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Eu aguardava impacientemente meu pai chegar no local combinado. Ele sabia muito bem que eu odiava esperar, mas fazia isso para me irritar, não é possível!

A rua estava quase totalmente escura, graças as luzes do poste que haviam queimado repentinamente. O céu noturno sem estrelas estava carregado de nuvens cinzentas e não havia nenhum sinal da lua.

Eu estava vestido com um moletom preto, tênis pretos, e casaco preto com o capuz cobrindo boa parte do meu rosto. Ao longe, eu pude ver um carro cinza virar a esquina e subir a rua lentamente. Eu estava entre dois trailers abandonados, escondido sob a noite, mas tinha uma ampla visão de toda a rua sem correr o risco de ser visto.

O carro cinza subiu, e logo meus olhos pousaram sobre a placa. Era ele. Saí lentamente de meu esconderijo e entrei no carro sem dizer uma palavra. Meu pai estava no banco do carona, vestido igualmente de preto, e Lemnuz, seu assistente e motorista, estava de terno e gravata, concentrando seu olhar ao redor e verificando se estávamos seguros.

- Fez o serviço? - meu pai perguntou com sua voz firme e direta. Evandro Guerra não ficava de rodeios, ele era sempre direto e reto. E isso eu admirava nele.

- Quase - respondi.

Evandro me encarou pelo espelho retrovisor e arqueou uma de suas sobrancelhas negras e grossas.

- O que falta?

- Assinarmos os papéis - expliquei de modo relaxado. Não foi difícil fazer com que ela aceitasse casar comigo. Eu não fiz esforço algum, Letícya me ama!

- Preciso que faça isso até amanhã à noite - meu pai ordenou. - Quanto mais rápido casar com a patricinha, mais rápido conseguiremos nosso prêmio.

Assenti novamente, dessa vez em silêncio.

- Tome - meu pai tirou uma pequena caixa de dentro do bolso do casaco e passou-a para mim no banco traseiro. - Peça logo essa vadia em casamento!

- Pode deixar - eu disse com firmeza antes de abrir a porta do carro e observar o veículo partir em alta velocidade.

Suspirei fundo colocando a caixinha no bolso, puxei meu capuz cobrindo mais o rosto e andei pela madrugada rumo ao meu apartamento.

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LETÍCYA

Eu. Não. Acredito. Nisso.

Eu estou em choque até agora! Oh, céus, ainda não me caiu a ficha que João, meu namorado e amor da minha vida me pediu em casamento. Eu não consigo acreditar.

Quando ele me disse ontem que queria elevar um passo a nossa relação, eu pensei que ele queria sexo e estava nervoso ou algo assim. Mas nunca. Nunca pensaria que era isso! Se eu aceitei? Claro que sim! Óbvio que sim. Só se eu estivesse muito louca que eu negaria ser a esposa de João Victor Maldonado.

Meu coração está felicíssimo e eu estou radiante! Finalmente eu iria me casar com alguém que eu realmente amo, diferente de meu outro relacionamento com o Guilherme, um idiota que só me usou pra satisfazer as vontades dele e depois me largou como se eu fosse um lixo, um maldito objeto descartável.

Mas...não é hora de pensar nisso não é? Eu estou muito feliz e é isso que realmente importa.

Sentada na cama do meu quarto, eu escrevia delicadamente sobre meu diário. Rabiscava distraidamente o meu nome todo, e sorri ao saber que eu receberia o sobrenome de meu noivo.

Letícya Cristinna Abrantes Maldonado. Em breve irá ser uma mulher casada!

Fechei o diário com uma sensação boa e me joguei na cama, não conseguindo parar de sorrir feito uma boba: uma boba apaixonada!

Querido DiárioOnde histórias criam vida. Descubra agora