capítulo quatorze: reputação

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"Eu estava lá. Eu me lembro de tudo muito bem."

Taylor Swift.

[Presente/Louis]

O barulho das folhas das palmeiras é alto, e a lua no céu ilumina levemente o campo de grama em minha frente.

O cheiro de lavanda me inunda e eu procuro por ele em todos os cantos. O vento bate em meus cabelos, desgrenhando os meus fios, mas eu não me importo. Corro sem rumo pela grama, e o cheiro se torna ainda mais forte.

Inspiro e paro de correr.

"Edward?" Chamo com a voz falhada. "Você está aí?"

Não há resposta.
Há apenas um vácuo infinito.
Olho para os lados e tudo o que vejo é um borrão escuro. Procuro por ele, em cada canto. Sei que ele está aqui de alguma forma, mas por que não consigo achá-lo?

"Edward?" Tento mais uma vez, mas minha voz se transforma em um eco num campo onde não existe nada além de mim.

Ouço um barulho vindo por trás, e me viro para me deparar com um celeiro. O celeiro das propriedade dos Styles. Corro para lá, sentindo minhas lágrimas molhando o meu rosto, e entro procurando por ele.

Procuro por todos os lados, mas não há nada. Não há cavalos, e não há ninguém. Vejo apenas lençóis brancos sobre o amontoado de palhas ㅡ que um dia serviu como abrigo para nós dois.

Me aproximo e me ajoelho em frente aos lençóis. Eles têm o cheiro de Harry. Pego-os entre os dedos, e os levo até o rosto, sentindo todo o perfume que exala deles. A saudade me inunda e eu suspiro.

"Edward, volta pra mim..." Peço em um suplico.

Fecho os olhos, e choro, mesmo estando cansado de chorar. Choro implorando por um milagre que sei que não. Irá acontecer. Choro desejando estar em outra vida, para viver esse amor sem obstáculos.

O cheiro de lavanda vai sumindo aos poucos dando lugar a um cheiro de forte de ferro. Afasto o rosto e percebo que o lençol branco está coberto de sangue. Me assisto, e o solto rapidamente. Levanto cambaleando para trás e me afastando o máximo que eu consigo. Minhas mãos também estão sujas de sangue e eu me desespero.

"Me perdoa..." Eu choro alto. "Me perdoa... me perdoa. Me perdoa. Me perdoa."

Dou um pulo na cama e me ergo rapidamente, sentindo a respiração rápida e o corpo pingando suor.

Tento regular a respiração ao perceber que não passa de um pesadelo. Afasto as colchas e me levanto, passando a mão pelo cabelo molhado de suor. Vou até o banheiro e ligo o chuveiro, deixando que a gua caia sobre meus ombros. Fecho os olhos e me lembro do pesadelo.

Ele tinha parado há uns três anos atrás... mas foi só ver Harry, tão de perto, depois de tantos anos, para que os meus pesadelos voltassem.

Desde que ele voltou a cidade, há três dias, não tenho raciocinado direito. Achei que nunca mais disse vê-lo, e que ele teria partido para nunca mais voltar.

Sei que ele não é mais o mesmo menino doce e ingênuo que eu conheci, e sei que talvez jamais volte a ser. Quando vi ele meu consultório, percebi que seus olhos verdes intensos e tão cristalinos não brilhavam mais ㅡ pelo menos não pra mim.

E hoje, com a cabeça que eu tenho, me arrependo de tê-lo punido por algo que não era sua culpa. Me arrependo de não ter retribuído todos os beijos estalados na bochecha que ele me dava, ou de não ter dito de volta que também era apaixonado por ele quando ele fazia questão de confessar isso aos sete ventos. Me arrependo de não ter dançado mais com ele, ou deixado que ele lesse mais pra mim. Me arrependo de ter visto os seus olhos vermelhos de lágrimas e não ter implorado para que ele ficasse comigo. Me arrependo de não ter tido maturidade o suficiente para entender o que eu entendo agora.

ENTERNECEROnde histórias criam vida. Descubra agora