Lord, what will become of me
Once I've lost my novelty?Nothing New - Taylor Swift
A bolsa estava pronta, e eu achei uma das produções mais lindas que já fiz. Amanda, a moça que havia me encomendado tinha me passado seu endereço e eu fiz questão de sair para entregar até ela, por duas razões: 1) não sei receber visitas em casa mas 2) queria ver a reação dela ao receber. Era uma das melhores coisas em produzir alguma coisa, ver a reação cordial delas ao receberem seus produtos do jeito que haviam me pedido. Por essa razão que peguei minha cestinha e saí andando com rumo a casa dela para entregar. Nunca consigo convencer Anna a vir comigo mas acho que dessa vez não seria apropriado levar um animal de estimação para casa de pessoas que não são amigas, muito menos sem avisar.
As vezes acho que minha cachorra é um gato disfarçado.
Chego na casa e é uma pequena pensão de quitinetes, quem me atende é um vigia que faz um chamado para Amanda e ela pede para que eu vá até a porta dela. Eu vou e percebo de imediato que ela é bem receptiva pois preparou um café e disse que me esperou para tomar. Acho que é costume de cidade pequena.
- Você não tomou café né?
Ela ri enquanto eu lhe entrego a bolsa bem embalada. Seu sorriso é espontâneo, ela me lembra a minha irmã mais nova; conseguia encantar todo mundo.
- Não tomei não.
Eu digo com a tentativa de ser o mais cordial possível pois sei que meu jeito soa antipático, tantas e tantas vezes que não quero assustar a moça. Ela abre a bolsa e seu sorriso irradia imediatamente todo ambiente e era exatamente o que eu estava esperando, aquilo me deixa extremamente feliz.
- Dora, seu trabalho está perfeito! Meu Deus, a Marina vai amar, puta que pariu, tá perfeito.
Eu gargalho sem querer mas me contenho para não soar escandalosa.
- Sério, isso é a cara dela.
Eu agradeço e permaneço em pé no meio da pequena quitinete enquanto observo a torta que está em cima da mesa. Parece estar uma delicia.
- Menina, se sente. Não fique parada aí. Adoro companhia para o café por isso já me aproveitei pra te esperar.
Eu me sento e me sirvo com uma fatia de torta que prova não estar só visivelmente bonito mas sim, bem gostoso. Amanda consegue manter uma conversa com alguém que diz muito pouco como eu e isso é mérito exclusivo dela porque nunca sei muito bem o que é certo perguntar ou responder. Ela me conta que faz faculdade de Farmácia numa cidade ao lado enquanto mora nesta cidade pois o custo de vida é mais baixo, me fala um pouco sobre seu relacionamento que já dura cerca de um ano e parece ser bem interessante. Eu não tenho muito o que dizer a não ser que quis me mudar para viver uma vida calma no interior. Ela não parece entender mas assente com seu sorriso habitual.
Eu estava de fato gostando da companhia e do jeito que ela me tratava como se fossemos velhas amigas. Acho que eu estava precisando conversar mesmo, ou ouvir alguém falando sobre algo como acho que foi o caso na realidade.
Quando estava pensando em me despedir pois acho que estava passando da hora e ela poderia estar constrangida em como não saber me mandar embora, eu me levantei e ela apontou para um cartaz jogado em cima da cama:
- Estou organizando uma festa junto com uns colegas. Quer ir?
Eu acho que foi o pior convite que ela poderia ter me feito mas por impulso eu aceitei.
Era óbvio que eu não iria. Odeio festas, a última que fui foi a festa de casamento da minha irmã porque aparentemente não se pode ser uma decepção familiar e ainda sim faltar eventos comemorativos tão importantes aos quais você deve sair em todas as fotos como um complemento. Como diz o ditado, o tiro saiu pela culatra pois eu mais parecia um recorte e colagem mal feito em todo o álbum.
Cheguei em casa roendo as minhas unhas porque agora uma pequena questão tão simples poderia simplesmente atrapalhar todo meu dia: afinal, se eu não fosse a festa, ela levaria como uma ofensa pessoal e me odiaria? Acho que não estou pronta para ser odiada por aqui ainda. Lembrei-me de que isso era bobagem e ninguém me odiaria por não ir a uma festa mesmo que o sentimento de angustia permanecesse.
Passo rápido minha mente pela festa da minha irmã e como era bobeira se torturar em coisas que não se gosta pelo próximo porque provavelmente não será um bom experimento para ambas as partes. Isso não se trata do casamento da minha irmã, é claro, estava tudo lindo e eu só não sabia como agir em momentos como aquele mesmo.
Anna sobe na cama onde me encontro reflexiva e deita no meu colo, decido que é hora de dar um sachê para ela; imediatamente ela percebe o que vou fazer pois começa a pular como uma louca e se mata de comer sua comida favorita enquanto eu penso que gostaria de comer a minha comida favorita também. Talvez um bolo da prateleira daquela cafeteria.
Nota 4: "Senhor, o que será de mim
Quando eu perder meu ar de novidade?"
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MAIS QUE UM CASO, DORA [COMPLETA]
RomanceDoralice encontrou uma cidade pequena onde ninguém a conhecesse para ter um lugar tranquilo e paz com suas costuras. No meio de tantos pensamentos de medo, ela vai encontrar Edgar, que está disposto a conhecer todos eles. Lançamento dia 20 de Novemb...