Falsos refugios | 18

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Alguém tem que ceder, alguém tem que quebrarMas tudo que eu faço é dar, e tudo que você faz é tomarAlguém tem que mudar, mas eu sei que não vaiNenhuma razão para ficar é uma boa razão para irÉ uma boa razão para ir ─ Camila Cabello, Something's go...

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Alguém tem que ceder, alguém tem que quebrar
Mas tudo que eu faço é dar, e tudo que você faz é tomar
Alguém tem que mudar, mas eu sei que não vai
Nenhuma razão para ficar é uma boa razão para ir
É uma boa razão para ir
 
─ Camila Cabello, Something's gotta give

Alguém tem que ceder, alguém tem que quebrarMas tudo que eu faço é dar, e tudo que você faz é tomarAlguém tem que mudar, mas eu sei que não vaiNenhuma razão para ficar é uma boa razão para irÉ uma boa razão para ir ─ Camila Cabello, Something's go...

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C a p í t u l o  d e z o i t o

"Falsos refugios"

Um dia depois, Galeria de Artes.


A arte está presente em tudo.
 
Os artistas manifestam seus sentimentos e os traduzem através da arte.
 
É a revelação mais pura das sensações, a mais bela e significava.
 
A vida interligada ao sentido abstrato.
 
Os olhos de Eleanor passeavam entre os quadros pendurados, atentos e presos nas dimensões trágicas, românticas e atemporais.
 
O olhar focado em uma obra especialmente melancólica.
 
Campo de trigo com corvos*, uma das suas preferidas de Van Gogh.
 
O azul assemelhava-se a sensação de sopro no rosto, um assobio ecoando sobre o ouvido. O céu de Vicente Van Gogh parecem haver esferas tranquilas ao mesmo tempo sombrias, redemoinhos da escuridão de uma noite.
 
Havia rasgos no céu, a obscuridade dos corvos expressavam esperanças que se desmanchavam em esquecimento, feridas abertas, uma felicidade dissipando em um terror sem forças.
 
Caminhos verdes, no chão o trigo movendo-se com o pulsar da ventania, a coloração quente da natureza permanecia toda a composição atormentada do real significado da obra. Os contrastes sugeriam desespero e consolo, morte e vida. Tristeza e solidão.
 
Admirou as pinceladas harmônicas e vitais encontradas nos elementos visuais utilizados, como a cor e as formas que envolviam a composição, os segredos ocultos e o símbolo principal que envolveu o tema, os corvos.
 
─ Qual é a história por trás? ─ uma voz tranquila soou ao seu lado, sua atenção foi colocada no rapaz de encantadoras covinhas.
 
Lorenzo tomou conta de seu campo de visão, as íris azuis estavam atentas sobre ela, aguardando ansiosamente uma palavra.
 
─ Mostra uma angústia latente no seu íntimo, enquanto observador e consciente naquilo que é o mundo que o rodeia.─ entoou cética, quase como estivesse inebriada pelo imenso significado da pintura.
 
O rapaz sorriu sutilmente, aproximando-se ao seu lado, pairando sua presença sobre a jovem.
 
Lorenzo mordiscou os lábios, olhando nervosamente para todos os cantos, procurando algo que pudesse incentivar sua fala.
 
─ Me sinto um tolo quando você fala assim.─ murmurou sincero, colocando as mãos dentro do bolso, inclinando o corpo para frente e para trás.
 
─ Seu bobo.─ resmungou brincalhona virando-se para olhá-lo ─ Sabe que quando eu me empolgo fico até horas falando sobre todas as minhas pinturas preferidas.
 
O silêncio permaneceu por segundos, apenas um nervosismo desconcertante.
 
─ Como você está? ─ começou Lorenzo ─ Sabe depois daquele jantar.
 
─ Confusa.
 
As palavras saíram de seus lábios rapidamente, ligeiras em revelar seus sentimentos. A mulher gostava disso, mesmo com a sua confiança abalada, a amizade entre ela e seu noivo permanecia.
 
─ Desculpe...─ começou insegura, observando o garoto enrijecer seus ombros ─ Eu não devia ter falado aquilo sobre meu pai, não tinha nada a ver com você e me senti traída por ser a última a saber do meu próprio casamento.
─ Droga...isso é tão frustrante. ─ encarou o semblante quieto do rapaz, a inquietação queimava em seu interior.
 
─ Na verdade acho que sou eu quem deve pedir desculpas, eu queria protegê-la, mi linda, talvez de uma forma errada e sem noção... ─ as mãos grandes de Lorenzo tocaram o topo de sua cabeça, ajustando os fios soltos, fazendo cócegas em sua orelha, exatamente de quando eram mais novos ─ E nisso acabei machucando nós dois, então, você pode me perdoar?
 
─ Eu não sei...─ fez uma expressão pensativa.
 
─ Estava pensando em ir naquela cafeteria que você sempre quis conhecer e depois ir no Parque El Retiro*, sabe o quão bonito é os Jardins de Parterre.
 
─ Está perdoado, meu amigo.
 
Apressadamente falando, a empolgação entretida tomou conta de si.
 
A morena encarou suas botas cano curto, as flores minúsculas estampadas no vestido branco com alças finas delicadas, o laço preto segurando seus cachos destacavam o clima ameno do dia.
 
─ Como soube que eu estava aqui? ─ cruzou os braços e desviou seu olhar para a face dele novamente.
 
─ É seu refúgio.─ O loiro sorriu envergonhado, levando uma das mãos até a nuca.
 
─ As vezes me pergunto se você me conhece tão bem ou eu que sou óbvia demais.─ balbuciou andando sobre o piso liso, intercalando sua atenção entre as esculturas e os diálogos amigáveis de Lorenzo.
 
O garoto negou com a cabeça, segurando a risada na boca enquanto mexia a fita sobre o cabelo da jovem.
 
─ A segunda opção, com certeza. ─ entrou na brincadeira, contraindo a mandíbula ao perceber seu celular tocando.
─ Então estamos bem?
 
Lorenzo discretamente entusiasmado mudou de assunto, ignorando completamente as ligações insistentes de seu pai, cansativo e degradante, essa podia definir bem sua relação com Mendes García.
 
Compreendiam-se, ambos respeitavam um ao outro, contudo, raras vezes aprofundavam o relacionamento partido após a morte da senhora García, era como se com uma aproximação, as lembranças sobre a saudade de ter algo que não era mais real atravessavam seu cérebro.
 
─ Acho que sim.─ alegou a jovem contente.
 
─ Esse laço no seu cabelo me faz lembrar de como você era cinco anos atrás. ─ pronunciou provocativo recordando-se
─ Seu cabelo era curto, você usava um arco azul e costumava usar sapatilhas com bolinhas.
 
Lorenzo riu novamente, abaixando um pouco o pescoço enquanto prendia o riso, e seus cabelos que estavam penteados para trás, caíam sobre sua testa.
 
─ Para de rir! Essa era a minha marca de patricinha.─ bateu sobre o ombro do loiro, empurrando levemente seus corpos.
 
Saindo do local, a garota encarou as ruas agitadas, carros passavam apressados. Avistou alguns dos seguranças de seus pai, não duvidou que estavam ali para realizar a vigilância, era acostumada a ter cada passo seu coordenado por Santiago.
 
─ É melhor eu ir, já fiquei tempo demais.
 
─ Espera ─ Lorenzo a impediu de dar o primeiro passo ─ Não se esqueça, amanhã temos que tirar as medidas e logo depois poderemos ir onde prometi.
 
O rapaz ficou feliz, surpreendeu-se quando soube do noivado e pensou que sua prometida era apenas uma garota seguidora da luxúria do poder, porém quando conheceu Eleanor, ambos se enxergaram um no outro, perceberam a visão deturpada de seus pais em uni-los por dinheiro.
 
─ Obrigada.─ jogou seus cachos para trás antes de se distanciar dele.
 
Perto de descer as escadas, ela parou, lançando um último olhar no noivo, as esferas ainda estavam sobre elas e percebendo a troca de olhares, um sorriso satisfeito iluminou seus rostos.
 
Eleanor apreciava a cumplicidade que tinha com Lorenzo, era única pessoa que fora Alejandro, confiava completamente.
 
Desceu os lances das escadas, apresando o ritmo de sua caminhada antes que os seguranças viessem para perto.

Lost in your eyes | KTHOnde histórias criam vida. Descubra agora