Capítulo 7: "se o senhor morrer, não precisa entregá-lo."

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Lucy on

Cheguei na sala, muito ofegante, um tempo depois da Hermione e fiquei ao seu lado.

Rony espiou por cima do ombro de Harry enquanto os colegas se reuniam à volta deles, todos falando aos cochichos.

– E onde está a professora? – perguntou Rony.

Uma voz saiu subitamente das sombras, uma voz suave, meio etérea.

– Sejam bem-vindos. Que bom ver vocês no mundo físico, finalmente.

Minha primeira impressão foi a de estar vendo um enorme inseto cintilante, e quase me preparei para me defender. A Profª Sibila Trelawney saiu das sombras e, à luz da lareira, os garotos viram que era muito magra; uns óculos imensos aumentavam seus olhos várias vezes, e ela vestia um xale diáfano, salpicado de lantejoulas. Em volta do pescoço fino, usava inúmeras correntes e colares de contas, e seus braços e mãos estavam cobertos de pulseiras e anéis.

– Sentem-se, crianças, sentem-se. – disse, e todos subiram desajeitados nas cadeiras ou se afundaram nos pufes. Harry, Rony e Hermione se sentaram a uma mesa redonda e eu na mesa ao lado, junto com Kiara e um garoto, que eu não sei o nome.

– Bem-vindos à aula de Adivinhação – disse a professora, que se acomodara em uma bergère diante da lareira. – Sou a Profª Sibila Trelawney. Talvez vocês nunca tenham me visto antes, acho que me misturar com frequência à roda-viva da escola principal anuvia minha visão interior.

Ninguém fez nenhum comentário a tão extraordinária (ironia de minha parte) declaração. A professora rearrumou delicadamente o xale e continuou:

– Então vocês optaram por estudar Adivinhação, a mais difícil das artes mágicas. Devo alertá-los logo de início que se não possuírem clarividência, terei muito pouco a ensinar a vocês. Os livros só podem levá-los até certo ponto neste campo...

Pude ver que ao ouvirem isso, Harry e Rony olharam, sorrindo, para Hermione, que pareceu assustada com a notícia de que os livros não ajudariam nessa matéria.

– Muitos bruxos e bruxas, embora talentosos para ruídos, cheiros e desaparecimentos instantâneos, permanecem, ainda assim, incapazes de penetrar nos mistérios do futuro. 

A Profª Sibila continuou a falar, seus enormes olhos brilhantes iam de um rosto nervoso a outro.

– É um dom concedido a poucos. Você, menino – disse ela de repente a Neville, que quase caiu do pufe. – Sua avó vai bem?

– Acho que vai – respondeu Neville trêmulo.

– Eu não teria tanta certeza se fosse você, querido – disse a professora, enquanto a luz das chamas fazia faiscarem seus longos brincos de esmeraldas. Neville engoliu em seco. Sibila continuou tranquilamente: – Vamos cobrir os métodos básicos de adivinhação este ano. O primeiro trimestre letivo será dedicado à leitura das folhas de chá. No próximo, abordaremos a quiromancia. A propósito, minha querida – disparou ela de repente para Parvati Patil –, tenha cuidado com um homem de cabelos ruivos.

Parvati lançou um olhar assustado a Rony, que se sentara logo atrás dela, e puxou a cadeira devagarinho para longe dele e eu tive, com todas as minhas forças, segurar o riso.

– No segundo trimestre – continuou a professora –, vamos estudar a bola de cristal, isto é, se conseguirmos terminar os presságios do fogo. Infelizmente, as aulas serão perturbadas em fevereiro por uma forte epidemia de gripe. Eu própria vou perder a voz. E, na altura da Páscoa, alguém aqui vai deixar o nosso convívio para sempre. 

𝓢emi - 𝓑ruxa ❶Onde histórias criam vida. Descubra agora