capítulo vinte e cinco: colapso

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"Posso ir a qualquer lugar que eu queira… qualquer lugar que eu queira, menos para casa."

Taylor Swift.

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[Presente/Louis]

Pela primeira vez, em muito tempo, não tenho pesadelos. Sinto como se algo em mim tivesse se renovado. Nem me lembro como era a sensação de dormir uma noite inteira sem acordar em meio ao sono, ou dormir mais do que oito horas seguidas. Acredito que isso tenha sido efeito dos últimos acontecimentos.

Desde que contei para Harry o que aconteceu, sinto como se um peso saísse dos meus ombros. Como se anos de angústia, ressentimento e prisão fossem liberados como uma nuvem de fumaça. O único problema é que a fumaça também deixa estragos por onde passa. Eu apaguei o fogo, mas os vestígios ainda ecoam. E, apesar de saber que talvez esse seja o motivo pelo qual não ficaremos juntos, ainda assim, foi libertador contar. Sei que tudo o que enfrentamos nos últimos dias foi intenso, e eu não espero que as coisas se ajeitem num piscar de olhos. Eu ainda não sei se conseguiria ficar com Harry sabendo que Desmond poderia facilmente estragar o que temos juntos, de novo

Quando eu golpeei Desmond, o golpe ricocheteou em mim e em Harry. E eu sabia que isso aconteceria. 

Eu não consigo me desprender de anos de sofrimento tão facilmente. Magoei Harry no passado, fiz com que ele enfrentasse batalhas das quais ele não escolheu lutar. Fui indiretamente responsável por desencadear um trauma nele… e sei que apesar do término do noivado ter vindo por sua iniciativa, ainda assim, sei que ele precisa de um tempo para absorver tudo o que aconteceu. Acredito que nós dois ainda não estamos prontos, e ele, indiretamente, concorda comigo. 

Faz três semanas desde que ele trouxe minha mãe para Dunklin, e eu não consigo explicar o que eu senti vendo a lápide dela. As palavras que ele usou tão carinhosamente, o cuidado que ele teve, a dedicação que ele usou para fazer tudo aquilo.

Harry me surpreende.
Harry sempre me surpreende.

Toda a sua devoção em tentar nos compensar, acabou me aproximando do meu pai. Nossa relação ainda não é um mar de rosas, mas tem melhorado, graças à doçura e à dedicação de Harry. Talvez ele mude sim o mundo. Pelo menos o meu ele já mudou completamente.

Faz três semanas que não o vejo. Ouvi alguns burburinhos de que ele tinha voltado para Londres depois dos acontecimentos. Sei que a vida dele é lá, e sei também que ele precisava resolver a vida. Foi o que ele me disse, na nossa última noite.

Não sei o que o destino nos reserva, mas sinto falta dele, demais…

Harry é como um sopro de vida, e sem ele, eu pareço perder o ar.

Tenho vivido a minha vida como sempre vivi, no automático. Tenho escondido meu coração, por ele estar partido, mas também, tenho preservado o meu corpo. Desde que transei com ele, não transo com mais ninguém. Quero ter a memória dele em mim, tatuar seu toque, eternizar seus beijos, para nunca esquecer.
Assim que termino de atender o último animal do dia, eu me encontro com Liam em um barzinho no centro da cidade. Apesar de exausto, não consegui recusar o convite, afinal, eu não me lembro a última vez que fizemos isso. Eu sinto falta de sentar em um bar, beber algumas cervejas e jogar conversa fora com um velho amigo.

A cidade está agitada, já que amanhã é às eleições para prefeito. Eu sempre faço questão de votar, mesmo sabendo que os Styles sempre ganham… eu não me importo quem seja o candidato contrário, mas eu sempre faço questão de não voltar em Desmond.

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