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LETÍCYA

Cheguei em casa cansada psicologicamente e parti direto para o banho. Eu pegava em horário integral, então a noite já caía lá fora.

A aula de hoje havia sido bem produtiva, mas me deixou com uma exaustão enorme.

Sentei no grande sofá de minha mansão e deixei o corpo relaxar naquele estofado cor-de-rosa. Minha mãe apareceu na sala e sorriu ao me ver.

- Oi, filha. Como foi a faculdade? - Ingrid perguntou se sentando ao meu lado. Minha mãe sempre se preocupava comigo, ela todos os dias perguntava como eu fui nas aulas e me trazia um lanche especialmente feito por ela.

- Hoje foi um dia muito produtivo - eu disse. Ainda não tinha contado a ela que eu tinha sido pedida em casamento pelo amor da minha vida. E pretendia fazer isso o quanto antes.

- Isso é bom - Ingrid comentou. - Produtividade é uma boa forma de progresso. - minha mãe era como eu: loira, branca e muito bondosa. Nós sempre pensávamos positivo e fazíamos o possível para vivermos felizes. O dinheiro que nós tínhamos não nos deixavam mais ou menos humildes. Mas meu pai não lidava com o dinheiro da mesma maneira. Ele sempre se gabava da vasta quantia de um bilhão que nós tínhamos e colocava os negócios acima de tudo.

- Mãe... - comecei a encarando nos olhos. Ingrid tinha o rosto fino como o meu, e seus olhos eram de um verde água lindo, e esses me fitavam com atenção.

- Diga, Letícya.

- O João, ele me ped... - fui interrompida pelo toque de meu celular vibrando no bolso de minha calça.

Era João.

- Só um minuto - levantei o indicador para minha mãe e fui até a cozinha para atender com mais privacidade.

"Oi, meu amor" João disse assim que eu atendi.

"Oi, minha vida. Como você está?" perguntei com um sorriso.

"Estou bem, gata. Que tal você e seus pais jantarem aqui em casa hoje?"

Arregalei os olhos surpresa e assenti maravilhada. Eu finalmente ia conhecer seu pai, e finalmente ia levar meus pais na casa dele. Isso era um sonho! E quem sabe ele pediria a minha mão na frente deles. AAAAAH!!!

"Letty?" João disse quando eu não respondi.

"Ah... Claro! Seria uma ideia maravilhosa"

"Ótimo! Que tal às oito?" Ele sugeriu.

"Ok. As oito seria perfeito!"

"Beleza. Tchau, minha noiva."

Sorri ao ouvir ele frisar a palavra noiva. Eu o amava tanto. Finalmente me encontrei no amor.

"Beijo, meu noivo."

Desliguei a chamada e retornei à sala, onde minha mãe não estava mais. Mas avistei a nossa empregada, Bettyna, limpando os móveis perto das escadas de acesso ao segundo andar, e fui até ela.

- Bete, viu minha mãe por aí?

Bettyna me encarou com medo como sempre - o que era totalmente desnecessário, pois eu não a maltrato e nem farei isso, mas também entendo o porquê do receio, George, meu pai, a trata como lixo a maioria das vezes -, e negou com a cabeça.

- Ah, obrigado.

Subi as escadas e rumei para o quarto dos meus pais. Ingrid estava deitada na cama encarando a Tv de plasma ligada, mas sem realmente prestar atenção.

- Mãe - chamei.

Ela me encarou com uma expressão cansada e piscou, parecendo prestar atenção em mim agora.

- Sim?

Ela e meu pai tinham um relacionamento baseado nas aparências, fingiam ser um baita casal na frente das imprensas ou em eventos, mas na verdade eles quase não se falavam em casa. Apenas coisas extremamente necessárias.

E a culpa disso era dele, George Pereira Abrantes.

- O João nos convidou para jantarmos na casa dele hoje - expliquei avaliando a reação de minha mãe. Mas ela permaneceu do mesmo jeito: quieta, imóvel, distante. Algo estava errado. - Mãe?

Ela piscou algumas vezes.

- Ah... Ok. Finalmente conhecerei a casa de seu namorado. - Ela disse sem me encarar.

- Mãe. O que houve? - perguntei ignorando seu comentário anterior.

Ingrid hesitou e abriu a boca, mas a fechou logo em seguida.

- Mãe! - pressionei enquanto me aproximava mais, ficando ma frente de sua cama e cruzando os braços de modo firme.

- Seu pai - ela disse ainda parecendo distante.

Eu desconfiava que George traía minha mãe, mas nunca tive provas certeiras disso. Será que ela descobriu uma suposta traição?

- O que tem ele? - perguntei tentando parecer calma, mas minha mente estava a milhão e os músculos do meu corpo se tensionando.

Ingrid me encarou e seus olhos encheram-se de água quando ela disse:

- Ele sofreu um acidente. Está em estado grave no hospital. - as palavras frias de minha mãe me atingiram como um raio, e eu tive que ser bem forte psicologica e fisicamente para não deixar que a tontura repentina me levasse para a escuridão.

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