capítulo dezessete: maçã do amor

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"Olhe para esse maldito desastre em que você me transformou. Você me mostrou cores que você sabe que não posso ver com mais ninguém. Olhe para esse patético imbecil em que você me transformou. Você me ensinou uma linguagem secreta que não consigo conversar com mais ninguém. E você sabe muito bem que por você, eu me arruinaria um milhão de pequenas vezes."

Illicit affairs - Taylor Swift

[Presente/Harry]

Olho para o teto do meu antigo quarto, e vejo a minúscula rachadura próximo ao lustre, que existe desde que eu me lembro. Nunca pedi que consertassem... Nem eu sei realmente o porquê.

Havia dias, em que eu estava pensativo, e passava minutos a fio encarando essa rachadura, como estou fazendo agora, enquanto Ralf me invade.

Pisco os olhos lentamente, e quase perco a rachadura de vista... mas ali está ela, parada do mesmo lugar enquanto sinto repulsa pelos toques de Ralf. Tolero os seus movimentos, e detesto os sons que ele está emitindo enquanto sai e entra em mim como um animal.

Desde quando tenho repulsa, tolero e detesto o meu noivo? Desde quando preciso me anestesiar de alguma forma para conseguir me deitar com ele?

Afasto os meus pensamentos e abraço o seu torso, passando os braços em volta de suas costas. Ele grunhe, e não demora muito para se desmanchar entre as minhas pernas. Ele se afasta minimamente e me encara sério, com uma ruga de desconfiança brotando no meio de duas sobrancelhas.

ㅡ Que caralho está acontecendo com você, Harry? ㅡ Ele se ergue e finalmente sai de dentro de mim, apoiando os cotovelos sobre a cama.

Visto a minha máscara de parceiro exemplar e compreensivo e até ensaio uma expressão de confusão ao falar:

ㅡ Não estou entendendo, querido.

ㅡ Não se faça de sonso. ㅡ Ele sai de cima de mim, e se senta na cama ao meu lado, cobrindo suas partes íntimas. ㅡ Você sabe que eu odeio quando você faz isso.

ㅡ Eu não estou entendendo.

ㅡ Você virou a porra de uma freira agora? ㅡ Ele me encara. ㅡ Virou frígido por acaso? Desaprendeu a gemer?

ㅡ Desculpe. Eu estou com a cabeça cheia.

ㅡ Pois, na cama, aprenda a desligar seus pensamentos. Uma boneca de plástico teria me dado mais prazer do que você agora.

ㅡ Ralf. ㅡ Ergo o tom de voz, ao me sentir ofendido. ㅡ Eu não sou um fantoche, e posso ter os meus momentos ruim. Não é porque sou seu noivo, que te dá o direito de falar comigo dessa forma comigo. Eu não estava afim de transar com você agora, e mesmo assim, você insistiu.

ㅡ E eu vou te comer todas as vezes que eu sentir vontade, Harry. Caso o contrário, eu terei que procurar putas na rua. É isso que você quer, querido? ㅡ Ele fala ironicamente e meu sangue ferve.

Sei que ele está me manipulando de uma forma sútil para eu me sentir mal por não estar afim de transar. Há um tempo atrás, eu não perceberia e pediria desculpas... uma pena que agora o conheço muito bem para isso.

ㅡ Se não está satisfeito, fique a vontade e procure quem você desejar. Se você quiser se sujeitar a esse papel ridículo, quem sou eu pra te impedir.

Sinto um impacto, seguido de uma ardência em meu rosto e levo a minha mão até a minha bochecha, completamente incrédulo e desacreditado.

Ele me deu um tapa? Ele me deu um tapa na cara?

ENTERNECEROnde histórias criam vida. Descubra agora