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Martín

- Está tão bom assim? - Digo olhando para Julieta que me ignora completamente, saboreando seu doce.

Aproveito que estou sendo completamente ignorado, para observá-la atentamente.

Desde o momento que Julieta chegou, não pude tirar meus olhos dela. Tão linda e imponente, as roupas lhe deram um ar formal, um ar de presidente que simplesmente me fascinou ver nela. Não sei porque ando tão fissurado com ela, crescemos juntos, não era para eu estar assim.

Almoçar com ela de um jeito descontraído foi uma boa surpresa, eu esperava que ela iria dar um grande chilique, iria querer um prato sofisticado e ver ela devorando aquele lanche foi muito divertido e me deu uma sensação diferente, algo mexeu dentro de mim.

Agora com sua sobremesa, parece que nada mais existe, e eu poderia observar ela por horas. Nos conhecemos desde a infância e ela sempre foi apaixonada por doces, mas esse deve estar em outro nível.

É perceptível que faz muito tempo que ela não tira momentos como esse de puro prazer, os olhos pequenos estão fechados apreciando o sabor do doce, os lábios contraídos degustando de modo lento e as pequenas sardas de seu rosto estão um pouco saltadas.

E a pergunta é: por que eu estou observando ela assim?

Termino minha sobremesa com o olhar fixo na ruiva à minha frente, que após longos minutos termina de comer e volta a prestar atenção no ambiente.

- Bom, acho que podemos começar - Julieta diz e olha para o pequeno relógio em seu pulso - São uma e meia, tenho uma reunião às três e esses documentos são bem grandes. - Ela puxa algumas pastas de sua bolsa

- Podemos sim - Digo de fato interessado no conteúdo das pastas.

- Certo, muito bem - Ela inicia dispondo quatro pastas de cores diferentes na mesa. - Esta é sobre a infraestrutura, está sobre marketing, modelos e desenhos, a parte artística e a última, de produto final e público atendido. - Ela apresenta as pastas das cores vermelho, amarelo, azul e verde.

- Gostei dessa organização, já vi empresas que juntam tudo e vira uma enorme bagunça! - Observo as pastas, abrindo-as e olhando por cima alguns dados.

- Eu imagino! - Julieta sorri brevemente - Eu e Celina preferimos organizar assim para planejamento em áreas específicas.

- Celina? - Digo buscando na mente se esse nome já foi citado.

- Minha assistente e braço direito, Ela é ótima - Julieta sorri. - Ah! Eu sei que tudo isso parece uma papelada e eu trouxe, apenas para mostrar em mãos para você, mas temos um arquivo bem intuitivo e eu vou enviar pra você por e-mail, tudo bem?

- Me parece perfeito, pois acredito que andar com essas pastas por aí é perigoso, no sentido de danificar, e pesado também. - Folheio mais algumas pastas.

- Sim, sim. - Ela sorri ajeitando uma pequena mecha de cabelos atrás da orelha, me deixando novamente desconcertado. O que está acontecendo comigo?. - Agora me diga, por qual dessas pastas você quer começar hoje? - Ela diz organizando as pastas nas mãos.

- Hm...- Balbucio pensativo - Infraestrutura. Precisamos ver como é as Infraestruturas das filiais da Europa para podermos nos espelhar na América, queremos manter as mesmas, sim? - Pergunto olhando para ela que afirma guardando as outras pastas, deixando apenas a amarela.

- Certo, então vamos começar. - A ruiva abre a pasta e eu com a minha cadeira me aproximo, aspirando seu perfume floral, é suave mas deixa claro que há nuances de uma nota mais quente.

 - A ruiva abre a pasta e eu com a minha cadeira me aproximo, aspirando seu perfume floral, é suave mas deixa claro que há nuances de uma nota mais quente

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Depois de uma hora os dados dos arquivos, conseguimos criar um ponto de partida e de pesquisa de mercado, podemos iniciar por algum lugar.

- Bom, eu realmente preciso ir - Julieta pega sua bolsa e se levanta após eu fechar a conta.

- Fica tranquila, eu sei que sua rotina é corrida, você veio de carro, quer uma carona? - Digo caminhando para a saída junto dela.

- Vim andando, são apenas duas quadras. - Ela aponta o grande prédio.

- Vou te acompanhar então! - Sorrio imaginando ela caminhando tranquilamente pelas ruas.

- Não precisa, é bem ali, posso ir sozinha. - Ignoro seu comentário e continuo ao seu lado acompanhando seu passo. - É sério, Martín, não precisa. - Ela diz parando de andar e me olhando.

- Vou te acompanhar mesmo assim. - Insisto, sentindo uma certa relutância dela.

- Você é irritante! - Julieta bufa e volta a caminhar ao meu lado

- E você é compacta! - Provoco vendo ela suspirar - Menos quando fica de saltos altos, aí você vira quase um poste em tamanho médio. - Dou risada e ela me lança um olhar mortal que me faz rir mais ainda. - Um bom poste médio! - Provoco novamente.

- Martín! - Sinto uma dor intensa no meu ombro, igual aos beliscões que ela me dava na adolescência quando eu a irritava.

- Aii! - Esboço rindo. - Ei, quando vai ser nosso próximo encontro? Ou reunião como você diz. - Desdenho, massageando o braço onde ela beliscou.

- No shopping, num fast food! - A ruiva exclamou em um tom mais alto revirando os olhos e rindo. - Na sexta feira?

- Sério? No shopping? - Paro no meio da rua observando-a - Na sexta? Por mim tudo bem.

- Não sei, mas se for pra comer besteiras, vamos no lugar certo. - Ela dá de ombros parando também.

- Bom, pode ser ou lá a gente vê alguma coisa pra comer, mas traz esses dados no arquivo digital, assim não corremos risco de sujar ou algo assim. - Voltamos a andar e viramos a esquina próximo a empresa. - E eu aguardo um convite para conhecer a empresa. - Alfineto e ela ri afirmando.

- Isso com certeza! - Paramos em frente ao prédio. - Grata por seu tempo e paciência, Martín, até a próxima. - Ela diz com as mãos cruzadas de frente ao corpo de um modo um pouco tímido.

- Eu que agradeço, sei que seu tempo é corrido, mas obrigada, Senhorita poste médio - Digo rindo e me aproximo dela, a abraçando de leve e deixando um beijo casto em sua bochecha em um cumprimento. - Apesar que eu prefiro a senhorita compacta, é mais você. - Sussurro em seu ouvido, sentindo seus tapinhas nos meus braços.

- O-o que? - Me empurra de leve - Você é um chato! - Ela resmunga se soltando. - Até sexta! - Eu acompanho com os olhos ela entrando na empresa e volto a caminhar.

Julieta...Julieta, o que está acontecendo?

Caminho até em casa e assim que chego vejo meus irmãos Lorenzo e Kiara, discutindo sobre alguma coisa.

- Oi família! O que está acontecendo, hein? - Olho de um para o outro.

- Lorenzo quer fazer uma coisa e eu outra e aí não conseguimos decidir! - Kiara diz irritada.

- Bom, e se....- Penso rápido. - Fazermos sanduíches e suco e irmos jogar videogame? Tipo um campeonato? - Sugiro e ambos sorriem animados.

- Eu quero! - Kiara diz animada e Lorenzo assente no mesmo ânimo.

- Ótimo, preparem os jogos e eu vou na cozinha.

Desse modo, passo o dia entre lanches e jogos com meus irmãos, até meus pais chegarem e jantarmos todos juntos, finalizando mais um dia.

Uma CEO inalcançável.Onde histórias criam vida. Descubra agora