Quem é você?!

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— Com licença? — Pergunto em um murmuro, intercalando meu olhar entre os dois palermas discutindo no volante, enquanto eu estou na van.

Ambos olharam para trás no mesmo instante, o de cabelo castanhos atordoado e o de cabelos negros analisador, até receber um tapa e voltar a atenção para o volante.
Ergo uma sombrancelha e vejo o de cabelos castanhos descer a mordaça da minha boca, até receber um tapa, encolher a mão e me olhar. Patetas.

séria fácil.

— Vocês me sequestraram? — digo erguendo os pulsos, com as algemas brancas médias.

Com uma leve torção dos meus polegares, minha mãos passariam com facilidade pela algema.

Eu bateria a cabeça de um contra o vidro, pegaria sua arma e sufocaria o outro com o cinto de segurança até ele parar prudentemente na estrada, onde eu desceria.

Faria isso em um piscar de olhos se não fosse o fato do de cabelos negros puxar uma tesoura dentro do porta luvas e cortar o cinto, enquanto pegava a arma e apontava para minha cabeça.

— Probabilidades. — ele sussurrou, astuto.

Talvez não fosse tão fácil, mas eu sempre gostei de desafios.

— Hum? você quer que eu ligue para a mamãe e peça dinheiro? — pergunto em tom inocente e os vejo se olharem como se tentassem confirmar isso entre si, até o de cabelos castanhos assentir veemente.

— O quê? você não sabe que dinheiro não cresce em árvores?! — afirmo em um tom confuso, dando de ombros.

Se eles achassem que eu tenho o mínimo de raciocínio lógico, ou seja fosse burra, eles seriam desleixados o suficiente e então séria minha hora de atacar. Vejo o de cabelos negros engatilhar o revólver, enquanto balança calculadamente duas vezes em direção a minha cabeça.

Seria difícil, ele era esperto o suficiente.

Meu Deus! Não atire! — digo em um tom exasperado.

O de cabelos castanhos aparenta ter ficado assustado com a atitude do comparsa, despreparados, mas logo entrou em ação jogando um celular antigo e provavelmente não rastreável no meu colo, quase como se estivesse com medo e preocupado comigo ao mesmo tempo.

— Mamãe! Mamãe vem me buscar. Algum doido me sequestrou e está pedindo o seu dinheiro... — digo em um tom tedioso, revirando os olhos, enquanto a risada de Lilian ressoa do outro lado.

O de cabelos castanhos parece lembrar que têm uma arma sob sua pose e a agita desajeitadamente em minha direção, eu realmente não me preocuparia com ele, exceto pelo fato dele soar tão despreparado que poderia me balear não intencionalmente, ele tenta estabelecer um poder, mudando o tom de voz e hesitante o valor do resgate.

— O que? quanto? 100 mil dólares? — digo em um tom surpreso, boquiaberta.

Ele concorda repetidamente, como se estivesse orgulhoso de si, fazendo um High Five com o motorista e sinceramente eles parecem sequestradores medíocres.

— Mas eu valho bem mais do que isso! — digo em um tom chateado, fazendo uma expressão magoada e abaixando o telefone em birra.

Ao abaixar o telefone e descer meus olhos para minha mão, refiz uma leve vistoria pelo banco de trás e aparentemente estava limpo, ou seja nada que eu pudesse utilizar como arma, enquanto o carro passava pelos portões de uma mansão e estacionava em sua frente, analisei o perímetro a minha volta, porra.

As grades eram finas, mas próximas e meu corpo não passaria, além de serem altas ou seja nada escalável e provavelmente os fios de alta tensão me queimariam, se eu tentasse o óbvio seria comida viva pelos cachorros antes de atravessar o portão e seria alvejada pelos seguranças das torres quando tocasse nele.

Minha atenção se voltou para um murmurinho do lado de fora do carro, eu estava certa e eu sempre estou, eles são tão despreparados quanto parecem, aparentemente estavam ganhando uma espécie de sermão por terem me deixado falar ao telefone com Lilian, foquei minha atenção, mas eu não conseguia escutar direito e fui desperta pela porta da van abrindo-se abruptamente.

Mulher, loira, branca, aproximadamente 1.70 de altura, essas informações seriam relevantes quando eu pedisse para a sequestrarem e a torturasse com minhas próprias mãos.

Sua mão deslizou até a minha coxa e eu prendi minha respiração ao mesmo tempo, ela pegou o celular que estava em meu colo e imediatamente tirou a mão do meu corpo, ficando ereta para fora do carro novamente.

— Você tem algo que é meu e eu peguei algo que é seu. — a chefe disse polida, mas foi cortada por Lilian.

— Oh... você não pega um Luthor, querida, elas pegam você. — Lilian disse tediosa, como se fosse óbvio. — Boa sorte.

Aparentemente Lilian encerrou a ligação e a chefe ergueu seus olhos para mim, sorrindo torto sob a máscara com um olhar azul brilhante. Eu vou tirar a máscara dessa cretina, cortar o sorriso dela com uma faca e arrancar aqueles olhos.

— Olá, querida. — a chefe jogou o celular em meu colo, enquanto dava de ombros.

Eu segui seus movimentos com os olhos e quando o celular caiu sob meu colo, levei minhas mãos algemadas rapidamente até o meu vestido e fiz uma fenda ao lado direito, seria impossível lutar com um vestido de gala justo.

— Oh, não... não faça isso, verde realça os seus olhos, bem... agora realçou a sua coxa. — a chefe disse concordando com a cabeça, quase que distraidamente, enquanto olhava para os seus capangas.

cretina. cretina. cretina

— Porque você não tira a máscara para que eu possa vê-la? que tipo de chefe que se preze se esconde através de um tecido? — digo entre dentes, saindo da personagem rica e burra.

— A gatinha está mostrando as garras? — a chefe diz em um tom irritante que me fez perceber que eu estava perdendo a compostura.

— Eu quero enfiar elas nas suas entranhas. — afirmo em um tom hostil, mas que maldição, essa infeliz está conseguindo me tirar do sério.

— Com essas mãozinhas? — a cretina diz em deboche.

A chefe entrou parcialmente dentro do carro, tentando se aproximar de mim e eu recuei o máximo possível, batendo minhas costas contra a porta interna da van e me enfurecendo mais ainda, eu só queria tirar aquele pino de segurança e enfiar no globo ocular dela.
Suas mãos pousaram sob cada lado do meu corpo e eu elevei minhas mãos discretamente para cima e fechei minhas pernas, a puxando pela gravata preta e fazendo o rosto dela bater contra meus joelhos, uma, duas, três vezes, até a cretina abrir minhas pernas e seu rosto afundar no banco do motorista, eu soltei aquela gravata e estava pronta pular por cima dela, pegar a arma e fazer algum idiota de refém, mas ela agarrou os meus quadris no ar com força e me prendeu no banco do carona, seu rosto saindo por debaixo do meu vestido e se elevando com uma expressão desafiadora, o sangue escorria pelo nariz e só era visível pelos quatro furos da máscara, mas não o suficiente para uma identificação.

Nós duas nos encaramos por segundos que pareceram horas, meu peito subia e descia, enquanto eu tentava controlar a respiração e guardar energia para uma possível corrida, até ela me puxar pelos pés para fora do carro, me arrastando pelo banco.

Salto, saltos stiletto 15 centímetros.

Me desvincilhei das suas mãos, enquanto debatia meus pés em direção aquele rosto coberto pela maldita máscara, até arranha-lo e vê-lo sangrar, eu estava prestes a afundar 15 centímetros de salto na artéria coronária dela, quando fui parada com o pé no ar ao lado do seu pescoço e ela me olhou como uma caçadora, cretina.

A chefe segurou meus pés com força o suficiente para não conseguir movê-los, me virou de bruços contra o banco em um impulso e arrancou os saltos dos meus pés, eu tentaria pegá-los e enforca-lá com as tiras, mas minhas mãos estavam impossibilitadas, em movimentos rápidos ela me puxou para fora do carro e eu me senti tonta por um segundo e tombei para os lados, até a cretina fazer a gentileza de me segurar pela cintura e me manter em pé.

— Quem é você?! — a chefe perguntou com surpresa, como se estivesse assustada com as minhas atitudes, contornando o lado direito do meu rosto.

— Lena Fucking Luthor. — digo fugindo da espécie do toque.

A Primeira DamaOnde histórias criam vida. Descubra agora