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Julieta

— Muito bem. Nessa reunião eu gostaria de frisar alguns pontos importantes que acontecerão  neste ano. — Elevo o tom de voz, durante a reunião. — O primeiro e importante ponto é que Martín Palaviccini é o nosso maior sócio, oficializaremos num pequeno evento da nossa central, possivelmente um jantar no final do mês. Anotem. — Aponto tomando fôlego. — Sobre a festa de aniversário, gostaria de frisar o sigilo. — Olho ao redor e todos confirmam com a cabeça. — Sobre a festa, o tema é noite árabe, eu gostaria que fosse organizado um desfile com dois temas principais, o primeiro com tema árabe para a festa, e uma linha que irá ao mercado, com o tema dos oitenta e cinco anos, gostaria de parcerias com algumas marcas de cosméticos e ressalto que precisamos de sigilo. Nossa festa será próxima ao maior lançamento da nossa concorrente e não gostaríamos de cópias fajutas.

Mantenho um longo discurso sobre como vai ser a festa, o ambiente e dispondo quem vai ser responsável pelo o quê.

Após longas duas horas, dispenso todos e organizo minhas pastas.

— Essa festa vai nos avançar muito com a empresa! — Martín sorri e eu afirmo com a cabeça.

— Vai ser um festão! — Celina sorri e percebo sua empolgação.  — Juli, não se esqueça, hoje começa os ensaios para a valsa do casamento, conseguimos um lugar para os ensaios, depois te envio por mensagem.

— Isso! Me envia sim. — Sorrio, respirando fundo, um tanto nervosa por esse ensaio.

— Nossa, já está próximo assim? — Martín questiona surpreso.

— Pouco menos de um mês! — Celina sorri tímida.

— Temos muito a fazer! — Sorrio e me levanto lembrando da minha agenda apertada.. — Vamos trabalhar! — Martín diz empolgado.

Depois de um longo expediente, entro no carro e sigo em direção a academia de dança que Celina me indicou

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Depois de um longo expediente, entro no carro e sigo em direção a academia de dança que Celina me indicou.

— Respire, Julieta! É apenas um ensaio, é pela Celina, somente pela Celina. — Digo como um mantra enquanto dirijo para o local.

Depois de alguns minutos, me aproximo do local, estaciono e saio do carro, conferindo se minha roupa pode ser apropriada para dançar.

Um delicado macacão longo azul, compõe o visual, junto de sapatos de saltos medianos, os cabelos presos em um rabo de cavalo robusto.

— Bom, parece tudo ok.

Adentro no que parece ser uma pequena recepção, na qual posso ver mais algumas pessoas.

— Boa noite! — Cumprimento um tanto sem jeito e busco uma cadeira para me sentar.

Algumas pessoas chegam logo depois de mim  e quando o relógio marca as sete horas, uma linda mulher, de cabelos encaracolados presos ao alto e um homem sorridente se aproximam.

— Boa noite pessoal! Muito ansiosos para o casamento? — A mulher inicia abrindo um sorriso.

As pessoas sorriem e se levantam com o jeito animado do casal.

— Vamos dançar! Venham! — Eles nos chamam e nos guiam até uma enorme sala com um assoalho escuro brilhante e espelhos. — Pois bem, o casal nos passou os nomes dos pares e combinamos que os ensaios serão três vezes na semana, nesse mesmo local e nesse mesmo horário, tudo bem? — Assentimos para a mulher enquanto o homem parece ajustar alguma aparelhagem de som. — Bom, vou nos  apresentar, sou Giulia e esse é o meu marido Fabrizio, somos dançarinos e professores de dança, espero que esse tempo de dança seja de grande proveito a todos!

— Esperamos até que alguns possam querer dançar mais vezes no seu dia a dia. — O homem sorri, finalmente se pronunciando.

— Vamos começar? — Giulia diz em um tom animado. — Formem suas duplas, por favor.

Olho ao redor procurando Andrea, que encontro depois que as pessoas começam a se movimentar, indo de encontro com seus parceiros.

— Julieta! — Andrea abre um largo sorriso que me deixa sem jeito. — Quanto tempo! Vamos arrasar! — Sorri de um modo que faz com que eu me sinta levemente desconfortável.

— Andrea, faz muito tempo mesmo! — Respondo sem tanta emoção.

Percebo que ele abre a boca para responder algo ou para puxar mais assunto, mas o casal de professores o interrompe, chamando as duplas para o centro da sala, me fazendo agradecer mentalmente.

— Bom pessoal, conversamos muito com o casal e para a sorte de vocês e nossa leve tristeza, eles querem uma valsa padrão, longa mas padrão. — A moça faz uma certa careta que nos tira risos, deixando o ambiente mais leve. — Eu queria uma valsa estilo francesa com muitos rodopios e trocas, mas eles se apaixonaram num baile da escola com a valsa padrão, então assim será!

— Pedimos que vocês fiquem de frente um para o outro, vamos colocar a música e queremos que vocês mostrem o que sabem dessa valsa, pode só se movimentar ou fazer os famosos dois pra cá, um pra lá, o importante é dançar, queremos saber o nível de vocês.

Suspiro levemente tranquila, dancei muitas valsas na época do colégio e sei que não vai ser tão complicado quanto parece.

Andrea se aproxima de mim, e pelo seu olhar sinto que vai ser terrível.

Ele toma uma postura um tanto dominadora, cujo ergue um dos meus braços muito acima do necessário e me puxa quase colando-se em mim.

— Menos Andréa! — Digo um tanto rude abaixando meu braço numa postura mais natural e dou um largo passo para trás. — Assim está BEM melhor.

— Certo. — Sorri um pouco sem jeito.

Inicio o que eu entendo por dois pra frente um para trás, mas o homem à minha frente pisa nos meus pés no mesmo segundo. Oh droga! Celina eu te amo muito!

Depois de uma hora de pés pisados, eu tento levar meus caquinhos para o carro, arranco os sapatos, massageando as pontas dos dedos levemente.

— Esse cara precisa aprender a dançar! Ou eu vou cair fora! — Digo irritada ligando o carro.

Ele nem pediu desculpas! Fingia não ver! Fora que aquela mão nojenta escapando para outras partes do meu corpo! Nunca pensei que Andrea teria se tornado alguém assim, tão sem escrúpulos.

Sigo para casa, apertando o volante, tentando aguentar as dores nos pés e aliviar a raiva.

Esses ensaios vão ser muito cansativos

Durante o caminho, vou me acalmando e repassando o dia que tive.

Martín e eu nos mantemos numa distância segura, mas não sei como me sinto em relação a isso, não sei se gostaria de algo a mais ou se gostaria de estar como estamos.

Não sei se ele gostaria de um relacionamento, eu não me sinto pronta, acho que não poderia manter algo dessa importância.

Mas ao mesmo tempo me sinto sem ação diante dele, não saber o que ele pensa me deixa no escuro em relação aos seus sentimentos.

Será que devo conversar com ele?

Uma CEO inalcançável.Onde histórias criam vida. Descubra agora