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LETÍCYA

Na faculdade...

- MENTIRAAA??!! ELE TE PEDIU EM CASAMENTO?! - Manuela, minha melhor amiga e colega da faculdade arregalou os olhos boquiaberta. Eu assenti sem conseguir esconder um sorriso e ela soltou um gritinho histérico, logo me puxando para um abraço. - AAAAAAHH!! Parabéns, amiga! Você merece, sua chata.

Manuela guardou alguns dos seus livros e trancou a porta de seu armário, nós caminhamos até a cantina e nos sentamos em uma mesa disponível.

- Anda! - ela começou. - Conta tudo!

Sorri para ela e assenti.

- Ok. Ontem à noite ele disse que ia dar um pulinho lá em casa porque estava com saudades - comecei a contar, sempre gesticulando com as mãos, uma mania que eu tinha. - Eu então arrumei e decorei meu quarto com luzes vermelhas e coloquei umas músicas lentas de fundo. - Manuela me encarava com aquele sorriso travesso e volta e meia mordia o lábio inferior. - Ele chegou alguns momentos depois e nós namoramos um pouco antes dele dizer que queria avançar um passo na relação - as palavras dele dançavam em minha mente, letrinha por letrinha, e sentia que estava a ponto de chorar de emoção.

- Pera aí - Manuela interrompeu. - Rolou? - ela estreitou os olhos pra mim e fez uma expressão maliciosa.

- Não - neguei nem um pouco abalada. João era um cara diferente, e talvez ele queira deixar esse momento para a lua de mel.

Nossa, me senti a Bella Swan agora!

- Ah! - foi só o que Manuela disse.

- Aí, ele disse que queria avançar e tals... - continuei contando com entusiasmo. Manuela sempre me ouvia e me dava conselhos amorosos. No meu último relacionamento, o Guilherme, irmão dela, era super mal educado comigo às vezes, e sempre me trocava pelo futebol. Seja ele televisionado ou aquelas peladas de rua mesmo.

Depois que nós terminamos, por iniciativa minha, ele me xingou de um monte de coisas horríveis e disse que eu era uma puta de uma riquinha mimada. Eu fiquei muito mal na época, mas agora eu já superei. Afinal, agora eu ia me casar com um homem que realmente me valoriza.

- ...aí ele me pediu em casamento.

- Com aliança e tudo? - ela quis saber.

- Não. Acho que ele só queria ver de eu aceitava primeiro antes de fazer um pedido formal - deduzi.

A hora do intervalo acabou e nós fomos para a sala. Agora era a aula de código penal.

Sim, nós faziamos faculdade de direito.

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JOÃO

Acordei com uma baita preguiça e fui preparar um café. Nada melhor que um café puro nos primeiros raios de sol. Enquanto a cafeteira fazia o serviço, tomei um rápido banho e coloquei apenas um short preto, sem camisa.

Caminhei até a sala e liguei nos noticiários matinais. Meu apartamento era grande e bem mobiliado, a maioria dos móveis eram semi novos e as paredes tinham um tom esmeralda, tudo isso cortesia de meu pai, para manter a bendita aparência quando minha noiva e os pais dela viessem me visitar algum dia. Por que eu sei que eles viriam.

A mãe de Letícya é uma mulher fácil de lidar, é idiota igual a filha. As duas são malditamente ingênuas, o que facilita muito meu trabalho. Mas o pai dela, George Abrantes, é um homem esperto e muito influente, tenho que tomar cuidado com ele.

Despejo meu café num copo e o tomo sem açúcar mesmo. Nada melhor do que provar o amargo. O meu doce viria no final, quando eu conseguisse o que queria.

A campainha soou alta e ruidosa, me sobressaltado de repente. Eu não recebia visitas. Quando Letícya vinha aqui - o que não ocorria com frequência -, eu mandava ela avisar com antecedência através de mensagens de texto, mas neste momento ela estava na faculdade, então não teria como ser minha noiva na porta.

A campainha soa novamente.

Em silêncio, pego meu revólver embaixo da bancada da cozinha e vou sorrateiramente até a porta. Meu olhar recai até o olho mágico, e a pessoa que vejo em frente a minha porta é quem eu menos esperava.

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