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A Aposta — Capítulo 14 — capítulo 15

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   A semana havia passado voando para Hatsu, desde a notícia da gravidez. Entre idas e vindas, a mansão da família Nostrade o ruivo não conseguiam decidir o que fazer dali para frente. Tanto em sua vida pessoal como na profissional. Ele continuava frequentando a faculdade, mesmo que com menos frequência, porém ainda não havia decidido se queria ou não seguir a carreira de advogado, mas o que realmente lhe incomodava no momento era sua vida privada.
 

O seu grande problema, que tinha começado com o início de seu estágio, tinha nome e sobrenome: Dante Nostrade. Se antes o moreno já ficava em seu pé e o deixava quase louco com toda aquela perseguição, imagina depois da descoberta da gravidez.
- Você está ouvindo o que estou falando, Hatsu? – Perguntou Dante aborrecido. Erguendo-se do sofá irado, começou a andar de um lado a outro na sala da casa de seus pais enquanto resmungava.
- Claro que estou ouvindo. Não sou surdo. – Ditou Hatsu também zangado, vendo os pais de Dante que também estavam na sala darem risadinhas discretas com sua reposta.
- Pois não parece! – Bradou Dante parando de andar, olhando para os pais com censura. – E vocês... Deveriam estar me apoiando, não dando trela para as gracinhas dele. Por que vocês acham que eu pedi para estarem aqui hoje?
- Não adianta, Dante, seus pais não vão me fazer mudar de ideia. Já disse e repito: Não vou morar aqui em hipótese alguma. – Falou Hatsu.
- E vai criar meu filho naquela droga de casa? Sem falar naquele bairro decadente! – Retrucou automaticamente Dante.
- Eu fui criado naquela casa e bairro, Dante. – Ditou Hatsu, tentando esconder a mágoa que aquelas palavras lhe causaram. A casa em que vivia com a sua avó era humilde, porém ele sempre foi muito feliz ali. Não deixaria que ninguém desmerecesse o que seus avós tinham batalhando tanto para conquistar. – Não ouse falar mal do meu lar.
- Não foi essa a intenção dele, querido. – Meteu-se Hysteria, e Dante quase soltou um suspiro de alívio com a intervenção da mãe. – Nós só achamos que seria melhor e mais seguro para você e o bebê morarem aqui.  Na verdade, o certo mesmo seria vocês se casarem e darem um lar decente a essa criança.
  Dante riu abertamente das palavras de mãe. Ele? Casando-se? Mas antes que Hysteria pudesse abrir a boca para brigar ele parou, pensando seriamente no assunto.
- Humm... Pensando bem, não seria má ideia nos casarmos. Se for para te manter aqui, faço qualquer sacrifício. - Falou Dante, não notando o olhar fulminante da mãe, o de pena do pai e o revoltado de Hatsu.
- Pode deixar que não vai precisar se sacrificar, Dante. - Falou Hatsu debochadamente. – Não quero me casar. Você já age como se fosse o meu dono apenas por sermos “amantes” imagina se nos casássemos. Você é o ultimo homem na face da terra que eu escolheria como marido, Nostrade. Fora que minha avó vai pirar quando descobrir sobre minha gravidez e, se para completar, ainda dissesse que iria me casar com você ela me mataria com certeza.
- Eu convenço aquela raposa velha da sua avó, isso é o de menos. – Ditou Dante com um sorriso. Seria muito fácil convencer uma mulher viciadas em jogos como aquela a conceder a “mão” de Hatsu a ele. Era só ele levá-la em um dos seus cassinos e deixá-la jogar o quanto quisesse que a avó de Hatsu cairia aos seus pés. – Case-se comigo, Hatsu. – Falou o moreno em tom de ordem.
- Um casamento muito proveitoso para ambos, Hatsu. - Falou Hokuro, tentando amenizar as palavras de Dante e tornar o casamento deles algo benéfico aos olhos do ruivo.
- Olha, não sei o que vocês pensam sobre o casamento, entretanto, eu sou adepto a ideia de casar por amor e eu NÃO amo o filho de vocês. Ele sabe disso e vocês também – Ditou Hatsu categórico.
- E quem você ama? Aquele tipinho de merda e pobretão que não tem onde cair morto? Poupe-me, Hatsu. – Disse Dante enciumado e despeitado. Era inadmissível que Hatsu preferisse aquele outro tipo a ele.
- Sim. Drew pode ser tudo isso que você falou, mas ainda é o homem que eu amo. O homem que seria meu marido e pai dos meus filhos se você não tivesse se metido em minha vida. – Falou o ruivo com rancor.
  Todos na sala ficaram em silêncio quase mórbido depois das palavras de Hatsu, contudo, Dante foi o primeiro a reagir. Fazendo uma expressão de descaso ele se aproximou de Hatsu, tocando o ruivo pelo queixo e o obrigando a olhá-lo antes de falar, deixando Hatsu ver seu olhar cheio de raiva e ciúmes.
- Ele pode até ser o homem da sua vida, mas sou eu que sou o pai do seu filho, você querendo ou não. – Ditou Dante largando o rosto de Hatsu, antes de sair a passos apressados, batendo a porta de entrada com força ao sair.
  Hatsu suspirou. Levantando-se do sofá o rapaz murmurou que iria se recolher e subiu para o quarto de Dante. Já tinha avisado para a avó que iria dormir fora esta noite, por insistência de Dante, então não iria para casa agora e de qualquer forma ele não se importava em dormir sozinho.
  Hokuro e Hysteria se entreolharam, vendo quão dura seria a batalha que seu filho teria que travar para alcançar o coração de Hatsu e fazê-lo parte da família Nostrade.
***
  Claro que Dante fez de propósito. – Pensou Hatsu desdenhosamente ao se sentar a mesa do café da manha vazia ainda por ser muito cedo e encontrar o jornal matinal em cima da mesa, estampado com várias fotos de Dante com o seu affair do momento.
- Bom dia, Hatsu. – Falou Hokuro ao entrar no recinto. Estava acostumado a sempre topar com o ruivo na mesa do café nos dias que o rapaz passava ali, o que desde a descoberta da gravidez eram quase todos os dias. Seu filho tinha se tornado ainda mais possessivo em relação ao ruivo com aquele fato. – Cadê Dante?
- Veja você mesmo. – Falou Hatsu dando de ombros e entregando o jornal a Hokuro. – Deve ter passado a noite com essa mulher da foto, pois para casa ele não voltou ontem. Fez-me perder o meu tempo de novo.
  Hokuro franziu o cenho olhando as fotos do jornal com reprovação e pensando se seu filho era idiota. Foi só pensar nisso que o fato se confirmou quando Dante entrou na sala de jantar, vindo da cozinha, pois deveria ter vindo da garagem, com a expressão cansada, os cabelos desgrenhados e roupas amassadas. A blusa meio aberta não escondia as marcas de mordidas e chupões violentos.
- Bom dia pai, Hatsu. – Falou Dante com um sorriso antes de se jogar em uma cadeira, exatamente frente à Hatsu, obviamente de propósito.
- Bom dia. – Responderam os dos juntos. Enquanto Hokuro olhava de forma reprovatória para o filho, Hatsu sequer tirou os olhos do que estava fazendo para olhar o recém-chegado, contudo, o ruivo logo levantou a cabeça, olhando o moreno, finalmente reparando na aparência do Nostrade e franzindo o cenho.
- Dante... Não é por nada não, mas você poderia ir tomar um banho antes de tomar café? O cheiro desse perfume... Arg... Doce demais. Está me deixando enjoado. – Reclamou Hatsu.
  Hokuro do outro lado da mesa pôs o guardanapo na boca, abafando uma risada da cara do filho. Ele sabia que as estripulias de Dante eram para causar ciúmes no rapaz, porém não estavam tendo o efeito esperado.
- Tem certeza de que é o cheiro que te incomoda? – Perguntou Dante, abrindo um sorriso debochando.
- E o que mais seria? Já conversamos sobre isso, não é mesmo? Você pode ficar com quem quiser não me importo, na verdade fico até feliz por você se encontrar com outros e não querer ficar me agarrando o tempo todo. Ficaria ainda mais feliz ainda se arranjasse alguém que me substituísse e me deixasse em paz de vez, mas parece que seus desejos só são satisfeitos comigo.
- O que você sabe sobre mim, Hatsu? – Falou Dante, não gostando daquela afirmação por mais verdadeira que fosse. Desde que tinha tido o ruivo em seus braços ninguém mais foi capaz de satisfazê-lo totalmente.
- Sei, por exemplo, que a tal da noite passada, essa que estava te agarrando na foto do jornal não deu conta do recado, sua expressão diz isso, Dante. Arranje logo um amante que te satisfaça e me deixe em paz de vez. – Disse Hatsu se erguendo e saindo apressado da sala de jantar.
  Dante estreitou os olhos enquanto levantava-se também, indo atrás do ruivo enquanto Hokuro suspirava, vendo nascer ali mais uma guerra que provavelmente seu filho não venceria.
***
- Você tem razão. Não estou satisfeito. – Disse Dante alcançando Hatsu quando ele já estava no segundo andar, indo para o quarto para pegar sua bolsa e ir embora.  Agarrando o ruivo pelo cotovelo, o moreno o puxou contra si tentando beijá-lo.
- Não ouse! – Gritou Hatsu tentando empurrar Dante, que apenas riu e voltou a tentar beijá-lo. – Como você ousa tocar em mim depois de voltar da rua ou sei lá de onde estava com aquela vagabunda, seu sujo?!
- Está com ciúmes? – Gargalhou Dante.
- Não, não estou com ciúmes. – Falou o rapaz frio. – Estou com nojo. – Ditou Hatsu surpreendendo Dante. – Não quero que me toque com essas mãos sujas. Nuca mais ouse tentar transar comigo depois de voltar de uma noite de farra, antes de pelo menos tomar um banho e de preferência fazer algum exame para ver se não pegou alguma doença. Se não tem respeito por mim tenha por seu filho, nós não merecemos pegar alguma doença por causa de um homem irresponsável e promiscuo como você.
- Você é meu, Hatsu. – Ditou Dante ofendido. - Eu faço o que bem quiser com você.
  Hatsu abriu a boca para retrucar as palavras de Dante quando uma terceira voz o impediu:
- As coisas não são mais bem assim, Dante. – Falou Hysteria, que estava escorada na porta de seu quarto com a expressão sonolenta e um pouco zangada, não apenas por ter sido acordada como pelas atitudes do filho. – Você pode até ter um “acordo” com Hatsu, mas a partir do momento que ele começou a carregar um filho seu as coisas mudaram.
- Como? – Perguntou o ruivo, arregalando um pouco os olhos.
- Venha aqui, querido, tenho algumas coisas para contar sobre as regras da família, regras que até o senhor Dante Nostrade tem que obedecer. – Disse Hysteria estendendo as mãos para Hatsu, que foi até ela prontamente quando Dante o soltou.
 O ruivo passou o resto da manhã trancado no quarto com a “sogra”, gostando cada vez mais das coisas que ouvia. Quando finalmente saiu do quarto, Hatsu se sentia livre, ou pelo menos um pouco menos pressionado. Depois de horas conversando com Hysteria, ele tinha conseguido ver uma luz no fim do túnel. Como já estava na hora de ir para faculdade o ruivo pensou em deixar a conversa que ele iria ter com Dante para mais tarde, surpreendendo-se quando ao descer encontrou o mesmo na sala, de banho tomado e com a expressão irritada, parecendo esperá-lo.
- Hatsu... Vamos fazer uma aposta? – Falou o moreno com um sorriso, assim que Hatsu sentou-se a sua frente em outro sofá.
- Sem apostas desta vez, Dante. Eu não seria tolo de deixar você virar o jogo agora que o tenho quase ganho.
-...
- O fato é... O trato que eu fiz com você não pode ser desfeito, como sua mãe me explicou. Até que você me queira não posso sair do seu lado. Sou “seu” enquanto me desejar, porém de acordo com as regras da família um filho é mais importante que qualquer acordo feito. Você nem ninguém da família podem fazer nada que venha a prejudicar esse bebê e isso incluiu me forçar a fazer sexo e a fazer coisas que eu não quero.
- Aonde quer chegar com isso, Hatsu? – Perguntou o Nostrade exasperado.
- Você já sabe, Dante. Eu não quero ficar correndo para lá e para cá a cada comando seu e o mais importante é: não quero que você toque em mim enquanto eu estiver esperando o seu filho. Você só tocará em mim quando e se eu quiser até esse bebê nascer. – Disse Hatsu, esperando um ataque de fúria que não veio.
- Tá... Mas e se você quiser? – Perguntou Dante com um sorriso traquina.
- Duvido muito, mas se eu quiser tudo bem. – Disse Hatsu se erguendo. O acordo que ele tinha feito com Dante não poderia ser desfeito sem o consentimento do mesmo, porém ele já estava feliz de não ter que transar com o moreno toda vez que ele quisesse. Na verdade, ele estava torcendo para que com esse longo tempo sem tê-lo Dante achasse outra pessoa.
  O Nostrade deu de ombros, deixando o ruivo ir, não poderia mais impor suas vontades ao ruivo já que o acordo feito depois da aposta estava temporariamente cancelado. Claro que seria ruim não poder ter Hatsu quando quisesses, mas nada o impedia de fazer o ruivo implorar para tê-lo. Na verdade, seria até divertido seduzi-lo e pela primeira vez ver aquele ruivo espertinho pedir para fazer sexo com ele.
- Bem, enquanto isso eu me divirto por aí. – Disse Dante em pura provocação, aproveitando que Hatsu ainda estava na sala.
- Faça o que quiser, não é como se eu quisesse que você me fosse fiel. – Ditou o ruivo com tranquilidade.
- Mas eu exijo que você seja, Hatsu. Se eu souber que alguém além de mim te tocou, essa pessoa estará morta. Tenho certeza que você não gostaria de viver sabendo que foi responsável por uma morte, não é? – Ameaçou Dante.
- Você tem razão. Não quero que ninguém se machuque por minha causa, não vou deixar ninguém tocar em mim, Dante, nem mesmo você. – Falo Hatsu altivo, deixando um moreno metido muito aborrecido para trás.
****
   Hatsu pensava em como era irritante a presença de Seijin em seu encalço. O homem esteve a sua espreita, escondido nas sombras desde que perdeu a aposta para Dante, só que agora a situação estava ainda pior, pois o homem não se escondia mais. Agora ele andava descaradamente atrás dele como seu segurança. Depois de uma séria conversa com a família Nostrade, sobre inimigos que gostariam de por as mãos em um Nostrade, mesmo que ele nem tivesse nascido, ele tinha sido obrigado a aceitar a presença do outro ao seu lado sem questionar.
- Como que vou explicar isso para minha avó? – Ditou Hatsu.
- Desde o começo e bem detalhadamente. – Ditou Seijin fazendo Hatsu, que estava indo para a biblioteca da faculdade após o final da aula para fazer um trabalho, parar e olhar para trás.
- Desde quando eu pedi sua opinião, seu intrometido?
- Oh! Não quer? Só queria ajudar. – Ditou Seijin com humor apesar de sua expressão séria não ter mudado. – E, se quer meu conselho, deveria se casar com Dante e parar com essa de não querer dar para ele. O chefe fica uma fera quando não é satisfeito.
- Não, eu não quero e nem pedi a sua opinião. – Falou Hatsu não acreditando na cara de pau do outro e continuando o seu caminho. – E o que o Nostrade faz e sente não é da minha conta.
- Sério? Tudo bem, mas você vai aguentar ficar sem sexo, Hatsu? Dante ainda pode se aliviar na rua, mas você... Pelo que soube você tem a libido tão grande quanto à do chefe. – Falou Seijin provocativo. – Soube que vocês até quebraram a cama do Dante na noite em que você descobriu que estava esperando um filho.
- Se você não calar a boca eu juro que mando Dante te matar, e saiba que não sentiria nem um pingo de remorso. – Disse Hatsu, contudo Seijin estava certo, ele era libidinoso, gostava e precisava de sexo, mas ao contrário de Dante ele sabia se controlar então ficar um tempo sem sexo não seria um problema para ele; pensava o ruivo enquanto entrava na biblioteca com um sorriso que desapareceu ao se deparar com a cena de Drew sentado em uma das mesas “flertando” com uma garota.
- Parece que a fila andou. – Ditou Seijin parado bem ao lado do ruivo, olhando na mesma direção que Hatsu.
  Hatsu sentiu o coração doer, pois era exatamente aquilo que ele estava pensando.
- Dá para você esperar lá fora? – Perguntou Hatsu e foi a voz suplicante e magoada do ruivo que fez Seijin olhar ao redor, constatando a meia dúzia de alunos no recinto e nenhum perigo a Hatsu, para dar meia volta e sair sem nenhuma palavra.
  Hatsu deu um sorriso agradecido e meio incerto enquanto adentrava mais o lugar sem conseguir tirar os olhos de Drew e da garota ruiva que estava com ele. Hatsu a conhecia, se não se enganava estudaram juntos em algum momento, fora que ele já tinha visto muito vezes ela babando em cima Drew.
- Parece que conseguiu finalmente a atenção dele. – Murmurou Hatsu baixinho, reparando na mulher gaguejante e vermelha que conversava baixinho com Drew. Assim como ele, ela tinha cabelos avermelhados, porém os dela possuíam um tom mais claro, os olhos eram verde esmeralda, quase tão bonitos e atrativos quanto os seus vermelhos, a pele dela era branca salvo por algumas sardas. Ela era inegavelmente bonita, mas se comparado a ele, Hatsu era mais, no entanto o maior atrativo da garota e provavelmente o que tinha chamado a atenção de Drew, Hatsu viu quando os dois se levantaram da mesa onde estavam sentados.
  Corpo voluptuoso e cintura farta, além de seios imensos, bem o estilo que o amigo e ex-namorado gostava em uma garota. – Pensou ele com ironia, abrindo um sorriso de escárnio que desapareceu quando seus olhos se conectaram aos de Drew. Ele viu o loiro estremecer e hesitar antes de lhe dar um sorriso fraco enquanto passava a caminhar com o braço nos ombros da garota.
  Hatsu também sorriu, um sorriso falso, onde ele escondia toda a sua dor com aquela cena, cumprimentado os dois com a cabeça quando eles passaram por ele indo em direção a saída. Ele continuou entrando na biblioteca sem olhar para trás, pois se olhasse tinha certeza  que desabaria ali. Abalado, Hatsu foi até as grandes prateleiras de livros, enfiando-se onde não tinha ninguém, apoiando-se contra parede enquanto deixava as lágrimas jorrarem. Agora era definitivo, ele tinha perdido Drew e logo para umazinha qualquer que definitivamente não o merecia nem o amava. Não como ele o amava, pelo menos.
  Hatsu pegou um livro qualquer e sentou-se na última mesa da biblioteca, com as costas viradas para porta, resolvendo ficar por ali até aquela dor passar. Só saiu do lugar quando a bibliotecária anunciou que iria fechar. Ele saiu então, depois de horas sem fazer nada. Ao contrário do que imaginou a dor de ter visto o que viu ainda apertava seu peito. Ele sabia que se fosse para casa agora tudo pioraria. Sua avó não estava em casa para consolá-lo, na verdade vê-la tinha se tornado um verdadeiro sacrifício, a mulher estava sempre fora resolvendo algum problema e Hatsu podia jurar que tinha o dedo de Dante naquilo.
- Não quero ficar sozinho. – Murmurou Hatsu quando viu Seijin se aproximar. - Onde está Dante?
  Sejin ergueu a sobrancelha enquanto acompanhava o rapaz até o carro.
- Hoje é segunda. – Falou Seijin pensativo. - Então ele deve estar em uma de suas boates.
- Pode me levar até ele?
- Claro, mas não prefere esperar que...
- Não... Eu preciso vê-lo agora. – Falou Hatsu ao chegarem ao carro e já entrando no mesmo. Viu pela janela Seijin pegar o telefone, trocando algumas palavras com alguém, provavelmente se informando em qual das várias boates que o moreno possuía pela cidade ele estaria, antes de entrar no carro.
- Seu desejo é uma ordem. – Ditou Seijin antes de começar a dirigir.
  Em pouco menos de meia hora depois, Hatsu se encontrava na porta de uma imensa e glamorosa boate e, mesmo sendo plena segunda-feira, havia uma fila gigantesca na porta de entrada, porém acompanhado por Seijin ele entrou rapidamente e sem problemas, sendo levado até o escritório de Dante onde entrou sem bater, deparando-se com a seguinte cena: Dante esparramado em um sofá de couro, com uma mulher seminua sentada no colo dele. Em passos firmes, o ruivo se aproximou dos dois agarrando a mulher pelo braço e a puxando com força. Surpreendida, ela não conseguiu evitar ir ao chão.
- O quê? O que pensa que está fazendo? – Gritou ela se erguendo irada, pronta para atacar Hatsu, porém somente um olhar de Sejin que estava atrás do ruivo foi suficiente para pará-la.
- Cai fora, vadia. – Falou Hatsu frio.
- O quê? Quem você pensa que é para...
-  Fá-la  calar a boca e se mandar daqui, Dante. – Ditou Hatsu para um moreno sorridente, que ainda esparramado no sofá assistia ao show com evidente prazer.
    Dante não tinha ficado surpreso com a chegada de Hatsu, já sabia que ele viria, cortesia de Raki que tinha ligado informando o fato, no entanto, surpreendeu-se com a atitude do ruivo.
- Dante... – Falou a mulher coquete, enquanto se virava para ele com os olhos cheios de lágrimas. – Mande este homem embora, ele me machucou.
- Seijin... Tire-a da minha frente. – Falou o Nostrade enojado com a cena feita por ela. Se a mulher não aguentava nem um puxão de Hatsu imagina se aguentaria uma noite com ele. Mulheres eram frágeis e frescas demais, por isso ele preferia os homens.
- O quê...? Você não pode fazer...! – Começou a gritar a mulher, mas foi agarrada e literalmente arrastada por Seijin para fora do camarote e da boate. – Vocês vão ver, isso não via ficar assim!  Vou acabar com...
- Acho bom você ficar quietinha mulher, ou vai se arrepender. – Disse Sejin, abrindo a porta dos fundos da boate e jogando a mulher com brutalidade do lado de fora.
- Você não sabe quem eu sou, eu...
- Não sei e nem quero saber, mas se se meter de novo com Dante ou ameaçá-lo, ou ao companheiro dele, te mato. – Falou Seijin com uma arma apontada no meio da testa da mulher, que arregalou os olhos e apenas balançou a cabeça levemente, suspirando aliviada quando Seijin entrou novamente na boate batendo a porta.
***
  Sozinhos em seu escritório, Dante abriu a boca para perguntar o motivo da ilustre visita de Hatsu quando recebeu um tapa no rosto.
- Tá malu...? – Começou a gritar o Nostrade, parando na metade quando viu o sorriso sapeca do ruivo.
- Você sabia que eu vinha e mesmo assim ficou se agarrando com aquela vagabunda. Você é um menino mau, muito mau Dante. – falou Hatsu. Tinha que acabar com aquela dor que estava sentindo desde que pôs os olhos em Drew com outra e o único jeito que ele sabia fazer isso era estar em outros braços. Mesmo que viesse a se odiar depois. Hoje, somente hoje, ele precisava de Dante. – Precisa ser castigo lobinho mau.
  Dante achou estranha a atitude de Hatsu, entretanto, não recusou. Seja o que fosse que estivesse acontecido para Hatsu agir assim ele não se importava, contanto que o menor estivesse em seus braços. Erguendo-se,  ele se aproximou do ruivo o puxando contra si, surpreendendo-se quando o menor lhe agarrou com força, beijando-o cheio de paixão e selvageria.
- Hatsu... – Murmurou Dante entre o beijo. Agarrando as nádegas macias, o moreno puxou o outro contra si, perdendo o equilíbrio quando que em um ato inesperado Hatsu impulsionou o corpo, tirando os pés do chão, cingindo a cintura do moreno com elas. Evitando cair, o moreno deu alguns passos desajeitados para frente, esbarrando na mesa de centro rebaixada em frente ao sofá e derrubando a garrafa e os copos que estavam na mesma, que se quebraram, porém nenhum dos dois se importou com o fato, continuaram desfrutando do beijo sôfrego enquanto meio desnorteado Dante começou a andar até achar a parede, usando-a como apoio. Batendo as costas de Hatsu contra a mesma com força, não se importando com o quadro pregado na mesma que caiu fazendo um som alto.
- Mais... – Murmurou Hatsu rouco quando o beijo se findou. Lambendo os lábios, ele levou as mãos aos ombros de Dante, arranhando-o enquanto olhava ao redor, sorrindo quando viu algo que lhe agradou. – Lá na mesa, me faça seu naquela mesa.
  Dante grunhiu e não tirou o rosto do pescoço branco, que ele mordia e sugava enquanto andava com Hatsu até a mesa, não se preocupando com as coisas que ele esbarrava e quebrava pelo caminho. Ao chegar ao local desejado passou o braço em cima da mesa para limpá-la, não se importando com o que estivesse em cima.
  Hatsu sorriu ao ser colocado sobre a mesa, abrindo as pernas e deixando Dante se instalar entre elas. Erguendo as costas, ele lambeu os lábios de Dante e depois os mordiscou em provocação.
- Para de provocar, Hatsu. – Rosnou o moreno.
- Dante... – Choramingou, levando as mãos à camisa do moreno e para surpresa do mesmo a rasgando, deixando o que restou da peça escorrer pelos ombros e peito e caírem no chão antes de levar a boca até o peito descoberto do moreno e o morder com força, deixando marcas dos seus dentes ali antes de lamber o local marcado. – Possua-me... Agora. Ou vai se arrepender. – Disse Hatsu, voltando a morder Dante com força.
  O Nostrade sorriu totalmente disposto a fazer as vontades do ruivo. Rapidamente ele abriu as calças de Hatsu, retirando-as juntamente à peça intima, observando o membro úmido e lustroso, totalmente carente de contato. Seus olhos então seguiram para o pontinho vermelho e piscante localizado no meio das nádegas do ruivo, levando seu dedo ali e inserindo-o, surpreso pela facilidade que encontrou ao penetrá-lo. Hatsu estava totalmente relaxado, ao contrário das últimas vezes que estiveram juntos.
- Não... Precisa disso. – Falou Hatsu ofegante. – Só venha logo.
 Dante grunhiu com a ordem de Hatsu e sem pensar muito abriu a própria calça, retirando seu membro molhado de dentro da cueca, espalhando seu pré-gozo pelo mesmo para lubrificá-lo.
- Tem certeza, Hatsu? - Pergunto o moreno se debruçando sobre o rapaz, puxando os quadris estreitos para fora da mesa enquanto esfregava seu membro contra o traseiro empinado de Hatsu.
- Sim... Vai logo, Dante, me ame. – Falou Hatsu, fincando as curtas unhas nos ombros do moreno, mordendo os lábios para não gritar quando sentiu o membro de Dante começar a abrir caminho em sua passagem estreita lentamente. Impaciente, ele cingiu a cintura de Dante com as pernas,  puxando-o contra si com força, fazendo-o penetrá-lo totalmente.
- Hatsu... – Rosnou o moreno surpreso e deliciado, sentindo a carne de Hatsu apertá-lo deliciosamente.
- Estou... Bem. – Murmurou o rapaz um pouco dolorido, no entanto, precisando daquele contado. Só aquilo poderia fazê-lo ficar com a mente em branco. Fazê-lo  se esquecer de Drew. – Vai... Mexa-se bem gostoso.
  Dante agarrou as coxas de Hatsu e sem pensar em mais nada passou a entrar e sair de dentro do canal apertado, gemendo e rosnando, ficando surpreso e feliz em pela primeira vez ouvir o ruivo gritar de prazer. Empolgando-se com o fato, ele se movia cada vez mais rápido e forte, gemendo o nome do menor.
  Hatsu gritava sem pudores, perdido em prazer, esquecido de tudo que não fossem as sensações provocadas ao ser possuído de forma selvagem, sentindo os espasmos que prenunciavam o eminente e poderoso orgasmo balançar o seu corpo, até que, em uma estocada poderosa que tocou em cheio sua próstata chegou  ao auge, gritando alto e derramando-se sobre o seu ventre, sujando a camisa que ainda vestia.
  Dante foi puxado para o seu próprio orgasmo pelos espasmos do corpo abaixo de si. Empurrando-se profundamente em Hatsu, ele derramou-se todo dentro dele, amando o fato de não ter que usar proteção. Quando voltou do paraíso provocado pelo orgasmo, Dante olhou o ruivo com a intenção de implicar com o mesmo, porém notou que Hatsu  ressonava baixinho. Dando um sorriso cansado, ele saiu cuidadosamente de dentro do menor e pacientemente o limpou da melhor maneira que pôde com os pedaços de sua blusa destruída, depois o vestiu e o colocou no sofá, cobrindo-o com seu sobretudo antes de pegar seu celular, pedindo para Seijin preparar o carro e esperá-los na porta dos fundos da boate.
    Antes de pegar o seu paletó e vestir só para não sair sem camisa, Dante deu uma olhada na bagunça que estava o escritório. Copos, garrafa, vasos quebrados, quadros destruídos sem falar no que estava sobre a mesa que nada mais era que seu notebook, uma caixa de charutos importados, objetos pessoais e vários documentos totalmente destruídos, mas coisas materiais eram de menos, poderia substituí-los, já o que tinha vivido com Hatsu não. Pegando o rapaz no colo ele saiu do escritório, indo até a porta dos fundos e sem ser incomodado entrou no carro que já os esperava.
- Nossa Dante! Você pegou pesado com o ruivo, né? – Falou Seijin preocupado com o rapaz, que como uma boneca de trapos dormia nos braços de Dante.
- Ele que pegou pesado comigo. – Ditou Dante. - Mas me diz... O que aconteceu para ele agir assim? Parecia que estava possuído pelo demônio da luxúria.
- Coração partido. – Falou simplesmente Seijin, dando de ombros.
- Mesmo? – Riu Dante, percebendo ali a sua chance, afinal, o que seria melhor para curar um coração partido do que um novo amor?!

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