Georgiana

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E sentia-se leve e feliz como nunca. Sentia-se bonita. Exalava uma paz libertadora. Sentia-se mulher, inteira, desejada. Georgiana lembrava de cada detalhe da noite passada, cada sensação, pensamento, sabor, cheiro, som, toque... Os olhares, os vestidos exuberantes, as comidas e decorações da festa, das músicas que tocara no piano, das canções cantadas em alto, bom e desajeitado som pelos senhores e senhoras lá presentes — Esses estavam bem alterados pela bebida. — Lembrava-se de tudo e estava feliz, porém receosa.

Nos últimos dias, Georgiana foi surpreendida com algo que retornara, uma afeição de seu passado, uma aspiração, um desejo e uma ideia de criança, pois era o que ela era na época. Com o surgimento do nome de uma antigo amigo de seu irmão também surgira uma palpitação nem um pouco suave em seu coração, não era mais apenas uma menina e, o mais provável é que aqueles não fossem sentimentos verdadeiros, apenas uma idealização infantil, algo que ela nem sequer entendia naquele tempo. Mas ao vê-lo, percebeu que aqueles sentimentos, de fato, não eram nada verdadeiros comparados ao que sentiu quando seus olhos se cruzaram, penetrantemente, pela primeira vez.

Estava tocando alguma melodia em seu piano durante o baile, quando o que ela evitara desde a chegada de Edward finalmente acontecera, e estavam ali, algo estava ali e ela não sabia ao certo o que era e nem se queria tomar nota daquilo. Não dissera nada a ninguém, sabia que não devia. Tentava de todas as maneiras não corar na presença dele, por isso evitava todo e qualquer tipo de contato, porém não pôde recusar uma dança, a recusa poderia causar maior estranheza. E então dançaram e conversaram, ela não conseguia deixar de se interessar por tudo que saia dos lábios de Edward, o que ela notara serem muito delicados.

— E como vão os negócios?

— Os negócios vão bem, senhorita Georgiana. — Diz ele, com um sorriso em seu rosto, a olhando com um olhar particular.

— Fico feliz pelo senhor, Sr.Pattinson. — Diz tentando não soar nervosa.

— A vi tocando e devo dizer, senhorita Darcy... Nunca ouvira ninguém, homem ou mulher, tocar tão bem e com tanta delicadeza e precisão. É muito talentosa! Sua apresentação de hoje deixou todos muito impressionados. Devo perguntar, a senhorita também compõe?

— Oh, muito obrigada, senhor Pattinson! O senhor é muito gentil. Bem... Já compus uma coisa ou outra, mas nada bom o suficiente, ou nada que o senhor gostaria de ouvir, acredite.

— Oh, senhorita. Duvido muito que haja alguma coisa, vinda de Georgiana Darcy, que eu não gostaria de ouvir, é uma excelente musicista e creio que seja igualmente boa compositora. E, é claro, seus ouvidos são muito mais apurados que os meus, tudo que soar bom para a senhorita, com certeza soará bom, ou até excelente para mim.

— Muito obrigada, quanta gentileza! Espero ser digna de tantos elogios.

— A senhorita é mais que digna!

— Bem, o senhor é muito gentil e um ótimo dançarino, devo acrescentar. — Diz ela, tentando evitar contato visual.

— Bom, tenho uma ótima parceira. — Ambos sorriem.

— O senhor também sente que estão todos nos observando?

— Sim, sim. Imagino que estejam, uma dançarina como a senhorita chama atenção.

— Atenção para os erros que estou cometendo, o senhor não irá mentir dizendo que sou uma boa dançarina, há pouco mais de um minuto, pisei em ambos seus pés, senhor Pattinson!

— A senhorita está certa. — Diz dentre uma risada. — Mas realmente seria muito injusto com as outras senhoritas, seus talentos são inúmeros, senhorita Georgiana, mas infelizmente não podemos ter tudo.

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