havia dado mostras de ter uma personalidade muito parecida com a sua, o que o fazia preocupado sobre o futuro.
Hatsu viu sua avó e filho saírem, e então direcionou seu olhar a Dante. A maior mudança nesses últimos anos havia sido em relação aos sentimentos dele pelo Nostrade. Quando ele disse que tentaria amar o moreno estava falando sério, não foi fácil, Dante teve que esperar bastante tempo, mas enfim aconteceu. Depois de tantos “eu te amo” sussurrados em seu ouvido durantes noites de intensa paixão, ou então observar o outro falando com tanta alegria dos filhos, conversando sobre o futuro, ele percebeu que havia chegado o amor, não de forma arrebatadora, mas havia entrado em seu coração. Sem que ele realmente esperasse, em uma noite nos braços de Dante, ele finalmente disse que o amava e aconteceu de forma tão fácil e sincera que nem mesmo ele acreditou e muito menos Dante, contudo, foi muito divertido provar o quanto amava aquele Nostrade.
***

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