Jack

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Não consigo acreditar que Ethan mata pessoas. Na verdade até consigo já que vi ele matando aquela mulher, mas poxa, não sabia que ele ganhava a vida assim.

- Quando vou voltar para a casa de Ethan? - pergunto para Nathalie

- Não sei, acho que você não vai mais voltar para lá - ela responde comendo

- Oi? - não vamos mais voltar? Ele vai nos entregar? - Como assim? Vocês vão me entregar? Não podem - sinto o desespero me atingir e minhas mãos tremem da mesma forma que minha respiração acelera - Por favor - me ajoelho aos seus pés - Não me leva de volta! Me mata mas não me leva de volta -sinto lágrimas quentes rolarem as minhas bochechas

- Você quer se acalmar? - Nathalie grita me levantando do chão e agarrando meus braços- Ninguém vai te levar de volta pro hospício - ela me encara com seus olhos claros analisando-me - Eles te torturavam lá? - explodo em lágrimas  - Hey... - estranhamente Nathalie me abraça e passa uma mão na lateral da minha cabeça onde tenho uma cicatriz e me afasto na hora assustada lembrando da dor - O que é essa cicatriz?

- Não quero conversar sobre isso - respondo na defensiva sem chorar mais.

- O que te fizeram naquele hospício, menina? Conversa comigo.

- Por qual razão eu deva confiar em ti?

- Pode parecer que não mas estou tentando te ajudar.

- Não minta para mim - digo com raiva - Ouvi vocês conversando sobre ganhar dinheiro comigo, não sou burra

- Sei que vou ganhar dinheiro contigo, o Ethan também, você não vai voltar mais pro hospício e vou poder finalmente ter as minhas férias nas Maldivas.

- Então eu não devo confiar em voce

Ouço uma risada atrás de mim e vejo Ethan descendo as escadas de regata, bermuda e sapatênis. Não seria exagero dizer que os braços e a barriga dele parecem que foram esculpidas. O cara é todo musculoso e a camisa regata fica apertada nele, mas o tecido não fica pedindo socorro. As tatuagens dão uma cor para esse cara e fica realmente muito bonito. O cabelo está molhado e penteado para trás dando uma clara visão do seu rosto firme e olhos coloridos.

- Ela tem garra, Nath - ele fala descendo as escadas ostentando um sorriso que quase me deixa cega de tanta brancura - Já comeu, Coisinha?

- Sim - respondo

- Ótimo, vá subir e tome um banho, tem roupas limpas da Nath antes dela mudar o corpo, talvez sirva

- Vai a merda, Ethan! - ela fala jogando uma almofada nele - Meu corpo é natural!

- Naturalmente plastificado - ele ri mais ainda segurando a almofada e Nathalie resmunga qualquer coisa e sai da sala pisando duro -Vai tomar um banho, temos que sair e voce tem que tomar os remédios em 40 minutos

- Voce vai me entregar para quem? - pergunto com medo

- Ao meu chefe

- Ele mata pessoas, assim como voce e a sua irmã. Ele vai me matar também?

- Temos uma razão para fazer o que fazemos, Coisinha

- Por que voce quer me entregar ao seu chefe?

- Por causa da sua mãe, Coisinha -ele responde olhando bem no fundo dos meus olhos - Seu pai está atrás de voce tem 12 anos. A recompensa aumentou com o tempo. Um ano atrás descobrimos que voce tinha sido deixada em um hospício, desde então estão te procurando

- Não me lembro do meu pai. E as poucas lembranças que tenho da minha mãe é sempre a mesma: ela me deixando no hospício. Como ela está?

- Sua mãe? Morta - ele responde simples e eu olho horrorizada para ele -Não matei a sua mãe, ela desenvolveu Alzheimer dois anos atrás. Seu pai foi falar com ela que acabou falando que te deixou em um hospício. Isso foi ano passado. Três meses depois ela morreu. Sinto muito

- Você é péssimo em das notícia ruim - comento - Vou tomar um banho.

- Voce está bem?

- Não sei o que sentir... Quando me lembro dela, só vem a imagem de médicos me arrastando pelo corredor e ela dizendo que não queria ninguém com problemas mentais perto dela - dou de ombros - Isso não me faz uma pessoa ruim ou faz?

- Bom, ruim, certo, errado depende apenas do ponto de vista, Angela. 

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