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JOÃO

- Você aceita a senhorita Letícya Critinna Abrantes como sua legítima esposa? - a juíza do cartório perguntou com seriedade, me observando de modo atento.

Dentro do que parecia uma igreja abandonada, havia uma sala quase escondida, que era o "nosso" cartório. O cartório que eu sempre ia para me casar com minhas vítimas. Claro que tudo aquilo era uma farsa, tanto a juíza, quanto os outros três casais que aguardavam na fila atrás de nós para se casar também.

Letícya inicialmente estranhou a escolha do local, dizendo que podíamos nos casar em um cartório mil vezes melhor que este, mas eu neguei cuidadosamente, comentando que havia sido neste mesmo cartório que meu pai se casara com minha falecida mãe.

Mas a realidade era bem outra.

- Aceito. - encarei minha (agora esposa) com um sorriso largo e acariciei suas bochechas antes de me aproximar e depositar um beijo em seua lábios rosados e carnudos.

- Eu vos declaro marido e mulher. - a falsa juíza, que era na verdade a irmã mais nova de meu pai e uma das parceiras da Gangue do Guerra, me encarou com a expressão serena, porém feliz. E eu soube que tinha concluído uma das partes mais importantes do plano.

- Eu te amo. - minha esposa sussurrou quando nos afastamos minimamente.

- Eu também te amo.

Puxei meu celular do bolso e abri a câmera do mesmo. Eu tinha que mandar um sinal para Evandro saber que deu tudo certo mais uma vez. Afinal, Matheus Guerra nunca falhava em suas missões.

Pelo menos não ainda!

- Vem - eu disse, puxando Letícya para perto. - Vamos tirar uma foto e registrar esse momento mágico de nossas vidas.

A loira assentiu e me abraçou de lado. Eu sorri para a câmera e Letícya fez o mesmo; seus cabelos loiros caiam delicadamente sobre seu busto e ela encarava a câmera frontal alegremente, apenas esperando o clic.

Mandei a imagem para o meu pai via WhatsApp e puxei Letty para o abraço.

- De agora em diante somos um só - eu declarei. - Tudo o que é meu, é seu. Pode ficar tranquila, gata.

- E tudo o que for meu, seu será também. - Ela disse, acendendo uma centelha de alegria dentro de mim.

Isto será mais fácil que roubar doce da mão de criança.

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EVANDRO

Liguei o carro novamente e fui dirigindo direto para o clã. Ingrid ao meu lado, gritava igual uma maldita retardada, e eu já estava me emputecendo com o histerismo daquela cadela.

- PORRA! CALA A BOCA UM SEGUNDO!

Ordenei impaciente enquanto via ela se assustar com meu grito. A mãe de minha nova nora gritava coisas como socorro!; Eu vou contatar os meus advogados e livrar minha filha das mãos de vocês, seus doentes!.

Dane-se o que ela faria ou não. Duvido que essa velha desgraçada teria coragem sequer de falar depois do que eu a faria ver agora. Estacionei na frente da velha fábrica de carros, que agora pertencia aos membros do Clã, e fui recebido por dois brutamontes armados com fuzis. O local era inabitado e ladeado por uma densa floresta. Traduzindo... Era no meio do mato.

- Boa tarde, companheiro. - disse um deles. Este tinha pedras de ouro no lugar dos dentes e possuía várias tatuagens ao redor do rosto. - O que deseja?

Saí do carro com calma e contornei o veículo pela frente, abrindo a porta do carona e puxando Ingrid pelo braço. Ela se contorcia em meu aperto e gritava bravamente. Mas de nada adiantaria seus ataques, ninguém daqui me impediria de fazer o que quisesse com ela.

- Eu quero dar um pequeno susto nessa cachorrinha aqui. - eu disse com um prazer perverso carregado em minha voz. 

- ME SOLTE, SEU INFELIZ!!

Ingrid tentou puxar seu braço de meu aperto, mas falhou quando eu a puxei para mais perto de mim com força e inspirei o doce aroma que vinha de seu pescoço. Eu estava apenas brincando com ela, aproveitando de sua fragilidade feminina. Não pretendia matá-la. Pelo menos não agora!

Mas ela já sabia demais, e isso poderia me prejudicar no futuro.

Eu sei que vocês devem estar pensando: Você podia ter evitado tudo isso se não deixasse ela descobrir do esquema. Mas assim seria muito menos divertido, menos prazeroso. Eu gosto da ação, da adrenalina em minhas veias, do sangue correndo quente em meu cérebro enquanto eu tento pensar em um plano B de imediato.

Se ela continuasse sem saber; pensando que meu filho era um fudido homem perfeito, seria tedioso pra caralho. E eu não veria muita satisfação no dia do roubo. Mas agora não. Agora tudo valeria a pena.

Ingrid estava estranhamente quieta. Mas meu aperto continuava firme em seus braços. Como ela era fudidamente branca, certeza que deixaria marcas no local depois.

Senti uma mordida forte em meu braço e praguejei, a soltando involuntariamente. Aquela vadia iria me pagar.

- Nem adianta fugir! - ameacei calmamente enquanto via o "estrago" que ela havia feito com aqueles malditos dentes. Uma marca visível estava em meu antebraço direito, com um pequeno roxo amostra. O contorno perfeito de cada dente daquela maldita.

Ingrid, como se tivesse apenas esperando minha deixa, fugiu. Ela correu malditamente rápido - como pode, né... Aqueles saltos agulha que ela usava a impossibilitavam de acelerar mais.

Os dois gigantes a minha frente me encararam como um cachorrinho esperando um comando, e eu apenas assenti uma só vez. E os fuzis de ambos foram apontados para a direção que Ingrid havia partido, disparando logo em seguida com um som oco e estrondoso.

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⏰ Última atualização: Dec 02, 2021 ⏰

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