Martín
Toco novamente seus lábios, lentamente com um beijo que acende por completo, passo minha mão por sua nuca, trazendo-a para perto, aprofundando mais o beijo, que se torna mais intenso a cada instante.
Com pequenos selinhos, vou me afastando aos poucos, procurando seu olhar, noto um pequeno sorriso em seus lábios e meu coração se acalma.
— Precisamos conversar, Juli. — Digo em tom firme e a puxo, deitando ela sobre meu peito com as costas.
Seus cabelos se espalham por meu peito, trazendo desejos e ainda uma grande sensação de calmaria.
— O que você quer conversar? — Julieta diz baixinho, tímida e ouso dizer que está vermelha.
— Eu quero saber por que você chorou...— Busco ser firme...— Quero saber o que sentiu e como se sentiu. — Faço cafuné em seu cabelo, notando que ela respira fundo.
— Já houveram outros beijos...— Ela inicia em sussurro como se puxasse na lembrança. — Éramos namorados na faculdade, noivos, íamos fazer um jantar simbólico no final de semana, estávamos juntos há quase três anos, nós nos dávamos muito bem, ele era animado e me fazia bem.
— C-como? — Digo confuso.
— Eu sei, ninguém sabe, um dia, na sexta feira, eu tinha terminado minha prova e fui até o seu dormitório, não havia visto ele o dia todo e estava preocupada. — Julieta esboça um semblante triste. — Estava agarrado com outra garota, aos beijos e amassos, mesmo com o tempo de namoro. — Ela sussurra e eu sinto uma fúria crescer dentro de mim.
— E o que você fez? — Consigo pronunciar tentando engolir a raiva.
— Nada. — Diz evasiva. — Dei as costas, mandei uma mensagem dizendo que vi tudo, que ele não precisava se explicar, eu não iria dar show, só queria ele fora da minha vida. E o que ele me respondeu? — Sinto que ela revira os olhos, mas não consigo ver na penumbra. — Disse que a culpa era minha por não corresponder às "necessidades dele" — Ela faz aspas com as mãos. — Mas desapareceu e eu nunca mais o vi no campus. Em casa eu fiz parecer que estava tudo bem e assim foi.
— Entendi...— Respiro fundo tentando digerir. — O que ele quis dizer com as "necessidades dele"? — Repito as aspas.
— Mesmo com muitos anos de namoro, eu não me sentia pronta para avançar na relação, sabe? E quanto mais ele me cobrava e mais eu me sentia insegura, no fim ele simplesmente me culpou.
— Nojento descarado! — exclamo raivoso. — Ninguém deve exigir nada, Juli. Você sabe que a culpa não é sua? A culpa é dele, mau caráter!
— Eu sei...— Julieta sussurra. — Mamãe me ensinou a sempre fazer o que eu queria, e não o contrário, a culpa sempre foi dele. Eu não quis mentir pra você, mas eu quis apagar tudo isso, então não considero nada daquela relação.
— Fica tranquila, entendo de verdade — Sorrio de canto e faço um carinho na sua bochecha. — Então depois disso você nunca mais se relacionou com outras pessoas? — Decido confirmar.
— Não, nunca, me mantive fixa apenas em trabalhar. — Diz firme e assinto. — Chorei porque me lembrei, na época eu não me permiti sentir aquela dor, viver aquilo sabe? — Assinto mexendo em seus cabelos. — Ontem tudo explodiu dentro de mim, não por tua causa, mas porque acho que precisava limpar isso do meu coração.
— Você me assustou um pouquinho, ontem. — Digo sincero. — Eu não queria passar dos limites, mas ver que você tinha chorado me deixou preocupado.
— Não foi por tua causa. — Ela repete e segura na mão. — Eu gostei, me senti muito bem e continuo me sentindo bem — Dá uma risadinha e eu acompanho rindo. — E eu gostei que disse que não se arrependeu e nem pediu mil desculpas. — Sussurra tampando o rosto com as mãos me fazendo rir com seu modo.
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Uma CEO inalcançável.
RomanceJulieta Delvecchio é a irmã mais velha das quatro irmãs Delvecchio. Criada em uma família típica italiana por seu avô Enrico. Ela é a CEO da empresa da família. Com quase trinta anos, Julieta é casada com o seu trabalho, não acreditando no amor...