6

12 3 0
                                    

Estava tudo pronto. Tudo armado para esta grande noite. Eu estava nervoso, muito nervoso. Era a primeira vez que alguém além de Evandro - meu pai -, e Letícya entraria em meu apartamento. Que não era bem meu. Bom, Giullia, minha maldita ex-namorada havia entrado aqui hoje também, mas não era algo planejado por mim, foi uma surpresa de meu pai. Uma maldita surpresa.

Eu estava vestido com uma calça jeans escura, uma camisa branca de manga comprida que ia até os cotovelos, e um tênis branco da Nike. Eu estava bem elegante para encenar.

Giullia estava em meu quarto. Vestida adequadamente para fazer seu teatrinho, não agora, mas na hora certa.

A sala de jantar do apartamento já estava pronta, devidamente arrumada. Respirei fundo, eliminando a tensão, e alcancei meu celular em cima da mesa de centro da sala, me jogando no sofá logo em seguida.

Ótimo! Eram sete e quarenta e três da noite, o que significa que em poucos minutos eles estariam aqui: Letícya e os pais dela, e Evandro, o meu pai.

Relaxei meu corpo e esperei.

Dois minutos depois, às sete e quarenta e cinco, meu celular toca. Era Letícya.

"Oi, minha linda. Já está a caminho?" pergunto atencioso. Eu já estava tão bom nisso que nem precisava mais forçar a voz ou fazer caretas. Eu tive ótimos três anos de experiência com isso. Aliás, Letícya não era a primeira e nem seria a última vítima do esquema da família Guerra.

"Então, amor. Era sobre isso que eu queria falar." Sua voz se tornou receosa e eu comprimi os lábios.

Merda!

"O que houve?" perguntei preocupado. Mas agora, diferente de antes, eu estava realmente preocupado. Afinal, meu pai foi bem claro ontem ao me dizer que não podia passar de hoje a situação do casamento.

"Meu pai sofreu um grave acidente e está em estado grave no hospital." ela disse chorosa e eu revirei os olhos. Justo agora esse velho inventa de sofrer um maldito acidente?

"Nossa, pequena. Como ele está? perguntei com um falso interesse. Eu pouco me fodia pela saúde dele.

"Ainda não sei, mas irei ao hospital agora com a minha mãe. Então nosso jantar vai ter que ficar para a próxima, pode ser?

"Claro, Letty. É a vida de seu pai que está em jogo, pode ir tranquila, gatinha." eu disse. "Qualquer coisa me liga que eu apareço aí o mais rápido possível.

"Ok. Não se preocupe, meu príncipe."

"Está bem, então. Beijo, vida."

"Beijos, eu te amo."

"Eu também, tchau."

Desliguei um telefone e praguejei baixinho. Isso não podia acontecer agora. Vai estragar os planos de meu pai.

Fui até meu quarto onde Giullia estava vestida como empregada, e a encontrei esparramada em minha cama.

- Já está na hora da ação? - ela perguntou com um brilho estranho nos olhos, mas sem se mover.

- Não - neguei emburrado enquanto me encostava no batente. - Deu tudo errado, Giullia. O maldito pai dela sofreu um acidente - revirei os olhos. - O jantar vai ter que ficar para a próxima.

Giullia comprimiu os lábios decepcionada e se sentou. Ela estava estranhamente bonita com aquela roupa de empregada, não que ela já não fosse, mas a vestimenta realçou suas curvas de um jeito muito sexy.

Pare! Não se permita pensar assim. Foi por culpa dela que você sofreu por longos anos. - me alertava meu subconsciente.

- Poxa, que pena - ela disse fingindo descontentamento. - Mas ainda temos o resto da noite - Giullia deu um sorriso malicioso e mordeu o lábio inferior me provocando. - Que tal fazermos algo interessante? - ela encarou o meio de minhas pernas com malícia ao falar a palavra "interessante".

Engoli em seco e neguei seriamente. Giullia não iria me usar de novo. Não mesmo!

- Ahhh, por que não, Matheus? - ela perguntou manhosa, acariciando suas coxas de modo suave, sempre mantendo o contato visual comigo.

Aquilo estava me deixando maluco, mas eu não ia me entregar, eu iria resistir, não ia?

- Não me chame de Matheus! - a repreendi com uma carranca.

- Mas esse não é seu verdadeiro nome? - ela inquiriu com desdém.

Assenti sem vontade.

- É, mas eu não quero que me chame assim! - ordenei impaciente. - Pra todos o meu nome é João Victor Maldonado, entendeu?

- Entendi, meu vampirinho - ela disse sorridente. - Agora vem cá, vem?

Giullia tirou suas roupas de modo suave, calmo, provocante, ficando apenas de lingerie vermelha rendada. Puta merda! Meu auto controle estava se esvaindo rapidamente, e eu tive que inspirar bem fundo para não ceder a tentação de agarrá-la e me deliciar naquele corpinho gostoso que ela tinha.

- Vá embora, Giullia - eu disse firme enquanto apontava para a porta. - Agora!

Eu tinha que expulsá-la daqui o quanto antes, caso o contrário eu me arrependeria amargamente depois.

Giullia se vestiu em silêncio e levantou de modo calmo, mas com uma carranca enorme no rosto.

- Isso ainda não acabou, vampirinho! - foram as palavras dela antes de eu ouvir a porta de entrada bater com força e eu me encontrar sozinho em casa.

Ufa! Essa eu consegui!



Querido DiárioOnde histórias criam vida. Descubra agora