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Ouvimos barulhos se aproximando de onde estávamos, quando sinto uma pancada forte na cabeça e meus sentidos começam a ficar confusos, até que tudo fica escuro

***

Acordo com uma dor muito forte na minha cabeça e está escuro aqui.

Não chega a estar muito frio, mas com certeza estou no chão de concreto, e aqui está gelado e seco.

Ouço barulhos de água e pássaros e aqui tem cheiro muito forte de cloro.

Será que morremos? _ as vozes perguntam

Não sei _ respondo na minha cabeça

Ouço barulhos vindos de algum lugar, mas não sei onde, está muito escuro.

Tento levantar para fugir, mas sinto alguma coisa no meu pulso me segurando no lugar.

Puxo mais forte e os passos ficam mais próximos e para.

- Que bom que acordou, Coisinha - diz a voz grossa daquele homem que estava na mata

Procuro por todos os lados de onde vinha a sua voz, mas não consigo, e meu coração começa a acelerar

- Eu tenho nome, sabia? - digo e sinto suas mãos no meu maxilar me segurando, e sinto o seu cheiro de floresta, e o cheiro das flores secas o que estranhamente me dá paz

- Você tem uma língua bem afiada, Ângela, acho bom controlá-la se quiser sair daqui - ele diz e sinto seu hálito quente e fresco

- Como sabe meu nome, Estranho? E qual o seu? Espera, vai me tirar daqui? Vai me mandar de volta?

Me desespero e começo a me debater para sair de perto dele

Não podemos voltar para lá, não podemos, eles vão nos trancar de novo naquele quarto sozinhos por dias _ as vozes dizem desesperadas

- Se acalma, Coisinha! - ele diz mais alto segurando meus braços

- Me mata, mas não me manda de volta, por favor!!! - eu digo a ele com os olhos cheios d'água já escorrendo - Eu não posso voltar pra lá! Por favor! Eu te imploro!!!

Flashback on  *

- Porquê fugiu, Ângela? - pergunta o enfermeiro que toma conta do período da noite - Já é a quarta vez esse mês, parece que a solitária não está fazendo efeito, vamos passar para o tratamento nível dois.

Sua voz é estranhamente calma e esganiçada.

Ele é bem alto e magro e está usando aquela roupa verde e branca de hospital. Seus olhos são escuros é seu cabelo grisalho .

Eu estou amarrada na cama do meu quarto e amordaçada com o coração disparado e as mãos tremendo e suando .

Tem um monte de aparelhos ao meu redor que eu não faço ideia alguma de como funcionam.

Mais quatro enfermeiros entram e tiram algumas pinças estranhas com uma extremidade redonda que encostam na minha pele, passam uma fita e saem de perto

-110, doutor? - pergunta o enfermeiro mais moço

- 220, a cada 45 minutos durante 4 horas - responde o médico com um sorriso e sua voz esganiçada, olhando para mim - Ela vai aprender a se comportar - e sai do quarto me deixando com esses 4 estranhos

- Liguem - um diz e uma máquina faz um barulho estranho - Afastar!

Eles se afastam e eu sinto uma corrente elétrica passar pelo meu corpo, queimando tudo, ardendo na minha pele, fazendo meu cérebro ferver e meus olhos querem saltar das órbitas

* Flashback off  *

- Você quer se acalmar? - pergunta o desconhecido - Não vou te mandar de volta

- Promete? - pergunto

- Prometo!

- Por que me deixou presa aqui? Ia me matar?

- Você é curiosa demais, Coisinha - ele responde com a voz se afastando e ouço barulhos de gavetas abrindo e fechando - Mas não vou te matar, preciso de você viva

Sua voz se fica mais próxima, e ele toca no meu pulso e tira a algema

- Então eu vou sair daqui? - pergunto esperançosa

- Vai, mas terá que ficar do meu lado o tempo todo se quiser sobreviver.

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JackOnde histórias criam vida. Descubra agora