"A vida pode te deixar em pedaços, mas o amor te deixará inteiro."
Lima Barreto
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[Futuro/Harry]
Voltei para Talter na noite em que meu pai foi enterrado. Minha mãe não relutou, ela sabia que eu precisava ir embora daquela casa, e sabia principalmente que eu não tinha mais nada para fazer em Dunklin.
Ela mesmo estava ciente de que sua missão tinha terminado no momento em que enterrou o meu pai. Conversamos algumas vezes a respeito do que faríamos com a propriedade, e minha mãe quis mantê-la, já que a vida inteira ela tinha vivido ali, e haviam vidas que dependiam do salário que pagamos pelos serviços prestados.
Meu pai nunca foi formalmente processado pelo desvio de dinheiro. Ele fez isso tão bem feito que não deixou nenhum rastro de evidência para trás, então, minha mãe ganhará uma pensão generosa após o seu falecimento. Ela decidiu que vai doar todo o salário para os orfanatos da região, como uma forma de compensar em morte, o que meu pai fez em vida.
Desde que me mudei para Talter, eu tenho feito acompanhamento com psicólogo e com psiquiatra. Tem sido a única coisa que tem me mantido são em meio a tantos acontecimentos. Quando vi meu pai na cama do hospital, um ano e meio depois que eu tinha ido embora, eu não o reconheci. Ele não era mais o homem exuberante e impenetrável que era. Era apenas um senhor de idade, debilitado e caquético repousando em uma cama de hospital. Assim que o vi, eu me arrependi de ter passado tanto tempo sem falar com ele, mas quando ele disse que me perdoava, eu percebi que de nada tinha adiantado a nossa distância. Ele morreu tão soberbo quanto viveu, mas nem isso diminuiu a dor que eu senti ao vê-lo partir.
Essa é a tragédia do amor: você ama mesmo sem querer amar. Você ama mesmo quando a pessoa não merece tanto amor. Você ama sem gostar mais.
Eu não gostava mais do meu pai, mas nem por isso, deixei de amá-lo.
Vendi a minha parte da empresa para o Ralf, e como eu imaginei, ele não contestou o valor. Com uma parte do dinheiro, comprei uma fazenda na área rural de Talter. Apesar de pequena, é exatamente como eu sonhava que seria. A casa é rústica, com pisos de madeira e paredes de tijolos. Há um pasto grande, onde em breve penso em criar algumas galinhas e alguns outros animais que ainda estou me programando para ter. Há também um laguinho com peixes bem atrás da casa, e ao lado, um celeiro, onde Dallas, meu fiel companheiro, fica. Comprei uma égua para lhe fazer companhia, e diferentemente de Dallas, ela é completamente branca. Preferi deixar o nome que ele já tinha, já que de certa forma eu gostei. Catarina é um bom nome.
Consegui um emprego na administração da prefeitura, e apesar do salário ser infinitamente menor ao que recebia quando morava em Londres, ainda assim, é mais do que o suficiente para me manter. Trabalho nos dias de semana, e aos finais de semana me esforço em cuidar da fazenda. A minha horta, que com muito esforço plantei, já começou a brotar, e eu quase chorei de emoção ao ver o primeiro pé de cebolinhas desabrochar na terra.
Não tenho ficado solitário na maioria do tempo, e por incrível que pareça, eu, Niall e Zayn nos aproximamos depois do enterro do meu pai. Eles foram me dar as condolências, e acabamos nos falando todos os dias. Acho que de certo modo, eles perceberam a minha dor, e notaram ㅡ sem que eu precisasse dizer ㅡ que eu precisava de amigos. Desde então, eles vêm me visitar sempre que podem, e às vezes, sinto como se nunca tivéssemos nos distanciado.
Eles sabem que não gosto de ir para Dunklin, então, sempre que podem, eles vêm a Talter, passar o final de semana comigo. Zayn passa horas pescando no pequeno lago, e fica feliz a cada peixe que pesca, porém, faço-o devolver os peixes pescados para o lago, já que nenhum animal da minha fazenda serve de alimento.
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ENTERNECER
FanfictionENTERNECER: torna-se terno; Louis William Tomlinson é um médico veterinário amargurado, atormentado pelo seu passado. Ele coleciona decepções e arrependimentos, mas o maior deles sempre foi: Harry Edward Styles. Capa feita por: @aloha-julie