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O sorriso dela tira a minha concentração 


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Residenz, uma antiga residência real dos bávaros, se erguia imponente diante de mim, o maior palácio urbano da Alemanha. Mia parecia fascinada, como se fosse o cenário de algum conto de fadas. Se me perguntassem, diria que era apenas um palácio, nada além disso. Mas, quando ela falava sobre aquele lugar, seu entusiasmo contagiante transformava tudo ao redor, até as menores coisas se tornavam significativas sob o brilho do seu olhar. Eu via isso, mas não compreendia completamente o que lhe causava tanto encanto.

Ela me olhou, como sempre, com aquele sorriso genuíno, e soltou, num tom curioso:

- Você sabe o que seria incrível fazer aqui? - Ela girou pela sala com leveza, depois, ajustando os cabelos com um movimento cuidadoso, me encarou. Arqueio a sobrancelha em espera da sua resposta - O eco aqui é fascinante. Imagine como seria gritar, bem alto.

Aquela ideia me soou estranha, mas algo no jeito dela, naquele brilho de diversão, me fez questionar a falta de sentido de sua sugestão. Levantei a sobrancelha, mais pela surpresa do que pela dúvida.

- Você quer gritar aqui? – Perguntei, ainda confuso.

- Eu não. Mas você deveria

Ela beijou minha bochecha com a mesma leveza com que falava, ainda rindo, e se afastou, deixando-me ali, parado, digerindo as palavras que não faziam sentido. Mudei o foco, encarando o teto do salão, onde as pinturas se entrelaçavam numa narrativa divina que Mia havia identificado. Cada anjo, cada santo, parecia gritar por atenção, mas havia algo ali que não se encaixava. Mia não era fã desses ícones. 

Saio da sala e adentro o quarto de frente a ele, passo a observar de outra maneira tudo ali, em cada canto encontro inúmeros sentimentos impregnados ali. Mudando assim a visão que tentavam passar, onde estava sentia pureza, mesmo que só houvesse uma escrivaninha e um armário, a janela dava direto pro jardim e me fez crer que deveria pertencer a uma criança.

Continuando por entre as salas encontro tudo o que estava ali além de objetos e muito mais antigo do que o tempo em que o lugar se tornou um museu. Experimentando diversos cenários, desde a sala de jantar banhada por tensão e tristeza até a sacada de melancolia. Não notei a passagem de tempo o que fez com que onde estivesse com humanos ao excesso. 

Sai dali e entrei em um grande salão, como todos os outros repleto de emoções e objetos de grande valor, além de todo o teto ser coberto por imagens, essa retratando somente demônios, não evitei rir e encontrei com a figura de Mia sentada no chão olhando com atenção as pinturas, me aproximei desviando seu olhar pra mim

- Espero que saiba que assim que entrou por aquela porta adentrou o inferno - Rio jogando a cabeça pra trás antes de concordar  

- Meu pecado foi do mais puro possível, isso alivia pra mim?

A Gêmea Swan _ J. HaleOnde histórias criam vida. Descubra agora