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EVANDRO GUERRA

Estava sentado no sofá da sala de minha mansão quando Lemnuz, meu motorista e comparsa, entrou na sala. Eram sete e vinte de uma noite fria e sem estrelas, e daqui a pouco eu iria para a casa de meu filho para ele pedir a maldita bilionária em casamento.

- Senhor Guerra - Lemnuz disse com aquela voz extremamente grave.

- Diga, Lemnuz.

- Aquele maldito do George Abrantes descobriu nosso esquema e disse que está indo nesse exato momento ao Clã.

O Clã era uma organização de assassinos que faziam "favores" para os membros dos esquemas. Você pagava uma determinada quantia para eles, e os assassinos matavam quem quer que seja. Sem remorso nem vestígios.

- Como ele descobriu? - perguntei com os olhos alertas nas janelas ao redor da sala. Esse desgraçado não podia ter descoberto isso logo agora.

Lemnuz deu de ombros.

- Eu não sei, senhor. Ele apenas ligou e mandou esse recado, não disse nada mais além disso.

Bufei com raiva e me levantei. Eu tinha que pensar em alguma coisa e agora.

- Venha, Lemnuz - ordenei tendo uma ideia.

Caminhamos até a porta de entrada e eu chequei a enorme varanda recheada de luminárias a minha frente.

- Preciso que fique vigiando a casa enquanto eu vou resolver isso - eu disse certeiro. - Mate quem for se necessário, mas não deixe que eles roubem nosso cofre, entendeu?

Lemnuz assentiu sério e eu fui até a garagem, escolhendo um Fiat palio e dirigindo até o Clã.

Eu tinha que chegar antes do maldito do George Abrantes.

...

As ruas estavam cheias de carros e pessoas caminhando de modo distraído. O trânsito estava lento, o que era bom e ruim; bom pelo fato de nenhum carro poder circular com rapidez, o que eu rapidamente deduzi que com essa lentidão não teria chances de George ter chegado primeiro ao galpão do Clã. E ruim porque me impossibilitava de circular com rapidez.

Depois de cinco minutos inteiros, o trânsito normalizou e eu pude voltar a dirigir normalmente, sempre encarando com atenção os carros em volta. Aaah... Se eu pusesse as minhas mãos nesse desgraçado...

Depois de dirigir por mais de dez minutos a caminho do galpão, eu vi uma coisa que me deixou com os olhos brilhantes.

Lá estava ele. O maldito do George estava entrando em uma farmácia, seu carro, uma Mercedes branca, estava com a porta do motorista aberta. Estacionei meu carro do outro lado da rua e fiquei, calmo e quieto como uma cobra. A espreita, aguardando minha maldita presa dar as caras.

Alguns minutos depois ele saiu, carregando uma enorme sacola verde nas mãos. George entrou no carro e deu a partida deste. Eu o segui com uma calma contida, tomando todo o cuidado de ser visto. Eu sabia todo o caminho para o galpão de cor, já tinha estado lá inúmeras vezes para pedir alguns favores de meus amados colegas. George dirigia lentamente, sem pressa, e aquilo estava me irritando.

- Vamos apimentar as coisas! Eu disse com um sorriso.

Dobrei a esquerda enquanto o carro dele continuava indo reto. Havia um atalho para chegar mais rápido que ele, e eu não desperdiçaria a chance de matar esse desgraçado.

....

Com os faróis desligados, apertei os olhos e encarei a rua escura a minha frente. George passaria na esquina da rua que eu estava, da direita para a esquerda, e nesta hora, eu iria acelerar meu carro até este colidir com a Mercedes-Benz dele.

Eu estava a uma boa distância para poder atingi-lo com pelo menos 120 quilômetros no velocímetro. Apertei bem o cinto de segurança e amaciei o volante em minhas mãos. O maldito carro passava com lentidão à minha frente.

Ótimo! Hora do show.

Acelerei meu carro na noite e senti a satisfação me invadir quando meu carro colidiu numa forte batida com a Mercedes, acertando em cheio o lado do motorista. Meu corpo foi arremessado para frente com o impacto, mas o cinto de segurança e os airbags impediram de algo mais grave ocorrer. Meu ombro doía por conta do aperto do cinto e a frente do meu carro estava toda destruída. Por outro lado, a Mercedes branca à minha frente estava com a porta do motorista totalmente danificada, e uma estranha fumaça saía do carro.

Desafivelei meu cinto e saí com dificuldade do carro. A rua estava deserta e eu agradeci mentalmente por isso. Na minha obsessão em acabar com a vida do Abrantes eu havia me esquecido do detalhe "testemunhas".

Eu sentia o prazer me invadindo por ter concluído minha missão. Duvído muito de que ele sobreviveria depois de eu ter atingido com força o lado do motorista.

Peguei um casaco preto na porta de trás do meu carro e o vesti. A brisa gelada que pairava na noite era a desculpa perfeita para eu vestí-lo e ajeitar o capuz sobre meu rosto, o escondendo sombriamente enquanto caminhava de volta para a minha mansão.

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