11. Júlia

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Miguel fala coisas enigmáticas, sua mão está na minha e ele me olha com intensidade. Não consigo pensar. Ele está muito próximo agora, do meu lado no sofá. Eu não sabia que um homem poderia cheirar tão bem. Estou completamente inebriada. Tenho certeza de que meus hormônios estão no comando, meu coração bate tão forte que tenho medo que ele ouça.

A mão que estava apoiada no encosto do sofá toca o meu rosto.

Ele vai me beijar.

Seus dedos são ásperos, mas gentis. Ele desliza o polegar pela minha bochecha de um jeito tão suave que eu sinto como se eu pudesse me quebrar.

Quero me quebrar. Quero me partir em mil pedaços nos seus braços.

Eu me viro um pouco mais na direção dele. A mão que estava na minha sobe pelo meu braço. Ele toca meus cabelos. Ele se inclina para mim, encosta a testa na minha, suas duas mãos seguram meu rosto. Estou apavorada, não consigo me mexer. Ele beija a minha bochecha, depois o cantinho da minha boca. É tão devagar, é tão delicado... Me sinto o mais frágil dos vasos de vidro, me sinto como um passarinho que pode sair voando a qualquer momento. Suspiro.

Ele cola os lábios aos meus, fica assim por um instante, somente os lábios nos meus, os polegares subindo e descendo nas minhas bochechas. Ele se afasta um pouquinho, abro os olhos e vejo que ele está me olhando. Ele brinca com a minha franja, afasta uma mecha do meu cabelo.

O que está acontecendo aqui?

Esse é um beijo diferente. Nunca fui beijada assim. Ele sorri para mim, meu nome sai dos seus lábios em um sussurro: - Júlia.

Estou me desmanchando. Estou caindo a mil quilômetros por hora e preciso que ele me pegue.

Ele parece ouvir meus pensamentos e aí suas mãos estão nas minhas coxas, ele me ergue e estou no seu colo. Seus dedos sobem pela minha nuca, se enroscam nos meus cabelos.

Agora, sim. É isso que eu ouvi por aí. A famosa pegada do Braga.

Em menos de um minuto, estou com as pernas abertas, os joelhos no sofá em volta da sua cintura, ofegante e sem reação.

Ele vai me beijar com tudo agora, vai fazer o que quiser comigo.

Seus lábios estão no meu pescoço, uma mão está na minha coxa, enquanto a outra segura a minha cabeça. Ele me beija, mas não é como eu pensava. Não é um beijo molhado e forte no meu pescoço, são mil beijos. Mil beijos suaves descendo pelo meu pescoço, pelo meu colo, no meu queixo, na minha bochecha, nos meus ombros. Ele fala meu nome, mais uma vez, outra, várias vezes. Sua voz está rouca. Eu estou delirando. Nunca fui beijada assim, nunca me senti assim antes. Estou desesperada para ele me beijar na boca, mas ao mesmo tempo não quero que ele pare. Não sei exatamente o que eu quero, só sei que quero mais.

Quando escuto um suspiro saindo do fundo da minha garganta, eu olho no rosto dele. Ele precisa me beijar, não posso ficar ardendo aqui para sempre, não consigo me conter mais, vou gemer pra ele e ainda nem fui beijada, ele está me enlouquecendo. Seus olhos estão fixos nos meus lábios. Eu me inclino para ele, abro as pernas mais um pouco, me encaixo ainda mais perto dele. A mão na minha coxa desliza por dentro do meu vestido até a minha bunda, ele me aperta, cola nossos corpos.

Ele está arfando. Seus olhos encontram os meus por um instante e o que eu vejo ali me desconcerta completamente. Nunca vi tanto desejo, nunca vi tanta vontade. Mas vejo também algo mais, algo que eu não quero ver, que eu não posso ver nele.

Por que ele me olha assim? Por que esse carinho no fundo de tudo? O que está acontecendo?

Como se lesse a minha confusão, ele sorri. Seu sorriso tira meu fôlego. Ele é tão bonito que não sei o que pensar. Mas está diferente... Seu sorriso costuma ser confiante e malicioso, sensual. O que vejo aqui é um sorriso meio torto, feliz, quase um sorriso de garoto.

Café, milho e... Miguel | DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora