Meus olhos pesam e ficam extremamente difíceis de abrir.

  Onde estou?

 Uma luz muito branca muito forte me cegam por alguns instantes e quando me acostumo vejo que estou em um hospital. Paredes brancas e sem vida, o cheiro de desinfetante, quarto sem graça e fios presos aos meus braços? Com certeza estou em um hospital

—Vejo que a senhora acordou – diz a enfermeira usando uma roupa branca –vou chamar o médico para ver o curativo na sua cabeça – ela fala e ponho a mão na cabeça e sinto uma gaze no lugar – Só preciso fazer algumas perguntas, tudo bem?

 Nós voltamos para o hospício. ELE NOS LEVOU DE VOLTA!!! As vozes em minha cabeça gritam. Tudo dói e gira

 VOLTAMOS PARA LÁ!

 ELE MENTIU PARA NÓS!

 AGORA ELES VÃO NOS MACHUCAR!

—NÃO!—grito com todo o ar dos meus pulmões – Não vou deixar vocês me machucarem! Não vou! —puxo o soro do meu braço e vejo o sangue sair. Nem me importo com a dor –Vou machucar você se tentar me machucar também! —falo com toda força que tenho e vejo a enfermeira sair correndo do quarto

—SOCORRO!!!—ela grita pelo corredor e logo entram três enfermeiros e um segurança

 Agora eles nos matam

  Os seguranças tentam me segurar e acabo enfiando a agulha com soro em um deles que grita de dor e me solta. Os outros vem pra cima todos juntos e acabam me segurando.

 Luto como posso: Bato os braços, me esperneio, grito e tento morder um deles.

—ME LARGUEM – grito a plenos pulmões – VOCÊS NÃO VÃO ME MACHUCAR DE NOVO! ME LARGUEM!

—Agora, Doutora! —um dos seguranças falam – Ela é mais forte do que parece!

  Sinto uma agulhada no pescoço e aquilo dói muito, mas não paro de lutar. Até que as minhas pernas ficam fracas, minha visão embaça e tudo fica escuro. 

***


—Ela vai ficar bem, Doutora Chavéz? —escuto o Estranho perguntando – Ela já deveria ter acordado há pelo menos uma hora

Ele não nos levou de volta.As vozes dizem

Mas estamos em um hospital. Digo a elas.

Abro os olhos e a mesma luz me cega

—Estranho?—pergunto com a garganta seca e acabo tossindo. Tento me levantar mas as minhas mãos estão presas com gaze nas grades da maca– O que...?

—Estou aqui, Coisinha – ele responde e aparece no meu campo de visão –Parece que você deu bastante trabalho pro pessoal do hospital –ele fala cruzando os braços me dando um meio sorriso

—Estou em um hospital? Você me levou de volta? —me desespero e tento me soltar – Como você pode? —pergunto com raiva e meus olhos enchem d'água

—Depois falamos sobre isso, Angela – ele fala com a voz baixa e fecha a cara – você vai conversar com a médica e vamos sair daqui.

—Tudo bem – respondo e tento me acalmar

—Quer alguma coisa? Sente alguma coisa?

—Sede—respondo

—Vou pegar água para você e assinar a sua alta. Tente não fugir,Coisinha—ele fala e sai do quarto

—Como você está, Angela? - a doutora pergunta.

Seus olhos são claros e combinam com o rosto fino e o cabelo preso

—Bem..- respondo – Só quero ir pra casa com o Ethan.

—Seu irmão chegou bastante preocupado com você – ela fala me encarando– Você anda tomando os remédios?

-Não, eles acabaram – minto

-Bem... Nesse caso vou passar a receita para seu irmão e logo mais você vai voltar a sua vida normal. Nada de pegar peso, se esforçar e movimentar muito a cabeça pois seus pontos podem abrir – ela fala tranquilamente – Entendeu?

-Sim- respondo – Obrigada, Doutora.

- Disponha - ela sai do quarto e Ethan entra com uma garrafa de água nas mãos - Já assinou a alta? - ele concorda com a cabeça - Bem... nesse caso vocês já podem ir.

- Vamos, Coisinha. Tenho que te levar para fora daqui e comprar seus remédios.

- Por que você está me ajudando e cuidando de mim, Ethan?

- Se arruma logo que tenho que te levar pra conhecer um lugar - ele fala me desamarrando da cama



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JackOnde histórias criam vida. Descubra agora