Julieta
Subo os poucos degraus da frente da Delvecchio's Corporativo, adentrando no enorme prédio de quinze andares, caminhando sobre os pisos de mármore preto, buscando ignorar os olhares furtivos sobre mim.
Para poder falar da vida alheia, todo mundo aparece.
Caminho até o elevador, apertando o botão e olhando ao redor, todas ainda estavam me mirando até que começo encarar as duas mulheres que se posicionam na recepção do prédio e só assim, elas voltam a trabalhar, ou fingir que trabalham.
O elevador chega e eu entro da cabine, apertando o botão para a presidência, um homem, que eu tenho certeza ser o Juan, do T.I vem correndo, como quem precisa entrar no elevador também.
Aperto o botão que pausa o elevador e caminho para o lado, dando espaço a ele.
- Segura...- Ele diz um pouco ofegante, mas ao meu ver arregala os olhos. - Desculpe, vou esperar o próximo. - Ele aperta o botão da cabine ao lado.
- Pode entrar. - Digo olhando fixamente para ele, buscando entender essa recusa repentina.
- Não, não - Ele negou com as mãos. - Dizem que não pode entrar junto com a presidente. - Diz cruzando os braços.
- Quem diz? - Franzo o cenho em tom de dúvida.
- Todo mundo. - Ele dá de ombros. - "Nunca pegue o elevador junto da senhorita Delvecchio" - Incita como um mantra. - As secretárias que dizem.
- Entre. - Digo firme olhando em seus olhos.
Ele entra e aperta o botão do oitavo andar.
- É agora que me demite? - Juan sussurra com um ar assustado.
- Tudo isso é o que elas dizem? - Digo num tom que nem eu me reconheço.
- Elas dizem: não entre no mesmo elevador, quando ela chegar, saia dos corredores e evite barulhos. Caso o contrário... Demissão! - Diz sussurrando como se as secretarias ouvissem.
- Estou me sentindo Miranda Priestly, do filme o diabo veste prada. - Respiro fundo e volto a falar. - Ignore o que elas dizem, o elevador e os corredores são ambiente público dos funcionários. Sobre os barulhos, se não for realmente necessário, evite. Sobre a demissão? Somente com justa causa. - o elevador faz um bip avisando que chegou no oitavo andar. - Seu andar. - Aponto a porta aberta e ele sai um tanto desconcertado.
Onde já se viu? Penso revirando os olhos.
Sete andares depois, eu saio caminhando no corredor vazio, encontrando Celina no telefone. Ela me dá um tchauzinho e eu retribuo com um pequeno sorriso e entro na minha sala.
Sento em minha mesa de madeira escura, passada de herança do meu avô, abro minha bolsa e tiro as pastas, guardando-as em seu devido lugar em uma estante, em frente a minha mesa.
Volto ao meu lugar buscando meu tablet observando o tema da reunião.
A porta da minha sala volta a abrir e Celina vem com um ar curioso.
- E ai? Como foi com Martín? - Ela me observa interessada.
- Ah! Do jeito atípico dele. - Dou de ombros. - Me perturbou como sempre fez e ainda teve a cara de pau de pedir hambúrgueres e fritas no Turim!
- Mentira! Sério que ele fez isso? - Celina dá risada. - E o que você fez?
- Ah, já estava lá né? Pedi bolo com sorvete. - Digo rindo com a gargalhada dela que explode logo que termino de falar.
- Hm...vocês dois fizeram a maior bagunça, né? - Ela diz de modo sugestivo.
- Nada a ver! - Digo erguendo as mãos e negando com a cabeça.
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Uma CEO inalcançável.
RomanceJulieta Delvecchio é a irmã mais velha das quatro irmãs Delvecchio. Criada em uma família típica italiana por seu avô Enrico. Ela é a CEO da empresa da família. Com quase trinta anos, Julieta é casada com o seu trabalho, não acreditando no amor...