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Celina

Vamos te deixar um pouquinho a sós. — A maquiadora junto da cabeleireira, avisa com um sorriso. — Você está linda! — Sorriem e se retiram.

Olho para o espelho, notando a maquiagem leve, destacando os olhos, as bochechas com uma leve cor para as fotos e um batom nude.

Os cabelos ondulados, com uma trança transpassada e alguns fios soltos dão um ar tão leve. O vento suave que acompanha as ondas do ambiente externo faz com que os fios balancem gerando uma certa ansiedade.

Como será que ele está? Como chegamos até aqui?

10 anos antes…

— Soube que uma família se mudou para a casa ao lado da sua na semana passada. — Julieta diz enquanto caminhamos pela calçada.

— Sim, se mudaram mesmo, um casal com dois filhos, uma menina bebê e um menino chato. — Resmungo.

— Um menino chato? — Julieta ri.

— Sim, fomos visitar, dar as boas vindas, nossas mães falaram para irmos brincar juntos, mas ele foi um bobão, não quis dividir os jogos e falou que não queria uma amiga menina, hupf! Quem precisa dele?

— Eu não preciso! — Levanta as mãos como se rendesse. — E depois não se falaram mais?

— Sim, vi no primeiro dia de aula dele, minha mãe pediu para eu ajudar ele a se enturmar e eu fui lá perguntar se ele queria que eu levasse ele até a sua sala, sabe o que ele fez?! — Elevo o tom para ela perceber a importância do assunto.

— Não, o que ?! — Julieta arregala os olhos empolgada.

— Ele disse "não preciso de ajuda sua, sei me arranjar sozinho", porque ele é tão chato? Só quis ser gentil! — reviro os olhos dando de ombros.

— Que grosseria! É verdade ele foi bem chato. — Juli faz uma careta engraçada.

— Queria que fôssemos amigos, aí seria você e eu, ele e o Martín, seria um grupo muito legal. — Digo chateada.

— Seria muito legal mesmo...Mas ele conhece o Martín? — Juli pergunta enquanto caminhamos e logo avisto a minha casa.

— Acho que sim, hoje na hora que fui ao banheiro, vi eles dois conversando super animados no corredor, acho que são amigos.

— Martín nem para contar pra gente, aquele traidor! — Juli revira os olhos me fazendo rir.

— É mesmo, um baita traidor! — Resmungo atravessando a rua e parando no portão. — E sua irmã? Como está? Chorando muito?

— Elizabeth é uma dramática! É o que papai diz — Julieta cochicha rindo. — Ainda chora bastante, mamãe diz que é porque ela é pequeninha e que eu chorava bastante também, eu não me lembro disso, mas papai confirma. — Suspira enquanto entramos na alameda que dá para a minha casa.

— Ainda bem que sua mãe deixou você vir, podemos fazer as lições e brincar bastante, assim você descansa os ouvidos. — Dou risada ao imaginar os ouvidos descansando.

— E vou descansar! Ser irmã mais velha é meio chatinho, tem que ir buscar as coisas e levar as fraldas no lixo.

— Ainda bem que eu não tenho irmãos! — Dou risada largando minha mochila no chão da sala.

— Sorte sua. Amanhã é o nosso passeio, a trilha na floresta, está ansiosa? Poderemos formar uma dupla!

— Isso se a senhora Fiorella deixar, né? Ela é muito chata! — Faço careta. — Mas quero sim, seremos uma boa dupla.

Uma CEO inalcançável.Onde histórias criam vida. Descubra agora